Brennand: a estratégia de defesa do empresário com suas testemunhas
No seu 1º julgamento, Thiago Brennand responde pelo estupro de uma americana; veja o que disseram as testemunhas de defesa do empresário
atualizado
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São Paulo – Levado pela primeira vez a julgamento, Thiago Brennand, de 43 anos, responde pelo estupro de uma norte-americana que vive em São Paulo. Para inocentá-lo da acusação, a defesa aposta em testemunhas que contestam as acusações feitas pela vítima e descrevem o empresário como um homem de “personalidade forte”, mas “carinhoso”.
Foi assim na primeira audiência, realizada na terça-feira (30/5), por videoconferência. Primeira a prestar depoimento, a vítima disse ter se relacionado com Brennand por alguns meses, o descreveu como uma pessoa com comportamento violento e relatou que o empresário já confessou para ela a participação até em assassinatos. Ele alega inocência.
A vítima conheceu Brennand quando tentava comprar um cavalo e os dois tiveram uma relação por alguns meses, de acordo com a acusação. No começo, a convivência era normal. Depois, o empresário passou a agir violentamente. Segundo relata, ela foi forçada a manter relações sexuais em uma casa do empresário em Porto Feliz, no interior paulista, em julho de 2021.
Para questionar a acusação, três testemunhas de defesa foram ouvidas em seguida: um funcionário de Brennand, uma amiga da família e um ex-professor de jiu-jítsu do seu filho.
Depoimentos
À Justiça, o lutador de jiu-jítsu relatou que dava aula para o filho de Brennand e que chegou a ver a vítima duas vezes. Em uma delas, supostamente após a data atribuída ao estupro, ele teria acompanhado Brennand durante um jantar na casa da mulher.
A testemunha declarou que a relação “não parecia casual” e que ambos se tratavam de forma “bem dócil” no episódio, o que contraria a fala da vítima de que Brennand não demonstrava envolvimento emocional. Ao abordar o dia do jantar, um dos advogados do empresário perguntou: “Na saída da residência, os dois se cumprimentaram? Foi um cumprimento amoroso? Trocaram beijos?”.
Questionado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), o lutador afirmou que o encontro havia acontecido em 2020, corrigiu em seguida para 2021 e concluiu que tinha “dificuldade com datas”. Ainda segundo a testemunha, Brennand também já havia comentado com ele que a mulher era casada e tinha filhos.
A narrativa de um relacionamento aparentemente sem conflitos foi reforçada no depoimento de um funcionário de Brennand, responsável por cuidar do plantel de cavalos do empresário. No depoimento, ele relatou ter visto a vítima três vezes, uma delas na fazenda de Brennand, e negou ter presenciado episódios de violência. Disse, ainda, que não ficou sabendo de nenhuma intenção do empresário de vender cavalo.
Já a amiga da família cumpriu a função de “testemunha de caráter” na estratégia da defesa. “Ele tem uma personalidade forte, sim, talvez ele assuste”, declarou. “Mas ele é super carinhoso com tudo”.
Julgamento
Brennand acompanhou boa parte da sessão em uma sala do Centro de Detenção Provisória 1 (CDP) de Pinheiros, na capital paulista, onde está preso desde abril. Estava de algema e era escoltado por agente penitenciário, conforme manda o protocolo da sala de teleaudiências, localizada em um setor administrativo da prisão.
Após quatro horas de audiência, o juiz Fernando Henrique Masseroni Mayer, da 2ª Vara de Porto Feliz, decidiu adiar os trabalhos e remarcar o julgamento para o dia 21 de junho. Na ocasião, é esperado o depoimento de mais quatro testemunhas de defesa, além do interrogatório do réu.
O advogado Alexandre Queiroz, que representa Brennand, comemorou os primeiros depoimentos, disse que a sessão teve um desfecho “extremamente positivo” e seria “um passo importante para demonstrar a inocência do seu cliente”.
“Na ocasião, puderam ser apresentados fatos novos, que colocam em xeque a narrativa sobre o crime alegado. No momento oportuno, novos esclarecimentos serão apresentados”, declarou, em comunicado.
Brennand também responde a outros sete processos, por crimes de violência sexual, tortura, ameaça, sequestro, cárcere privado, lesão corporal, corrupção de menores, calúnia, injúria e difamação.
Ao Metrópoles, o procurador-geral de Justiça (PGJ) de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, afirmou ter a expectativa de que Brennand receba “condenação exemplar” pelas acusações que enfrenta no tribunal paulista.