Boulos elogia Kassab e Covas e diz que Nunes é “um Pitta com dinheiro”
Guilherme Boulos anunciou os nomes que vão elaborar o plano de governo em meio a aumento de críticas ao atual prefeito Ricardo Nunes
atualizado
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São Paulo — O deputado federal Guilherme Boulos (PSol) lançou sua pré-campanha à Prefeitura de São Paulo nesta segunda-feira (16/10), em um hotel no Largo do Arouche, no centro. Em meio a elogios a gestões até de adversários políticos na capital paulista, Boulos subiu o tom nos ataques ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
O parlamentar anunciou nomes de colaboradores que farão parte de sua equipe, como o oncologista Drauzio Varella.
O evento contou com representantes de seu partido, o PSol, do PT, do PCdoB, da Rede e do PV. Boulos disse que ainda mantém conversas com o PDT e com o Avante para que os partidos apoiem sua candidatura. Em seu discurso, acenou a uma posição política moderada ao fazer elogios a políticos de fora da esquerda, seu campo político.
“Para além do campo de esquerda, do campo popular, nós tivemos prefeitos que deixaram legados”, disse Boulos, durante seu discurso. “O legado da Luiza Erundina foram os mutirões, a inversão de prioridades para a periferia, a participação social. Um tempo depois, o legado da Marta (Suplicy) foram os CEUs, o bilhete único, o Vai e Volta. Tivemos legado do Gilberto Kassab, que deixou a Lei Cidade Limpa”.
Boulos seguiu: “Tivemos o legado depois do Fernando Haddad, que fez um plano diretor internacionalmente premiado, que ampliou corredores de ônibus. O próprio Bruno Covas, que foi meu adversário na última eleição, deixou o legado de zerar a fila da creche na cidade. Qual é legado da gestão Ricardo Nunes? É dobrar a população de rua vivendo em São Paulo e espalhar a Cracolândia pelo centro inteiro”.
O deputado do PSol disse ainda que a gestão de Nunes “quando faz, faz mal feito”. Ele chamou de “escândalo” o aumento do volume de obras emergenciais da cidade (feitas sem licitação), que subiu de R$ 40 milhões para R$ 2 bilhões em três anos, e em que foram encontrados casos de superfaturamento pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), conforme o Metrópoles informou.
Boulos afirmou, pouco depois, que a cidade vive um momento muito favorável do ponto de vista econômico, mas que viveria um momento de “oportunidades perdidas”.
Ele disse que esse momento poderia ser comparado ao governo do ex-prefeito José Vicente Faria Lima, durante a ditadura militar. “Tudo o que essa gestão consegue fazer nessa cidade é recapeamento, e segundo relatório do TCM, com superfaturamento, prioridades duvidosas, obras emergenciais superfaturadas, contratando compadre, ex-assessor de gabinete que monta empreiteira de fachada”, disse Boulos.
“É isso que nós vamos mostrar para a cidade de São Paulo. Ricardo Nunes é um Pitta com dinheiro”, disse, em referência ao ex-prefeito Celso Pitta, morto em 2009, que enfrentou um escândalo de corrupção e foi afastado do cargo em 2000 pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e, posteriormente, preso três vezes.
Boulos foi questionado sobre como ele reagirá à estratégia de Nunes de apresentá-lo à cidade como um “radical” de “extrema esquerda”. Ele primeiro defendeu a pauta de redução das desigualdades, dizendo que essa será uma de suas principais bandeiras e que essa política é capaz de reduzir a insegurança e facilitar a apropriação dos espaços públicos por toda a cidade. Depois, fez novos ataques a Nunes.
“Tenho dúvida se o prefeito Ricardo Nunes vai ter a mesma tranquilidade (que Boulos) para falar de seus afazeres e sua biografia dos últimos 20 anos. A comparação de biografias vai ser muito importante para a cidade. A sensação da cidade é que o prefeito que caiu de paraquedas, sem comando, que pouco sabe a procedência e o debate eleitoral vai ser a oportunidade para que a cidade conheça quem é quem.
Campanha
O coordenador do plano de governo de Boulos será o deputado estadual Antonio Donato (PT), ex-presidente da Câmara Municipal e ex-secretário de governo de Fernando Haddad na prefeitura.
A equipe que contribuirá para a campanha está em formação, mas Boulos adiantou alguns nomes. Além de Drauzio Varella, ele citou o criador do programa Braços Abertos, da gestão Haddad, Benedito Mariano. Também falou do psiquiatra Arthur Guerra, que trabalhou no programa Recomeço, tocado pelo governo do estado na gestão Geraldo Alckmin, o médico sanitarista Gonzalo Vecina e a urbanista Raquel Rolnik.
O presidente do diretório de São Paulo do PT, Laércio Ribeiro, disse que o partido só discutirá o nome que irá indicar ao cargo de vice na chapa de Boulos no ano que vem.
Segundo o último levantamento do instituto Paraná Pesquisas, realizado no mês passado, Boulos tem 35,1%, tecnicamente empatado com Nunes, que está com 29%. Em terceiro lugar aparece a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7,5%, seguida pelo colega de Câmara Kim Kataguiri (União), com 5,3%.