Boulos diz que não vai “rolar na lama” com Marçal durante campanha
Candidato do PSol, acusado por Marçal de ser usuário de cocaína, afirma que o adversário aposta em uso de mentiras para evitar propostas
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSol) disse que não vai cair em “jogo rebaixado” do seu adversário Pablo Marçal (PRTB), que o acusa de ser usuário de cocaína.
“O que eu ouvi lamentavelmente, nos dois debates que tiveram até aqui, foi uma tentativa de rebaixamento, de uso de mentiras para poder evitar propostas. Eu vou seguir nos debates apresentando propostas para o povo de São Paulo”, disse Boulos na manhã desta sexta-feira (16/8) ao fazer sua primeira agenda da campanha oficial, uma caminhada no Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
Nessa quinta-feira (15/8), o presidente Lula (PT) aconselhou Boulos a não cair em provocações de Marçal.“Eu acho que o trabalho que o Boulos tem que fazer é não dar importância para um cidadão daquele tipo. Não tem nem que fazer pergunta pra ele, nem responder pergunta. Deixa ele falar o que ele quiser”, disse o presidente em entrevista à Rádio T, em Curitiba.
Boulos parece ter entendido o recado. “Eu não vou cair em um jogo rebaixado de quem quer fazer da eleição um vale tudo, de quem quer rolar na lama. Não é isso que nós vamos fazer. Eu e a Marta não estamos fazendo essa campanha para eles”, afirmou o candidato do PSol.
O deputado federal disse, ainda, que as eleições municipais de São Paulo têm, de um lado, Lula, e do outro, Jair Bolsonaro. Ele lembrou que o ex-presidente indiciou o vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB), o coronel Ricardo Mello Araújo (PL). “Um vice que trata diferente periferia e Jardins”, falou Boulos.
Em entrevista em 2017, o coronel Mello disse, ao assumir o comando da Rota, que a forma de abordagem nos Jardins, bairro nobre da capital, deveria ser diferente da realizada com moradores da periferia.
Assista:
Durante o debate promovido por Estadão, Faap e Terra, na última quarta-feira (14/8) Marçal, disse que Boulos é o “maior aspirador de pó de São Paulo”. O candidato do PRTB ergueu uma carteira de trabalho na direção do adversário e disse que iria “exorcizá-lo”. Os candidatos precisaram ser apartados.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu que a Polícia Federal (PF) investigue Marçal pelas declarações contra Boulos. O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior, da 2ª Zona Eleitoral, acolheu manifestação da equipe de Boulos contra Marçal, sob a justificativa de que as alegações “são capazes de influenciar o eleitorado”.
Poupatempo da Saúde
Na agenda desta sexta-feira, Boulos prometeu discutir em sua campanha temas sensíveis à população de São Paulo.
“Vamos falar do Poupatempo da Saúde, que vai reduzir as filas. Vamos falar de educação em tempo integral, com psicólogos em todas as escolas. Vamos falar do que vamos fazer para o transporte público, para quem sai aqui do Campo Limpo e leva 1h30 para chegar no centro. Vamos apresentar as propostas para São Paulo”, disse.
Café da manhã e caminhada
O primeiro ato oficial de campanha ocorreu no Campo Limpo, bairro da zona sul onde Boulos vive. Ele recebeu sua vice, Marta Suplicy (PT), para um café da manhã por volta de 9h e, depois, os dois se reuniram a um grupo de militantes para dar início a uma caminhada pela região.
Os dois circularam pela estrada do Campo Limpo entrando em comércios locais para cumprimentar os funcionários e tirar fotos. Em uma lanchonete onde pararam, o deputado estadual Antônio Donato (PT), um dos coordenadores da campanha, ofereceu pães de queijo enquanto a militância distribuía panfletos de campanha.
Marta deixou a caminhada pela metade e Boulos seguiu pela estrada. O percurso, de cerca de 1 km, terminou com o deputado subindo em um carro de som para um breve discurso.
Após a caminhada, Boulos subiu em um carro de som e discursou para a militância.
“Aqui é o time que representa a periferia e a justiça social. Aqui é o time do Lula, que tem a Marta como vice. Ali do outro lado é o time dos privilegiados, é o time do Bolsonaro, é o time que tem um vice que é o coronel que não gosta de povo, que acha que o povo da periferia não pode ser tratado como o povo dos Jardins”, disse ele, em referência ao Coronel Mello Araújo (PL), candidato a vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que quando comandou a Rota, tropa de choque da Polícia Militar paulista, defendeu que a abordagem nos Jardins fosse diferente da realizada com moradores de periferia.
Pela tarde, o psolista fará outras duas caminhadas: uma pelo centro, saindo do Theatro Municipal, e outra em Itaquera, bairro da zona leste.