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Base da PM paulista amarga baixos salários e mais cabos que soldados

Número de cabos, superiores diretos aos soldados, ultrapassa em mais de 8 mil homens o contingente de seus subordinados na PM

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Divulgação/PMSP
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1 de 1 PMs - Foto: Divulgação/PMSP

São Paulo – Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta terça-feira (27/2), mostra as diferenças salariais dos policiais militares de São Paulo e de todos os estados brasileiros. Estudo também revela variação de salários dentro da PM.

O estado de Goiás é o mais generoso, onde um soldado recebe R$ 10 mil de salário bruto, ou R$ 6.615 com dos descontos. Isso supera os 5.794 líquidos pagos, em média, para subtenentes em São Paulo, que estão a um degrau de se tornarem oficiais.

Os soldados são a primeira patente na hierarquia militar. Os que atuam em território paulista recebem salário bruto de 6.362, que resultam em R$ 4.551 líquidos. Eles ainda, de acordo com o “Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil”, do FBSP, contam com um contingente menor do que o de cabos, superiores diretos, um degrau acima na escada hierárquica seguida pela corporação.

Em foto colorida pelotão da PM de São Paulo em formação - Metrópoles
Tropa da PM paulista

O levantamento do FBSP mostra que há 27.382 soldados atuantes na PM paulista e 35.931 cabos. Ou seja, há 8.549 superiores diretos a mais do que soldados na corporação.

Isso cria um “clima organizacional ruim”, afirmou ao Metrópoles Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP.

“A própria polícia não respeita níveis. Não faz concurso, promove verticalmente. Isso gera distorção, só alimenta insatisfação.”

O especialista acrescentou que muitos policiais são cedidos a outros poderes e órgãos, como tribunais, promotorias e secretarias, tanto municipais como estaduais. “Muita gente [policial] cedida, fazendo outra função, sem critério, sem baliza. Gera esse tipo de situação baixo efetivo.”

Menos policiais

As polícias Militar e Civil de São Paulo também estão com falta de agentes em seus efetivos. Entre 2013 e 2023, o contingente de policiais militares caiu de 89.869 para 80.037 (-8,9), enquanto o de policiais civis enxugou em 19,5%, de 32.278 para 25.980.

Ainda de acordo com o mais novo levantamento feito pelo FBSP, há 1,8 policial militar, em território paulista, para cada grupo de mil habitantes e 0,5 de policiais civis.

Renato Sérgio de Lima ressaltou que, na prática, um grande número de efetivo não significa mais segurança. “O que garante isso é a forma como os policiais são organizados no território.”

O especialista disse ainda que a sobrecarga de trabalho, resultante da má remuneração e necessidade de compensar a ausência de policiais, – como os que atuam em outros órgãos –, converge também em problemas de saúde, incluindo a saúde mental, ocasionando mais gastos com afastamentos e eventuais tratamentos.

A sensação de insegurança relatada por moradores de São Paulo, incluindo a percepção de falta de policiamento, é demonstrada pelos dados levantados pelo FBSP.

De acordo com a pesquisa, o efetivo previsto para a Polícia Civil é de 27.170. Na prática, no entanto, 21.089 agentes estão na ativa no estado, representando 77,6% do ideal.

A PM também está com policiais em falta. Dos 93.802 previstos, 80.037, incluídos aí 8.506 bombeiros, estão trabalhando nas ruas e em setores administrativos das corporações.

 

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