Bando de “novo Marcola” já disputa território com PCC em 8 cidades
Mesmo com principal líder preso, quadrilha conhecida como Bando do Magrelo, originada em Rio Claro (SP), aumenta área de ação criminosa
atualizado
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São Paulo – A quadrilha conhecida como Bando do Magrelo, com ações que se originaram em Rio Claro, no interior paulista, protagoniza guerra com o Primeiro Comando da Capital (PCC) pela disputa do controle de áreas nas quais fatura milhões de reais com a venda de drogas.
Levantamento do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), mostra que a quadrilha rioclarense já expandiu a área de atuação para, ao menos, mais sete cidades do interior paulista. São elas: Jundiaí, Sumaré, São Carlos, Pirassununga, Americana, Leme e Louveira.
O Metrópoles apurou que há indícios de que os rivais da maior facção criminosa do Brasil também tenham os mesmos planos: dominar ainda mais a atuação no narcotráfico paulista, estado no qual existem rotas estratégicas para escoar drogas, principal fonte de renda do Bando do Magrelo e do PCC.
A principal liderança da quadrilha que rivaliza com o PCC é Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, que já se intitulou como “o novo Marcola”. Mesmo com ele preso desde maio de 2023, o bando segue agindo e promovendo violência na região. Magrelo foi denunciado pelo Gaeco por lavagem de dinheiro, e a Justiça atribui ao traficante ao menos 30 mortes na região.
Rastro de sangue
A disputa entre os dois grupos criminosos deixa um rastro de sangue no interior de São Paulo. Até o momento, segundo apurado pela reportagem, ocorreram 27 assassinatos neste ano, somente em Rio Claro.
Com aproximadamente 200 mil habitantes, Rio Claro já soma quase 30 vítimas de homicídios, o que representa 13,5 mortes violentas por 100 mil habitantes. O estado de São Paulo, por sua vez, conta com taxa de 5,98, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Cenas fortes de chacina
Os confrontos entre o Bando do Magrelo e o PCC contribuem para os altos índices de violência local. Como mostrado pelo Metrópoles, em cerca de 12 horas, foram registradas, em Rio Claro, quatro execuções no fim de semana passado: 3 eram de membros do PCC e uma era do Bando do Magrelo.
Em menos de uma semana, desde então, o número de baixas da guerra do crime aumentou para cinco, com a morte de um quarto membro do PCC, que seguia hospitalizado desde o ataque do fim de semana passado.
A onda de violência repercutiu negativamente e atingiu o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Ele iria ser homenageado pela Câmara de Vereadores de Rio Claro, por sua gestão no combate à violência. A cerimônia, porém, foi cancelada em decorrência dos recentes acontecimentos.
O 1º morto
O primeiro a morrer na última semana foi Daniel de Paula Sobrinho, de 29 anos, executado no salão de cabeleireiro de que era dono, no bairro Jardim Palmeiras. Uma câmera de monitoramento (assista abaixo) registrou a chegada de dois pistoleiros, em um Volkswagen Gol branco, às 8h27. A dupla estaciona em frente ao salão e entra correndo no estabelecimento, onde havia clientes.
Daniel era ligado ao Bando do Magrelo, foi alvo de ao menos 30 tiros e morreu no local. Toda a ação, incluindo a fuga, durou pouco mais de 20 segundos.
Chacina como vingança
Cerca de 12 horas depois da morte de Daniel, o Bando do Magrelo vingou a morte do integrante.
De acordo com registros policiais, obtidos pelo Metrópoles, a quadrilha local matou a tiros José Cláudio Martins Nunes, de 50 anos, Gabriel Lima Cardoso, de 26, e Marcelo Henrique Ferreira, de 27, todos membros do PCC.
Marcelo foi morto com um tiro na cabeça e outro na nuca, no meio da rua, no Jardim Rio Claro. A cerca de 10 metros de distância, havia um Fiat Mobi, com o motor ainda ligado. O carro foi usado pelos assassinos — que também abandonaram no local um carregador prolongado de pistola e munições intactas calibre 9 milímetros.
Na sexta-feira (29/11), Israel Henrique Francisco, de 35, que estava junto com o trio executado, morreu após permanecer seis dias hospitalizado.