Bala que matou PM no Guarujá atingiu área tatuada: “Armas de fogo não alcançarão”
PM Patrick Bastos Reis foi morto com um tiro no tórax, onde havia uma tatuagem com trecho da Oração de São Jorge
atualizado
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São Paulo – A bala de calibre 9 milímetros que matou o policial militar Patrick Bastos Reis, de 30 anos, entrou pelo ombro esquerdo, atingiu os dois pulmões e a aorta e perfurou o seu tórax. Nessa área do corpo, o PM havia tatuado a seguinte oração: “Armas de fogo o meu corpo não alcançarão. Facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar”.
A descrição do trajeto do tiro consta no laudo necroscópico de Patrick. Segundo o médico legista Vinicius Cunha Venditt, que assina o documento, o PM das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) morreu de “hemorragia interna aguda traumática”. As informações do laudo foram divulgadas pelo UOL e confirmadas pelo Metrópoles.
Na descrição do cadáver, o médico também listou as características físicas do policial da Rota e descreveu suas tatuagens. Além do trecho da Oração de São Jorge, Patrick havia tatuado “only the strongest will survive” (“só os mais fortes sobrevivem”, em tradução livre), na clavícula direita, e “together forever” (“juntos para sempre”), na clavícula esquerda.
O policial também tinha tatuado um nome masculino, o número “195762”, linhas irregulares, ideograma oriental, desenhos tribais e a inscrição “mens sana in corpore INSANO”, que se traduz em “mente são, corpo ‘insano’”, variação que faz referência a uma citação clássica em latim.
Assassinato
Patrick foi morto durante uma ação na biqueira da Seringueira, no Guarujá, no litoral paulista, no dia 27 de julho. Na ocasião, uma viatura da Rota foi recebida a tiros ao manobrar nas proximidades da boca de fumo.
Para a Polícia Civil, o autor do tiro que matou o policial é Erickson David da Silva, o Deivinho, de 28 anos, que atuaria como “segurança” da boca de fumo. Apesar de admitir estar no local na hora do crime, ele nega que tenha apertado o gatilho.
Marco Antônio de Assis Silva, 26, o “Mazaropi”, e Kauã Jazon da Silva, 20, que é irmão de Deivinho, também foram indiciados. Segundo a investigação, eles “dividiam as funções e nada fizeram para conter a ação de Deivinho”.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acatou a versão policial e ofereceu denúncia contra os três homens na segunda-feira (7/9). Entretanto, a promotoria pediu uma série de diligências, como a realização de confronto balístico.
O MPSP mandou, ainda, a polícia fazer perícia no local para descrever “de onde os tiros foram disparados, posição dos suspeitos, posição da viatura, visibilidade dos envolvidos”.
A juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal do Guarujá, considerou que havia indícios de autoria, aceitou a denúncia do MPSP e concordou em manter os três acusados presos preventivamente.
“A estreita ligação dos réus com a criminalidade evidenciam a periculosidade real que coloca em risco a ordem pública”, escreveu a magistrada. “Restou demonstrada nos autos a existência de uma associação armada que atuava na biqueira da Silveira, voltada para a prática dos crimes de tráfico de drogas”.