metropoles.com

Bola de Neve se manifesta sobre suposto faturamento de R$ 250 milhões

Em denúncia, a pastora Denise Seixas, que foi casada com o líder Rina, acusa o conselho da igreja evangélica de desviar dinheiro

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Bola de Neve/Reprodução
Igreja Bola de Neve - Metrópoles
1 de 1 Igreja Bola de Neve - Metrópoles - Foto: Bola de Neve/Reprodução

São Paulo – Um suposto valor de arrecadação anual da Bola de Neve foi evidenciado em uma acusação judicial da pastora e cantora gospel Denise Seixas de fraude e desvio de dinheiro contra o conselho da igreja. Após o Metrópoles revelar que a disputa pelo comando da sede evangélica expôs o faturamento de centenas de milhões, o colegiado se manifestou.

A ex-esposa do fundador, Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, o apóstolo Rina, que morreu em novembro devido a um politraumatismo depois de um acidente de moto, acionou a Justiça para denunciar movimentações suspeitas e uso de empresas de fachada em prestações de serviço na casa religiosa. Enviada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), a ação tramita sob sigilo.

Em nota, o grupo administrativo alegou que o valor informado não condiz com a realidade e apenas gera “confusão na opinião pública”. “A Igreja Bola de Neve esclarece que não são verdadeiras as afirmações de que o faturamento da instituição seja de R$ 250 milhões”, diz o comunicado.

7 imagens
O pastor Rina era líder e fundador da Igreja Bola de Neve
Denise Seixas e Rinaldo Luiz de Seixas Pereira foram casados
O TJSP determinou reintegração de posse contra Denise Seixas na Igreja Bola de Neve. Ela era casada com Rina
Ele morreu em 17 de novembro deste ano
Ela é pastora e cantora gospel
1 de 7

O comando da Igreja Bola de Neve é alvo de disputa judicial

Igreja Bola de Neve/Reprodução
2 de 7

O pastor Rina era líder e fundador da Igreja Bola de Neve

Instagram/Reprodução
3 de 7

Denise Seixas e Rinaldo Luiz de Seixas Pereira foram casados

Instagram/Reprodução
4 de 7

O TJSP determinou reintegração de posse contra Denise Seixas na Igreja Bola de Neve. Ela era casada com Rina

@deniseseixas/Instagram/Reprodução
5 de 7

Ele morreu em 17 de novembro deste ano

Instagram/Reprodução
6 de 7

Ela é pastora e cantora gospel

Instagram/Reprodução
7 de 7

Após uma queda de moto, Rina teve um politraumatismo

Instagram/Reprodução

Disputa pelo controle da Bola de Neve

Nos últimos meses, algumas decisões judiciais, de primeira e segunda instâncias, causaram reviravoltas na briga pelo comando da Igreja Bola de Neve. Depois do atual conselho administrativo da igreja conseguir um mandado de reintegração de posse, autorizando até arrombamento para tirar a pastora da sede, na zona oeste da capital, Denise obteve uma decisão — em outra vara da Justiça paulista — com o reconhecimento de que o acordo de divórcio no qual ela havia renunciado ao posto de vice-presidente da igreja não tem validade.

No dia 12 de dezembro, o juiz Fabio Evangelista, da 45ª Vara Cível, citou que o documento de separação — e consequentemente a renúncia ao cargo na igreja — nunca chegou a ser homologado pela Justiça e, por isso, “perdeu seus efeitos”. Com isso, Denise argumenta que permanece como vice-presidente da Bola de Neve, e que cabe a ela a sucessão do comando da igreja após a morte de Rina, ocorrida no 17 de novembro.

A decisão menciona que, quando Rina estava vivo, Denise foi nomeada vice-presidente da Igreja Bola de Neve, e que ela tinha pedido anulação do processo de divórcio em setembro, antes da morte do ex-marido e fundador da igreja. Também enfatiza que o estatuto social da instituição previa que, em caso de falecimento do presidente, a vice assumiria a função principal.

Diante disso, o juiz acolheu parcialmente o pedido de Denise, determinando que os dirigentes da Bola de Neve “se abstenham de praticar quaisquer atos na condição de representantes da igreja”. Apesar da decisão, o juiz declarou a “incompetência absoluta” para julgar o caso e mandou a redistribuição do processo com urgência a outra vara do Foro Central de São Paulo.

Por meio de nota, a Igreja Bola de Neve reafirma que a pastora Denise “renunciou ao cargo de vice-presidente em acordo assinado em 27 de agosto” e diz que a decisão judicial “não a reconhece como presidente”. A igreja afirmou que a decisão seria “revista por instância superior, uma vez que o próprio juiz se declarou incompetente para julgar o caso”.

No entanto, em 18 de dezembro, a 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão de primeira instância. Dessa forma, a renúncia de Denise perde a validade. O relator foi o desembargador Edson Luiz de Queiroz.

Denúncia de desvio de dinheiro

Everton César Ribeiro e outros integrantes do conselho são acusados de terem feito movimentações financeiras na conta do apóstolo Rina. Conforme a denúncia, a SIAF Solutions Serviços de Tecnologia Limitada, registrada no nome de Ribeiro, controlava a receita com dízimos e taxas e arrecadou cerca de R$ 492 mil por meio de 57 notas fiscais reunidas. A empresa de softwares, que também prestaria serviços para outras igrejas evangélicas, fornece maquininhas de cartão.

O objetivo seria supostamente “centralizar ao máximo toda a arrecadação de dízimos e doações”, segundo a denúncia. “Há a aplicação de uma taxa que pode variar de 3% a 5% sobre o total arrecadado nos templos da Igreja Bola de Neve”, diz a peça.

Entre as acusadas, também está a Green Grid Energy, fundada por Ribeiro e responsável por serviços de consultoria financeira à igreja. O arquivo enfatiza que a companhia, criada em maio deste ano, declarou faturamento de R$ 6 milhões.

Outra empresa citada na denúncia é a Filhos do Rei Serviços de Conservação, que tem como sócia Kelly Cristina Ribeiro Bettio, irmã de Everton Ribeiro. Ela emitiu notas fiscais que chegam a um valor milionário, “embora não se tenha clareza acerca da natureza dos serviços contratados” pela Bola de Neve.

“Ao questionar os vizinhos sobre o endereço indicado como sede da empresa, foi informado que o local é uma residência”, afirma a ação judicial movida por Denise Seixas pedindo para que nenhum documento da igreja que não tenha sido assinado por ela seja validado em cartório, incluindo o da posse da diretoria que assumiu a Bola de Neve após a morte de Rina.

Procurada anteriormente pelo Metrópoles, por meio de advogado, Denise Seixas afirmou apenas que “há uma comunicação judicial de indícios de irregularidade junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que tramita perante a 17ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, em segredo de Justiça”.

Já o conselho da Bola de Neve disse que a gestão está “totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade”. O colegiado também assegurou que a igreja segue à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades competentes.

“Há mais de uma década, as contas e contratos da organização são auditados anualmente e aprovados sem restrições por empresa multinacional, cuja expertise e seriedade são reconhecidas pela qualidade e regularidade dos serviços prestados. Os contratos questionados, aliás, datam de um período em que a própria pastora Denise fazia parte da direção da igreja”, apontou, em nota.

Citado na denúncia, Everton César Ribeiro argumentou que Denise Seixas faz acusações falsas e responderá na Justiça. “Nossos contratos são regulares e auditados e foram firmados quando a pastora ainda ocupava a direção da igreja, o que permite concluir que ou ela age com má-fé ou omissão.”

Divórcio dos pastores

O acordo de divórcio de Denise e Rinaldo, ao qual o Metrópoles teve acesso, mostrava que a pastora havia aceitado deixar o cargo de vice-presidente da Bola de Neve, em agosto deste ano. O documento foi assinado quase três meses antes da morte do ex-esposo, em um acidente de moto na Rodovia Dom Pedro I, em Campinas, no interior paulista.

Dessa forma, ela permaneceria com o título de cofundadora e pastora. Também receberia uma remuneração de R$ 10 mil por mês, mais o plano de saúde da instituição.

Em 18 de novembro, o conselho da Bola de Neve elegeu Gilberto Custódio de Aguiar como vice-presidente interino. Representado pelos advogados Antônio Palma, Antonio Dourado, Luís Antônio Ribeiro e Renato Armoni, o colegiado ajuizou a ação de reintegração de posse.

Bens de Rina

Em 16 de dezembro, a Justiça de São Paulo negou o pedido da pastora Denise Seixas para ser inventariante dos bens de Rina. Na decisão, o juiz José Walter Cardoso, da 9ª Vara da Família, acatou os argumentos do filho mais velho do casal, Rinaldo Neto, de 19 anos, e o nomeou como responsável pela listagem de posses. Ele terá dois meses para providenciar os documentos necessários.

A ex do fundador da Bola de Neve havia entrado com uma petição, em 28 de novembro. No entanto, o primogênito alegou que a certidão de inventariante do pai não poderia ser concedida à própria mãe, sob o argumento de que o casal estava separado desde junho, quando inclusive a cantora gospel obteve uma medida protetiva contra o líder da instituição religiosa.

Em e-mail enviado ao conselho da Bola de Neve, na noite de 23 de novembro passado, seis dias após a morte de Rina, a Denise Seixas negou ser ex do fundador da instituição. Na mensagem, obtida pelo Metrópoles, a cantora gospel se descreveu como esposa do fundador da igreja e citou que pretendia reatar o casamento.

No texto, Denise anunciou que assumiria a presidência da instituição, conforme previsto no estatuto social da instituição, segundo ela. A pastora ainda marcou uma reunião com o colegiado administrativo da organização religiosa para 25 de novembro.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?