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Bando rival já matou 9 do PCC e clima de vingança eleva tensão em SP

Metrópoles identificou 9 membros do PCC entre as vítimas do “Bando do Magrelo”, rival da facção na região do Rio Claro, interior de SP

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Imagem colorida de montagem com Magrelo e uma arma. Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de montagem com Magrelo e uma arma. Metrópoles - Foto: Reprodução/MPSP

São Paulo — A disputa pelo controle do comércio de drogas em áreas do interior de São Paulo já resultou em ao menos nove assassinatos de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) pelo “Bando do Magrelo”, quadrilha rival da maior facção criminosa do país na região de Rio Claro.

A reportagem identificou que os integrantes do PCC mortos foram alvos da quadrilha liderada por Anderson Ricardo de Menezes (foto em destaque), o Magrelo, de 48 anos. Segundo a polícia, ele se considera “o novo Marcola“,  referindo-se a Marco Willians Herbas Camacho, o principal líder da facção paulista.

A guerra entre os criminosos fez com que os homicídios praticamente dobrassem na cidade do interior, em um ano. O rastro de sangue, segundo apurado pelo Metrópoles, pode crescer ainda mais por causa do clima de vingança que paira sobre a cidade, elevando a tensão na região, segundo moradores.

Magrelo foi preso no último dia 23 em Borborema, a cerca de 210 quilômetros de distância de Rio Claro e quase 380 quilômetros da capital paulista. Em um celular apreendido com a quadrilha há até a foto de uma criança de 4 anos posando com um fuzil.

Ele foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A Justiça atribui ao traficante ao menos 30 mortes na região.

Morte recente de “irmão” do PCC

Integrantes do PCC costumam se chamar de “irmãos” entre si, conforme identificado em investigações da polícia e do MPSP.

Andrew Luiz Trevisanutto, de 25 anos, o “irmão Mizuno”, foi morto a tiros, quando andava de bicicleta pelo bairro Consolação, em Rio Claro, no dia 4 de abril deste ano.

Uma câmera de monitoramento (veja abaixo) registrou a abordagem, feita por um integrante do bando do Magrelo, segundo apurado pelo Metrópoles.

 

O assassino desembarca de um carro e já se aproxima atirando contra a vítima. Andrew desce da bicicleta e tenta fugir a pé. Ele correu até uma padaria, onde tentou se esconder. O atirador entrou no estabelecimento e concluiu a execução do rapaz. Mizuno tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas.

Em 2022, o membro do PCC Anderson Almeida Moura, o Som, de 32 anos, também foi executado a tiros em Rio Claro, no bairro Arco-Íris. Registros da Polícia Civil mostram que ele foi morto com ao menos seis disparos distribuídos entre a cabeça, as costas e o braço. O atirador ocupava um Hyundai HB20 prata.

Som foi a 31ª pessoa assassinada na cidade do interior no ano passado, de um total de 33 vítimas, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo.

O ano mais sangrento

O ano de 2021 foi o com o maior número de vítimas de homicídios registrados pela SSP em Rio Claro, com 40 casos, representando quase que o dobro das 21 mortes por assassinato registradas no ano anterior, quando o Bando do Magrelo passou a agir na região. Também foi o ano com o maior número de membros do PCC mortos pela quadrilha rival.

Anderson Leonardo Paulino, o Bigato, de 33 anos, foi alvo de 26 disparos de calibre 9 milímetros em 1º de julho de 2021. Ocupantes de um carro atiraram contra ele em um cruzamento. Ele morreu no local. Em 28 de fevereiro do ano anterior, ele havia sobrevivido a um atentado, com 11 tiros, quando saía de uma igreja.

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Criminosos de quadrilha do interior posam com pistolas
Willian Ribeiro de Lima Diez, o "Feio", apontado como braço direito de Magrelo
Criminoso segura fuzil em sala de casa
Anderson Ricardo de Menezes, o "Magrelo", apontado como líder da quadrilha que se opõe ao PCC no interior de SP
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Rafael Freitas dos Santos, o "Nariz Torto", posa segurando dois fuzis

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Criminosos de quadrilha do interior posam com pistolas

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Willian Ribeiro de Lima Diez, o "Feio", apontado como braço direito de Magrelo

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Criminoso segura fuzil em sala de casa

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Anderson Ricardo de Menezes, o "Magrelo", apontado como líder da quadrilha que se opõe ao PCC no interior de SP

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Moradores da região afirmaram à reportagem, em condição de anonimato, que Bigato era sobrinho de Magrelo, suspeito de envolvimento na morte do próprio parente.

Um irmão de Bigado conhecido como Buda, também membro do PCC, sobreviveu a um atentado a tiros realizado pouco tempo depois, em 8 de agosto de 2021. A ação também é atribuída ao Bando do Magrelo. Na ocasião, morreu Gabriel da Costa Inácio da Silva, de 20 anos.

Ainda em 2021, teriam sido mortos pela quadrilha de Magrelo, outros membros do PCC: Marcelo José Souza Junior, de 31 anos, Alessandro de Arruda, o Lê Boquinha, 38, Lucas Fernando Eckles, o Saraiva, Diego Pereira, o Ropa, e Fabiano Augusto Victalino, o Fa, os três de 27 anos.

Modo de ação

Uma denúncia do Gaeco, obtida pela reportagem, afirma ser uma característica do Bando do Magrelo as execuções em via pública, em plena luz do dia, com disparos de fuzil, que “colocam tristes holofotes na cidade.” Além dos homicídios, a quadrilha é alvo de inquéritos que apuram o crime de organização criminosa com associação para o tráfico de drogas.

A denúncia da Promotoria também mostra que o bando informava à polícia, anonimamente, sobre reuniões e atividades envolvendo o tráfico de drogas dos rivais, “eliminando a concorrência”, por meio da “caguetagem”, ou seja, delatando o PCC.

As investigações também identificaram Willian Ribeiro de Lima Diez, de 28 anos, o “Feio”, como o braço direito de Magrelo. Ambos estão presos, acusados pelo homicídio de Juliano Gimenes Medina, de 40 anos, em junho de 2022.

Ele foi assassinado com mais de 20 tiros em São Pedro, cidade que fica a cerca de 50 quilômetros de distância de Rio Claro, no interior paulista. Medina foi investigado pela Polícia Federal como suspeito de envolvimento em uma organização internacional de drogas.

Questionada pelo Metrópoles sobre os confrontos com mortes entre traficantes rivais no interior de São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não retornou até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.

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