Brennand: seis testemunhas depõem em caso de mulher estuprada e tatuada à força
Empresário Thiago Brennand responde a 21 acusações no processo, incluindo estupro e cárcere privado; segunda audiência durou cerca de 5h30
atualizado
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São Paulo – A Justiça de São Paulo ouviu seis testemunhas de acusação contra o empresário Thiago Brennand, 43 anos, em nova audiência realizada nesta segunda-feira (17/7). Neste processo, ele responde por estupro, cárcere privado e agressão contra uma brasileira que mora no exterior. O réu alega inocência.
O segundo dia de julgamento de Brennand, feito em formato virtual, durou cerca de 5h30 e atravessou problemas com quedas de energia. A previsão inicial era que 12 pessoas fossem ouvidas durante a sessão, realizada pela 1ª Vara de Porto Feliz, no interior paulista. Das remanescentes, três foram dispensadas e três serão ouvidas depois.
Na primeira audiência, que ocorreu em 3 de julho, a vítima declarou ter sido agredida, sequestrada e forçada a ter as iniciais de Thiago Brennand tatuadas no seu corpo. A identidade da mulher foi preservada. Outras quatro testemunhas também prestaram depoimento na ocasião.
A sequência do julgamento foi marcada para o dia 31 de julho, a partir das 13h30. Só nesse caso, Brennand responde a 21 acusações e 47 testemunhas foram arroladas, ao todo. Ele só deve ser interrogado e apresentar sua versão dos fatos à Justiça após a oitiva das testemunhas.
Brennand já enfrentra outro julgamento, pelo estupro de uma norte-americana. Em relação a este caso, as audiências ocorreram em 30 de maio e 21 de junho.
O empresário é réu, ainda, em outros sete processos que tramitam no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Ele está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória 1 (CDP) de Pinheiros, na capital paulista, desde abril.
Agressão
A vitima que teve o corpo tatuado mora fora do Brasil. Ela tinha uma viagem marcada para visitar os pais, no Recife, em agosto de 2021. Contudo, antes de chegar à capital do estado de Pernambuco, Thiago teria convidado ela para ir visitá-lo.
Em entrevista ao Fantástico, no ano passado, ela contou que o primeiro dia com o empresário foi ótimo, mas no segundo ele teria tomado o seu celular e a agrediu.
Após a agressão, Thiago se trancou em seu quarto com o aparelho desbloqueado. De acordo com a mulher, ela teria gritado pedindo o seu celular de volta quando voltou a ser agredida pelo empresário.
“Ele saiu do quarto dele e falou: ‘nenhuma mulher que está comigo grita desse jeito’. E começou a me bater de novo. E aí foi quando ele me levou para o quarto dele. E aí começou a fazer o ato mesmo, forçado ali”, disse.
De acordo com a vítima, no terceiro dia os dois saíram para jantar em São Paulo e ela pensou em pedir ajuda. “Quando eu levantei, ele me puxou, e falou assim: ‘você não pensa em abrir a sua matraca para ninguém’. Eu voltei e sentei. E voltamos para casa”.
Tatuagem
Após sair do restaurante, o empresário afirmou que teria uma “surpresa” esperando pela mulher na casa dela. “Quando nós chegamos, já estava o tatuador lá com tudo montado, montando as coisas”, relembra.
Quando chegou na residência, Thiago mandou a moça baixar a blusa e declarou que ela era sua propriedade e que iria ficar marcada.
De acordo com a vítima, havia dois funcionários, tatuador e massagista no local: “Todo mundo conivente, presenciando eu chorando, deitada no sofá, sendo obrigada a fazer uma tatuagem, e ninguém fez absolutamente nada”. “Ninguém se pronuncia na frente deste homem, cara. Isso não é uma pessoa, isso não é um humano, isso é um monstro”, contou.
Já no Recife, a mulher recebeu diversos áudios do empresário com ameaças, além do vazamento de um vídeo íntimo dos dois.
Defesa
A defesa do empresário sustenta que ele “jamais forçou suas parceiras a terem relações sem o uso de preservativo, respeitando estritamente os limites estabelecidos por elas e agindo sempre com seu consentimento”.
Antes da audiência, o advogado Roberto Podval, que integra a defesa de Brennand, disse ao Metrópoles que “a grande questão desse caso é saber se o juiz será capaz de decidir em função das provas dos autos, apesar da pressão exercida pelo Ministério Público”.