Em busca de líderes da torcida, polícia faz operação na sede da Mancha
Em operação conjunta com o Ministério Público, polícia tenta localizar 6 membros da torcida organizada Mancha Alvi Verde nesta sexta (1º/11)
atualizado
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São Paulo — A Polícia Civil de São Paulo faz buscas nesta sexta-feira (1º/11) para tentar localizar seis membros da torcida organizada palmeirense Mancha Alvi Verde envolvidos na emboscada que matou um torcedor do Cruzeiro e deixou outros 11 feridos, no último domingo (27/10), na Rodovia Fernão Dias, trecho de Mairiporã, na Grande São Paulo. Um dos endereços alvo dos investigadores é a sede da torcida organizada, na zona oeste de São Paulo.
Entre os foragidos, estão o presidente da organizada, Jorge Luiz Sampaio Santos, e o vice-presidente, Felipe Matos Dos Santos. Os outros foram identificados como Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Nélio Ferreira da Silva. Os seis são alvo de mandados de prisão expedidos pela Justiça, que são cumpridos nesta sexta.
Os policiais fazem buscas e apreensões na capital paulista, em Taboão da Serra e São José dos Campos. Ao todo, são dez endereços alvos dos investigadores.
Participam do cumprimento das ordens judiciais policiais do Departamento de Operações Estratégicas (Dope), Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Grupo Especial de Reação (GER) e Antissequestro. Integrantes do Ministério Público de São Paulo (MPSP) também acompanham as buscas.
Segundo a delegada que coordena a operação, Fernanda Herbella, o objetivo é prender os alvos envolvidos no crime e coletar o maior número de provas que possam auxiliar na continuidade das investigações.
Nos endereços dos procurados, os policiais tentam localizar três veículos identificados na cena do crime, além de celulares, computadores, roupas e armas usadas no ataque ao ônibus.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, as apreensões serão apresentadas na Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade).
Barras de ferro
Vídeos divulgados nessa quinta-feira (31/10) mostram membros da torcida organizada Mancha Alvi Verde com barras de ferro antes da emboscada que matou um torcedor do Cruzeiro e feriu outros 11.
No material é possível identificar Felipe Matos dos Santos, conhecido como “Fezinho”. Ele é vice-presidente da torcida organizada.
No primeiro vídeo é possível ver o grupo com barras de ferro na mão. Já o segundo, gravado às 3h33 da madrugada, mostra os integrantes da organizada em motos.
Veja:
A emboscada
Por volta das 5h da manhã do domingo (27/10), no km 65 da Rodovia Fernão Dias, no centro de Mairiporã, membros da Mancha Alvi Verde, torcida do Palmeiras, fizeram uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro. Durante o ataque, um homem foi morto carbonizado e 17 ficaram feridos.
Em um dos vídeos do ataque, é possível ouvir um homem falando “É a Mancha, car****. Aqui é a Mancha, por**”, fazendo referência à torcida organizada.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram acionados para a ocorrência e, no local, encontraram um ônibus incendiado e outro depredado. Foram apreendidos rojões, fogos de artifício, barras de ferro e madeiras, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais.
Como mostrado pelo Metrópoles, a organizada palmeirense teria monitorado e interceptado os cruzeirenses, que viajavam em dois ônibus na Rodovia Fernão Dias. Os torcedores mineiros voltavam de Curitiba (PR), onde o Cruzeiro havia jogado, no sábado (26/10) contra o Athletico Paranaense e perdeu por 3 a 0.
Foragidos
Os seis membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) foragidos após a Justiça determinar a prisão dos suspeitos serão investigados pela Polícia Civil e vão responder criminalmente por homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também investiga a torcida organizada do Palmeiras como facção criminosa. “Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade. Por isso, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinou que, para além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado [Gaeco] entre no caso”, disse o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
“Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do Gaeco”, acrescentou o chefe do MPSP.
Possível vingança dos torcedores
A emboscada realizada por torcedores palmeirenses pode ter sido vingança a um ataque semelhante que aconteceu em 28 de setembro de 2022.
Na ocasião, o confronto entre os torcedores do Cruzeiro e do Palmeiras ocorreu na altura do km 593 da mesma Rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais. Em imagens publicadas nas redes sociais, era possível ver palmeirenses armados com paus e barras de ferro. Rojões também foram usados no confronto. Alguns envolvidos na confusão apareceram ensanguentados.
Em maior número, os torcedores do Cruzeiro espancaram diversos membros da torcida do Palmeiras, entre eles Jorge Luis, atual presidente da Mancha Alvi Verde (veja abaixo).
Os palmeirenses estavam indo para Belo Horizonte, onde o Verdão jogaria contra o Atlético-MG pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os cruzeirenses se deslocavam para Campinas, onde a equipe tem jogo contra a Ponte Preta, pela 32ª rodada da série B.