Boulos põe ex-chefe da Rota para traçar segurança em plano de governo
Escolha de ex-comandante da Rota, tropa de elite da PM paulista, é vista por aliados de Boulos como aceno à categoria
atualizado
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São Paulo – A pré-campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura de São Paulo vem contando com o apoio de um ex-comandante da Rota, grupo especial da Polícia Militar conhecido por ações truculentas, para a construção de propostas para a área da segurança pública em seu plano de governo.
O coronel da reserva Alexandre Gasparian chefiou a Rota por um período de sete meses, durante o governo Geraldo Alckmin (PSB), entre fevereiro e setembro de 2015.
Para o entorno de Boulos, a chegada do coronel da reserva representa desde uma possibilidade de apresentar um plano consistente para a segurança — em uma das áreas em que a esquerda é vista como frágil — até o fato simbólico de trazer uma aliança inédita entre um oficial de alto escalão da PM paulista e o PSol.
A gestão de Gasparian foi marcada pela prisão de ao menos 16 PMs da Rota acusados de cometerem execuções de suspeitos. Além deles, um PM da área administrativa do batalhão foi acusado de participar de uma chacina. Entre os colegas de farda, o oficial era tido como um legalista mais aberto à defesa dos direitos humanos.
“Decidi entrar na campanha por achar que a proposta do deputado Boulos era de uma política de segurança voltada aos direitos humanos e respeito ao cidadão”, disse o coronel ao Metrópoles.
Maior adversário de Boulos na disputa pela Prefeitura, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) escolheu como vice o Coronel Mello Araújo (PL), que também comandou a Rota, por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os auxiliares de Nunes apontam que a segurança pública deverá ser o principal tema a pautar os debates eleitorais deste ano.
Alfinetada no Coronel Mello
Em evento no sábado (29/6) em São Paulo ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Boulos alfinetou o Coronel Mello em seu discurso.
“Enquanto tem gente que ainda hoje acha que o morador da periferia tem de ser tratado diferente do morador dos Jardins, nós temos a convicção de que o morador de Itaquera e de Cidade Tiradentes tem que ser tratado como o morador do Morumbi, do Itaim [Bibi], de qualquer outro bairro rico desta cidade. Essa é a diferença [de projetos de governo]”, disse Boulos.
Em entrevista em 2017, o Coronel Mello afirmou, ao assumir o comando da Rota, que a forma de abordagem nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, deveria ser diferente da realizada com moradores da periferia da capital.
Para evitar punições como a do Primeiro de Maio em São Paulo, quando Lula foi multado por pedir votos para Boulos, no evento do fim de semana não houve campanha aberta. Ainda assim, tanto o presidente quanto o deputado enalteceram a pré-candidata a vice de Boulos, Marta Suplicy, também presente, pelo período em que esteve à frente da Prefeitura de São Paulo (2001-2004).
“A mulher que criou o CEU, que criou o transporte integrado, uma pessoa que fez uma gestão extraordinária”, disse o presidente. A estratégia mostra, mais uma vez, a importância dos vices na eleição municipal deste ano na capital.
GCM e Maria da Penha
Entre as propostas para a área da Segurança, Boulos já declarou, em mais de uma ocasião, que pretende dobrar a quantidade de agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e ampliar o efetivo da patrulha Maria da Penha.
Para além dos projetos na área de segurança, a pré-campanha do PSol acredita que outros temas devem dominar o debate nas eleições deste ano. A equipe do deputado federal avalia que especialmente a Saúde será foco de preocupações por parte do eleitor.