Brennand: empresário depõe por quase 2h e audiência acaba sem sentença
Em primeiro caso levado à Justiça, Thiago Brennand foi interrogado por quase 2h em acusação de estupro de americana que vive no Brasil
atualizado
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São Paulo – Em seu primeiro interrogatório à Justiça, o empresário Thiago Brennand, 43 anos, prestou depoimento por quase duas horas na tarde desta quarta-feira (21/6). Ele responde pelo estupro de uma mulher norte-americana que vive no Brasil. O empresário alega inocência.
Ainda sem sentença, a audiência foi presidida pelo juiz Fernando Henrique Masseroni Mayer, da 2ª Vara de Porto Feliz, no interior de São Paulo. A sessão foi encerrada pouco antes das 18h.
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), as partes também solicitaram novas diligências, sem prazo estabelecido. “Após a conclusão dessas diligências, será dado prazo às partes para apresentação de memoriais”, diz a Justiça, em nota.
Na fase de debates, que ocorrerá por escrito, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) terá cinco dias para apresentar suas alegações finais. Depois, a defesa de Brennand terá mais cinco dias. Só então começa o prazo de dez dias para o juiz proferir sua decisão.
Interrogatório
O interrogatório de Brennand começou por volta das 16h. Antes do depoimento do réu, duas testemunhas de defesa foram ouvidas.
Brennand participou do julgamento, realizado por meio virtual, do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde está preso desde que foi extraditado dos Emirados Árabes, no fim de abril.
Ele foi acompanhado pelo seu novo advogado, o criminalista Roberto Podval, que assumiu a defesa após a primeira audiência, realizada no fim de maio. Conhecido por atuar em casos famosos, Podval já defendeu o ex-ministro José Dirceu e o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.
Se for condenado, Brennand pode pegar de 6 a 10 anos de prisão por estupro simples – ou de 8 a 12 anos, caso a Justiça entenda que também houve agressão.
Acusação
A vítima acusa Brennand de obrigá-la a ter relações sexuais e ainda ameaçá-la de expor fotos íntimas. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o estupro teria acontecido em Porto Feliz, onde o empresário tem uma casa, em junho de 2021.
Sem outras testemunhas incluídas no processo, a denúncia contra Brennand tem como base o relato da vítima. Na primeira audiência, realizada no dia 30 de maio, a mulher prestou depoimento por 2h30 e confirmou a acusação.
Segundo ela afirmou em trecho de julgamento obtido pelo Metrópoles, Brennand também já teria confessado até participação em assassinatos (vídeo acima).
“Ele tem arma (…) Então ele matava bandido, matava caras que estupraram criança, coisas assim. Até uma vez, numa mensagem, eu falei: ‘Não quero lidar com você porque você também é criminoso’. E ele falou: ‘É, mas eu só mato gente ruim’”, declarou.
A vítima conheceu Brennand quando tentava comprar um cavalo, e os dois tiveram uma relação por alguns meses, segundo a promotoria. No início, a convivência teria sido normal. Depois, o empresário passou a agir violentamente.
Defesa
Buscando inocentá-lo, os advogados de Brennand apostam na tese de que não houve estupro e todos os atos sexuais teriam sido consensuais. Para isso, a defesa chamou testemunhas que pudessem “atestar o caráter” do empresário e relatar ter visto os dois se relacionando amorosamente em datas posteriores ao suposto crime.
Três testemunhas de defesa prestaram depoimento na primeira audiência. Entre elas, um funcionário de Brennand e um ex-professor de jiu-jítsu do seu filho narraram episódios em que o empresário e a vítima se tratavam como namorados.
Já uma amiga da família, que também falou na Justiça, descreveu Brennand como alguém de “personalidade forte”, mas que seria “supercarinhoso com tudo”.
Em nota divulgada na ocasião, a defesa de Brennand avaliou que o primeiro dia do julgamento foi “extremamente positivo” e seria “um passo importante para demonstrar a inocência de seu cliente”.
Brennand é réu, ainda, em outros oito processos por crimes de estupro, ameaça, lesão corporal, corrupção de menores, sequestro, cárcere privado, calúnia, injúria e difamação. Ele também é indiciado em outros dois inquéritos por crimes sexuais.