Bando chefiado por “Gato Preto” atuou em 10% dos sequestros por app
Polícia estima que grupo liderado por Gato Preto realizou ao menos seis sequestros em 2022; no estado, foram registrados 56 crimes do tipo
atualizado
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São Paulo – A quadrilha chefiada por Ailton Oliveira dos Santos, de 42 anos, o Gato Preto, teria realizado em 2022 ao menos seis sequestros, segundo a polícia, a partir do agendamento de falsos encontros amorosos, feitos por meio de aplicativos de namoro na capital paulista.
No ano passado, o Estado registrou um total de 56 ocorrências de extorsão mediante sequestro – o maior número em São Paulo dos últimos cinco anos. Em 2021, foram 23, e em 2021, apenas dez.
Considerando os registros, que não representam a totalidade por causa das subnotificações — nem todas as vítimas procuram a polícia após os crimes –, o bando chefiado por Galo Preto estaria envolvido em ao menos 10,7% dos crimes.
Nenhum advogado havia se apresentado para defendê-lo até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Prisão
Gato Preto foi preso na quarta-feira (22/2), na zona leste paulistana, após mandato de prisão expedido pela Justiça em decorrência de um crime ocorrido em julho do ano passado que foi registrado em vídeo (veja abaixo).
Na ocasião, os criminosos conseguiram roubar R$ 70.301 da vítima, de 43 anos, que acreditava ter marcado um encontro amoroso, por meio de um aplicativo. Foram transferidos R$ 20.301 via Pix, para a conta de uma laranja, e realizado um empréstimo de R$ 50 mil.
O carro do homem raptado também foi roubado pelos bandidos. Gato Preto teria participado desse sequestro. Outros envolvidos no caso ainda são investigados pela polícia.
Após a prisão, Gato Preto teria admitido a participação em quatro crimes, segundo a polícia.
“Mas a gente sabe que são mais. Essa é uma quadrilha extremamente violenta. Ele [Gato Preto] era violento, participava do arrebatamento. Há vitimas que reconhecem ele, inclusive no cativeiro. Em tese era ele que dava as ordens e organizava essas operações [criminosas]”, afirmou ao Metrópoles o delegado Eduardo Bernardo Pereira, da 1ª Delegacia Antissequestro da capital.
O policial disse ainda que o chefe da quadrilha não tinha antecedentes criminais. Ele atribui isso ao perfil “evasivo” do criminoso.
“Ele trocava de celular com muita frequência, não só de aparelho como também de chip, dificultando sua identificação”, explicou o delegado.
As ações da quadrilha foram monitoradas pela polícia por meio de interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça. “Com isso, ficou claro que ele era o líder de uma das quadrilhas que agem na região de Taipas [zona norte de São Paulo]”, afirmou o delegado.
As vítimas deste tipo de crime, segundo investigações da Antissequestro, são mantidas em cativeiros enquanto os criminosos realizam saques bancários, transferências via Pix, além de empréstimos.
Dependendo do perfil da pessoa raptada, contas são abertas em bancos digitais, nas quais são feitos mais empréstimos em nome da vítima – que pode permanecer nas mãos dos bandidos por até quatro dias.
Na maioria dos casos, essas mesmas contas são usadas para a transferência de dinheiro, de outros sequestros. Ou seja, as vítimas viram laranjas dos criminosos.