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Bola de Neve: direção diz que pastora já recebeu R$ 340 mil em acordo

Após separação, pastora Denise teria feito acordo para receber pensões e prebendas. Defesa da viúva nega valores: “Estão simulando isso”

atualizado

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Pastora Denise Seixas, ex de Rina, fundador da Bola de Neve - Metrópoles
1 de 1 Pastora Denise Seixas, ex de Rina, fundador da Bola de Neve - Metrópoles - Foto: @deniseseixas/Instagram/Reprodução

São Paulo — Depois da decisão de um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que anulou o divórcio de Denise Seixas e Rinaldo Luiz de Seixas, o fundador da Bola de Neve, membros da direção da igreja evangélica alegam que a pastora nunca deixou de receber valores acordados no contrato. Segundo o colegiado, desde agosto, a cantora gospel já embolsou cerca de R$ 340 mil.

A 9ª Câmara de Direito Privado do TJSP manteve uma decisão de primeira instância. Com o entendimento, proferido em 18 de dezembro pelo relator Edson Luiz de Queiroz, a cantora gospel se torna, perante a Justiça, viúva do apóstolo Rina, que morreu em novembro devido a um politraumatismo depois de um acidente de moto. Não sendo mais ex-esposa de Rina, os acordos feitos por Denise durante o processo de separação, que não chegou a ser homologado, perderiam a validade.

Acordo

O colegiado da Bola de Neve argumenta que Denise assinou o acordo em 27 de agosto de 2024. O documento de divórcio, ao qual o Metrópoles teve acesso em novembro, mostrava que a pastora havia renunciado ao cargo de vice-presidente da Bola de Neve.

Depois, em 18 de novembro, um dia após a morte de Rina, o conselho administrativo elegeu Gilberto Custódio de Aguiar como vice-presidente interino. Representado pelos advogados Antônio Palma, Antonio Dourado, Luís Antônio Ribeiro e Renato Armoni, o colegiado acusou a pastora de invadir a igreja.

Por meio de nota, via assessoria de imprensa, nessa terça-feira (7/1), o grupo detalhou que o combinado, supostamente oficializado com o aval de advogados de Denise, tratava de diversos temas relacionados à separação de Rina, inclusive o pagamento de pensões e prebendas, assim como do aluguel do apartamento em que a cantora gospel mora.

“Desde o fim de novembro, Denise vem negando a validade do acordo. Entretanto, a pastora nunca deixou de receber os valores previstos pelo instrumento. São R$ 8.183,82 mensais de aluguel, R$ 25 mil mensais de pensão e R$ 10 mil mensais como pastora. Nos últimos cinco meses, incluindo janeiro de 2025, a soma chegou a R$ 215.919,10, além de R$ 123 mil usados na compra de móveis e eletrodomésticos para o apartamento. Um total de R$ 339 mil, aproximadamente”, destaca a nota.

“Em nenhum momento, desde que passou a publicamente questionar o que havia assinado, a pastora cogitou a hipótese de abrir mão dos benefícios ou devolver os valores”, completa.

Em prints datados de novembro, obtidos pelo Metrópoles, a pastora chegou a cobrar pagamentos, mesmo após a morte do apóstolo Rina. “Tais informações são de ciência do Poder Judiciário”, finaliza a direção.

Procurada pela reportagem, a defesa de Denise Seixas nega que ela tenha embolsado as quantias citadas. “Ela não recebe nada porque não houve acordo, estão simulando isso”, assegura o advogado Anderson Albuquerque.

Disputa judicial

Nos últimos meses, diferentes ações causaram reviravoltas na briga pelo comando da instituição religiosa. Depois de a direçãoF conseguir um mandado de reintegração de posse, que autorizou até arrombamento para tirar Denise da sede da Bola de Neve, na zona oeste da capital, ela obteve uma decisão em outra vara da Justiça paulista.

No dia 12 de dezembro, o juiz Fabio Evangelista, da 45ª Vara Cível, citou que o documento da separação entre Denise e Rina nunca chegou a ser homologado pela Justiça e, por isso, “perdeu efeitos”. A Justiça também reconheceu parcialmente o pedido da cantora gospel para afastar o então conselho administrativo da igreja evangélica.

Com isso, Denise argumenta que permanece como vice-presidente da Bola de Neve, e que cabe a ela a sucessão do comando da igreja após a morte de Rina, ocorrida em 17 de novembro.

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O pastor Rina era líder e fundador da Igreja Bola de Neve
Denise Seixas e Rinaldo Luiz de Seixas Pereira foram casados
O TJSP determinou reintegração de posse contra Denise Seixas na Igreja Bola de Neve. Ela era casada com Rina
Ele morreu em 17 de novembro deste ano
Ela é pastora e cantora gospel
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O comando da Igreja Bola de Neve é alvo de disputa judicial

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O pastor Rina era líder e fundador da Igreja Bola de Neve

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Denise Seixas e Rinaldo Luiz de Seixas Pereira foram casados

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O TJSP determinou reintegração de posse contra Denise Seixas na Igreja Bola de Neve. Ela era casada com Rina

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Ele morreu em 17 de novembro deste ano

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Após uma queda de moto, Rina teve um politraumatismo

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Direção alega que decisão de 2ª instância não é definitiva

Por meio de nota, nessa segunda-feira (6/1), a direção da Bola de Neve enfatizou que “há entendimentos conflitantes” em diferentes varas judiciais de São Paulo, que “precisarão ser avaliados à luz de um conflito de competências jurisdicionais”.

“A decisão do dia 18, citada pela reportagem, não faz da pastora presidente da igreja — ela apenas mantém liminar emitida por um juiz que já se declarou incompetente para julgar o caso, que deverá ser avaliado, no mérito, pela mesma vara que impediu a pastora a adentrar as dependências da igreja em ação de reintegração e manutenção de posse. Atualmente, a gestão da igreja tem sido realizada pelo conselho administrativo da instituição, sob a presidência do pastor Fábio Santos, com o aval da comunidade de membros da instituição”, finalizou a nota.

Ao Metrópoles, a defesa de Denise Seixas mencionou que a pastora está empenhada em formar uma nova diretoria para a Bola de Neve. “Ela está escolhendo os novos nomes dos integrantes do conselho”, garante o advogado da pastora.

Denúncia de desvio de dinheiro

Everton César Ribeiro e outros integrantes da direção da Bola de Neve são acusados de desvio de dinheiro e de terem feito movimentações financeiras na conta do apóstolo Rina. Na denúncia, Denise afirma que a Bola de Neve é composta por aproximadamente 560 templos, com uma arrecadação que pode alcançar R$ 250 milhões por ano.

Conforme documento obtido pelo Metrópoles, a SIAF Solutions Serviços de Tecnologia Limitada, registrada no nome de Ribeiro, controlava a receita com dízimos e taxas e arrecadou cerca de R$ 492 mil por meio de 57 notas fiscais reunidas. A empresa de softwares, que também prestaria serviços para outras igrejas evangélicas, fornece maquininhas de cartão.

O objetivo seria supostamente “centralizar ao máximo toda a arrecadação de dízimos e doações”, segundo a denúncia. “Há a aplicação de uma taxa que pode variar de 3% a 5% sobre o total arrecadado nos templos da Igreja Bola de Neve”, diz a peça.

Entre as acusadas, também está a empresa Green Grid Energy, fundada por Ribeiro e responsável por serviços de consultoria financeira à igreja. O arquivo enfatiza que a companhia, criada em maio deste ano, declarou faturamento de R$ 6 milhões.

Outra empresa citada na denúncia é a Filhos do Rei Serviços de Conservação, que tem como sócia Kelly Cristina Ribeiro Bettio, irmã de Everton Ribeiro. Ela emitiu notas fiscais que chegam a um valor milionário, “embora não se tenha clareza acerca da natureza dos serviços contratados” pela Bola de Neve.

“Ao questionar os vizinhos sobre o endereço indicado como sede da empresa, foi informado que o local é uma residência”, afirma a ação judicial movida por Denise Seixas pedindo para que nenhum documento da igreja que não tenha sido assinado por ela seja validado em cartório, incluindo o da posse da diretoria que assumiu a Bola de Neve após a morte de Rina.

Procurada anteriormente pelo Metrópoles, por meio de advogado, Denise Seixas afirmou apenas que “há uma comunicação judicial de indícios de irregularidade junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que tramita perante a 17ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, em segredo de Justiça”.

Já a direção da Bola de Neve disse que a gestão está “totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade”. O colegiado também assegurou que a igreja segue à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades competentes.

“Há mais de uma década, as contas e contratos da organização são auditados anualmente e aprovados sem restrições por empresa multinacional, cuja expertise e seriedade são reconhecidas pela qualidade e regularidade dos serviços prestados. Os contratos questionados, aliás, datam de um período em que a própria pastora Denise fazia parte da direção da igreja”, apontou, em nota.

Citado na denúncia, Everton César Ribeiro argumentou que Denise Seixas faz acusações falsas e responderá na Justiça. “Nossos contratos são regulares e auditados e foram firmados quando a pastora ainda ocupava a direção da igreja, o que permite concluir que ou ela age com má-fé ou omissão.”

Bens de Rina

Em 16 de dezembro, a Justiça de São Paulo negou o pedido da pastora Denise Seixas para ser inventariante dos bens de Rina. Na decisão, o juiz José Walter Cardoso, da 9ª Vara da Família, acatou os argumentos do filho mais velho do casal, Rinaldo Neto, de 19 anos, e o nomeou como responsável pela listagem de posses. Ele terá dois meses para providenciar os documentos necessários.

Denise havia entrado com uma petição em 28 de novembro. No entanto, o primogênito alegou que a certidão de inventariante do pai não poderia ser concedida à própria mãe, sob o argumento de que o casal estava separado desde junho, quando inclusive a cantora gospel obteve uma medida protetiva contra o líder da instituição religiosa.

Em e-mail enviado à direção da Bola de Neve, na noite de 23 de novembro passado, seis dias após a morte de Rina, Denise Seixas negou ser ex do fundador da instituição. Na mensagem, obtida pelo Metrópoles, a cantora gospel se descreveu como esposa do fundador da igreja e citou que pretendia reatar o casamento.

No texto, Denise anunciou que assumiria a presidência da instituição, conforme previsto no estatuto social da instituição, segundo ela. A pastora ainda marcou uma reunião com o colegiado administrativo da organização religiosa para 25 de novembro.

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