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Banco suspeito de lavagem teve licença do BC meses antes de ação da PF

Brasil Cash obteve licença do Banco Central (BC) 6 meses antes de ser alvo de operação da PF por suspeita de lavagem de dinheiro

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília Lula concurso focus - Metrópoles
1 de 1 Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília Lula concurso focus - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

São Paulo — Investigada pela Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para o crime organizado, a Brasil Cash conseguiu autorização do Banco Central (BC) para operar oficialmente como “instituição de pagamento” seis meses antes de ser alvo da Operação Concierge, deflagrada pela PF há uma semana contra fintechs que movimentaram R$ 7,5 bilhões de forma suspeita.

Concedida em março deste ano, a licença do BC permitiu que a Brasil Cash se tornasse emissora de cartões pré-pagos, passando a operar dentro do sistema financeiro nacional para gerenciar contas de pagamento pré-pagas. Ao pedir buscas e apreensões e bloqueio de contas bancárias, a PF incluiu a Brasil Cash em uma lista de empresas contra as quais pediu a “suspensão da atividade econômica” por “cometimento de ilícitos”. Detalhes da operação foram antecipados pelo Estadão e confirmados pelo Metrópoles.

A licença do BC foi concedida quando a Brasil Cash e seu dono, Maurício Caviglia, já eram investigados por movimentações milionárias suspeitas em benefício de investigados ao T10 Bank, um falso banco que, segundo a Polícia Federal, abrigava valores de empresa de ônibus suspeita de ser controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Funcionando por fora do sistema bancário, o T10 serviria para que a empresa driblasse bloqueios em débitos tributários milionários.

A PF afirma que a Brasil Cash também tem como contador Aedi Cordeiro dos Santos, apontado como um dos líderes do esquema de lavagem de dinheiro bilionário. Entre as movimentações suspeitas da Brasil Cash, estão valores de outros investigados por fraude tributária e R$ 2 milhões de empresas suspeitas de serem testas de ferro do T10 Bank.

Dono da Brasil Cash, Maurício Caviglia já foi envolvido em outras denúncias de lavagem de dinheiro. Ele foi acusado no passado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de lavagem de dinheiro para uma empresa que mantinha contratos com a Junta Comercial de São Paulo. Foi absolvido pela Justiça.

Na Operação Concierge, a Polícia Federal não pediu a prisão de Caviglia. Ele foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento próximo da Avenida Paulista. Suas empresas também foram objeto de ordem de bloqueio bancário. As investigações já ocorriam desde 2023, portanto, antes de o Banco Central dar autorização para a Brasil Cash.

Quando obteve a autorização do BC, Caviglia afirmou à imprensa que profissionais como “personal trainer” ou até uma vendedora de joias teriam maior facilidade para se dedicarem à “gestão financeira” de suas empresas. “Eles baixam o app Brasil Cash, e podem oferecer aos clientes a opção do pagamento em até 21 vezes no cartão e receber o dinheiro na hora em suas contas, sem desembolsar taxa alguma”, disse. 

Procurada pelo Metrópoles, a Brasil Cash afirma que tem “atuação absolutamente regular e regulamentada pelo Banco Central do Brasil” e que “sempre pautou suas atividades pela mais absoluta ética e comprometimento com a lisura de sua atuação”.

“Cabe esclarecer que a empresa não é investigada na referida operação e está colaborando para a elucidação dos fatos. Ademais, as acusações infundadas feitas ao seu diretor Mauricio Caviglia carecem de conexão com a realidade, o que restará comprovado na ação”, diz.

Questionado sobre a autorização para a Brasil Cash, o Banco Central afirmou que “não comenta casos específicos”.

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