Veja o que Bolsonaro já disse em cima de um trio elétrico na Paulista
Em outro ato na Av. Paulista, em 7 de Setembro de 2021, Bolsonaro fez ataques ao STF, às urnas eletrônicas e disse que nunca seria preso
atualizado
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São Paulo – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que comandará o ato deste domingo (25/2) na Avenida Paulista, para se defender do inquérito da Polícia Federal (PF) que o investiga por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado, já discursou outras vezes do alto de um trio elétrico no mais famoso palco de manifestações de São Paulo.
Duas dessas oportunidades ocorreram de forma remota: em outubro de 2018, uma semana antes da votação do segundo turno das eleições presidenciais, e em 1º de maio de 2022. A única vez em que Bolsonaro esteve presencialmente na Avenida Paulista desde que se lançou à Presidência foi no 7 de Setembro de 2021, no exercício do mandato.
Na ocasião, Bolsonaro disse nunca seria preso e xingou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, que é como foram chamadas as manifestações realizadas naquele feriado e aos quais foram somadas as investigações relativas ao ato golpista de 8 de janeiro de 2023.
“[Quero] dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá. E aqueles que pensam que com uma caneta podem me tirar da Presidência, digo uma coisa para todos: nós temos três alternativas, em especial para mim, preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”, disse Bolsonaro, no 7 de Setembro de 2021.
O ex-presidente também peitou Moraes publicamente ao dizer que não cumpriria mais ordens do ministro e que não era possível admitir que “um homem apenas turve a nossa liberdade”. Em seguida, ele xingou o ministro de “canalha”.
“Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas, turve a nossa democracia e ameace nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Ou melhor, acabou o tempo dele”, disse Bolsonaro. “Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o seu povo”, completou.
Defensor da adoção de um sistema de voto impresso, Bolsonaro também promoveu ataques às urnas eletrônicas e disse que não poderia admitir “um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança”.
“Não podemos ter eleições que pairem dúvidas sobre os eleitores”, disse Bolsonaro naquele ato.
O discurso inflamado de Bolsonaro na Paulista, recheado de ataques, provocou uma grave crise institucional na esteira do 7 de Setembro. Por intermédio do ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro ligou para Moraes dois dias depois para tentar aplacar a situação e divulgou uma “nota à nação” dizendo que falou “no calor do momento” e que não teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.
Discursos de Bolsonaro em vídeo
Meses depois daquele 7 de Setembro, Bolsonaro disse que devia “lealdade” à população e que “o bem sempre vence o mal” em discurso feito por vídeo aos apoiadores que se manifestavam na Av. Paulista no 1º de maio de 2022, dia internacional do trabalho.
Antes disso, ainda candidato à Presidência da República, em outubro de 2018, Bolsonaro fez outra aparição por vídeo em um ato na Paulista dizendo que varreria do mapa “esses bandidos vermelhos do Brasil” e que Lula iria “apodrecer na cadeia”
“Petralhada, vai tudo vocês pra ponta da praia [sic]. Vocês não terão mais vez em nossa pátria porque eu vou cortar todas as mordomias de vocês. Vocês não terão mais ONGs para saciar a fome de mortadela de vocês”, disse Bolsonaro em 21/10/2018.
A expressão “ponta da praia”, usada em outras ocasiões por Bolsonaro, é utilizada por militares em referência à Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, local conhecido pela tortura e morte de presos políticos durante a ditadura militar.