Boulos amplia ofensiva contra Nunes em busca de 2º turno com Marçal
Boulos tenta provocar ida de Marçal ao 2º turno após pesquisas mostrarem maior chance de vitória contra o influenciador do que contra Nunes
atualizado
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São Paulo – Ao detectar um crescimento de Pablo Marçal (PRTB) entre o eleitorado paulistano nas pesquisas, inclusive nos levantamentos internos, a campanha de Guilherme Boulos (PSol) convocou uma entrevista coletiva, às pressas, com o objetivo de acelerar a desidratação do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e tentar forçar um 2º turno entre o psolista e o influenciador.
Nas últimas semanas, embora tenha se defendido de ataques promovidos por Marçal e dito publicamente que não se escolhe adversário para o 2º turno, Boulos tem concentrado a artilharia em Nunes, explorando casos como a máfia das creches e a fila de atendimentos na rede pública. Na entrevista concedida nessa terça (1°/10), o psolista acusou o prefeito de abuso de poder político e disse que a situação era “sem precedentes”.
Boulos divulgou, no pronunciamento, um vídeo para mostrar que a campanha de Nunes teria utilizado uma UPA em Perus, na zona norte, para armazenar material de campanha. As imagens, no entanto, não reproduzem de forma clara a situação relatada e mostram um banner aparentemente abandonado nos fundos da unidade de saúde.
A coletiva em cima da hora com denúncias sem provas concretas surpreendeu integrantes da campanha, que não foram informados previamente sobre a ação. Internamente, alguns criticaram o núcleo duro pela “falta de diálogo” a respeito das estratégias internas, relatou ao Metrópoles um membro da equipe de Boulos.
Pesquisas internas de Boulos
Os levantamentos eleitorais internos, chamados de “trackings”, são feitos por todas as campanhas com o objetivo de entender a tendência dos eleitores e poder direcionar melhor as estratégias de cada candidato.
A reportagem apurou que, na tarde dessa segunda (30/9), ao receber o mais recente tracking da campanha, a equipe de Boulos viu uma tendência de crescimento de Marçal e de queda de Nunes entre todos os eleitores, em especial nas periferias.
Assim, o grupo interpretou que um “empurrãozinho” poderia deixar o prefeito de fora de um eventual 2º turno e, por isso, decidiu amplificar os ataques à gestão Nunes a menos de uma semana da votação.
A campanha entende que seria mais fácil derrotar Marçal do que Nunes em um confronto direto, já que as pesquisas eleitorais mostram, até o momento, derrota do psolista para o prefeito e vitória contra Marçal.
A estratégia se assemelha à adotada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na eleição para o governo estadual em 2022, quando o petista apostou na polarização com Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Jair Bolsonaro (PL), e terminou derrotado no estado.
O que difere a campanha de Boulos da de Haddad, neste sentido, é que o psolista busca desidratar a imagem de Nunes para ampliar a rejeição ao prefeito – e assim, tirar dele votos de eleitores moderados. Em 2022, Haddad concentrou os ataques em Tarcísio e escanteou o então governador Rodrigo Garcia (ex-PSDB), que detinha a máquina pública e maior coligação daquelas eleições, com nove partidos.
Efeito Tabata
O tracking também mostrou um crescimento de Tabata entre eleitores de classe média que poderiam simpatizar com a campanha de Boulos. Na própria tarde de segunda, um grupo de artistas e intelectuais divulgou um manifesto pregando o voto útil no psolista.
Nos últimos debates, Boulos fez acenos e tentou promover dobradinhas com a pessebista. Tabata, no entanto, tem rechaçado as tentativas e provocado o deputado sobre temas caros à esquerda, como eleições na Venezuela, liberação de drogas e posicionamento sobre o aborto.