Caixa em que Joca foi transportado estava com nome e destino errados
A etiqueta de identificação do animal estava com um nome feminino e indicava que o cachorro iria para Manaus, segundo advogado dos tutores
atualizado
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São Paulo — A caixa que transportava o cachorro Joca, que morreu durante um voo realizado entre Fortaleza e Guarulhos na segunda-feira (22/4), estava com a etiqueta de identificação errada, com um nome feminino e com destino a Manaus, segundo o advogado da família.
De acordo com Marcello Primo, o animal foi encontrado encharcado no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ainda segundo o advogado, participaram da ocorrência um veterinário contratado pela companhia aérea e outro profissional, que acompanhou toda a vida do cachorro. Este último foi o responsável por fazer a necrópsia de Joca, que deve sair em 30 dias.
O advogado disse ao Metrópoles que aguarda o posicionamento da Gol Linhas Aéreas à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, que deve sair ainda nesta quinta-feira (25/4), para planejar os próximos passos da defesa. Marcello afirmou que vai acompanhar o inquérito policial de perto.
A Gol foi procurada pelo Metrópoles, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Esclarecimentos
A companhia aérea responsável pelo voo errado em que Joca morreu tem até esta quinta-feira para prestar esclarecimentos à Senacon. A empresa deve esclarecer sua política de transporte de animais, quais ações são adotadas para prevenir casos como o de Joca e de que maneira a família do golden retriever está sendo reparada.
O Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciaram que também investigam o caso. Além disso, a Delegacia do Meio Ambiente de Guarulhos instaurou inquérito policial para investigar a morte, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Embarque em voo errado
Na segunda-feira, Joca deveria ter saído do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino ao Aeroporto Municipal de Sinop, no Mato Grosso, no voo 1480, no qual estava seu tutor, João Fantazzini. No entanto, o cachorro foi embarcado em um voo diferente, para Fortaleza.
João só soube do erro ao chegar a Mato Grosso. A Gol perguntou se ele queria voltar para São Paulo para buscar Joca, que estava em outro estado devido a uma falha. Ao chegar ao local, o tutor ficou esperando o pouso do voo em que o golden retriever estava, mas o recebeu sem vida, dentro da caixa de transporte.
O caso ganhou tanta repercussão que até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o assunto nessa quarta-feira(24/4). Ele usou uma gravata com desenhos de cachorros e prestou solidariedade à família dos tutores.
“O cachorro morreu porque ficou oito horas sem tomar água, preso, dentro do avião”, lamentou Lula. “Eu acho que a Gol tem que prestar contas. Eu acho que a Anac tem que fiscalizar isso, e acho que a gente não pode permitir que isso continue acontecendo no Brasil.”
Após o episódio, a Gol afirmou, em nota, que “lamenta profundamente” a morte de Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A companhia admitiu que uma falha operacional fez com que o cachorro fosse embarcado no voo errado e diz que a apuração dos detalhes do caso está sendo conduzida com “prioridade total”.
“Nós nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação”, informa nota da empresa.