Boulos rebate Nunes sobre barracas nas ruas: “Ninguém quer estar lá”
Deputado Guilherme Boulos rebateu fala do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sobre retirada de barracas de moradores em situação de rua
atualizado
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São Paulo – O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) rebateu o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre a derrubada da liminar que proibia a retirada de barracas de pessoas em situação de rua de vias e calçadas durante o dia.
Adversário político do prefeito, Boulos é o autor da ação que havia resultado na liminar da Justiça proibindo a remoção de barracas, que foi derrubada na sexta-feira (31/3) por um desembargador do Tribunal de Justiça de Sâo Paulo (TJSP).
Neste sábado (1º/4), o prefeito Ricardo Nunes comemorou a decisão e afirmou que “rua não é endereço e barraca não é lar”. Boulos reagiu.
“É lamentável a postura do prefeito de São Paulo. É desumano. Ele parece supor que as pessoas estão lá porque querem, que alguém está numa barraca debaixo de um viaduto, no meio de uma calçada porque deseja. Ninguém quer que as pessoas fiquem em barracas nas ruas: quem passa não quer, o comerciante não quer, a população não quer. Muito menos essas pessoas querem estar lá”, afirmou Boulos ao Metrópoles.
O psolista também rebateu as declarações de Nunes enaltecendo os serviços de acolhimento à população vulnerável da cidade. Ele afirma que o número de vagas oferecidas é suficiente para o contigente de moradores em situação de rua, além da falta de qualidade dos abrigos.
“Se ele quer de fato tirar as barracas sem uma solução cosmética, de jogar o problema para baixo do tapete, o que ele deveria fazer é viabilizar abrigo em quantidade e qualidade suficientes”, disse Boulos.
A liminar que proibia a retirada das barracas havia sido obtida em fevereiro. Nessa sexta, no entanto, o desembargador Ribeiro de Paula, do Tribunal de Justiça de São Paulo, reverteu a decisão ao considerar não haver indícios de irregularidades na ação do município, além de não enxergar “omissões específicas na prestação do serviço de zeladoria urbana”.
Em nota, a Prefeitura informou que vai reunir equipes para o andamento nas ações em toda a região central, “após o cumprimento da suspensão do serviço desde 17 de fevereiro”.
Já a assessoria de Boulos afirmou, em nota, que o deputado vai recorrer da decisão. “Vamos seguir lutando para que o problema tenha uma solução séria que dialogue com as reais necessidades da população em situação de rua”, afirma.
De acordo com o último censo realizado pela adminstração municipal, a capital paulista tem cerca de 32 mil pessoas vivendo em situação de rua.
Guilherme Boulos, ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e Ricardo Nunes devem rivalizar na disputa pela Prefeitura nas eleições de 2024. Eles têm trocado farpas nas últimas semanas.