Avanço do mar em SP: para Fundação, realocações podem ser discutidas
Fundação Florestal, gestora da Barra do Una, em Peruíbe (SP), afirmou que a realocação de moradias tradicionais será discutida se necessário
atualizado
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São Paulo — A Fundação Florestal (FF), responsável pela gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Barra do Una, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, afirmou que a realocação de moradores tradicionais será discutida com o Conselho Deliberativo da RDS, se necessário, para garantir a eficácia e a sustentabilidade das ações contra o processo erosivo da costa.
De acordo com a FF, a área afetada pela erosão costeira abriga várias moradias, incluindo quatro pertencentes a moradores tradicionais da região. As demais residências são ocupadas por veranistas e estão atualmente sob ação civil pública de reintegração de posse à Fazenda do estado.
Em nota divulgada no último sábado (3/8), há informação de que uso de “bags de areia” são opções para a contenção dos trechos mais afetados. A gestão ainda solicitou apoio municipal para reforçar o cordão arenoso da Avenida Beira Mar, preparando-se para as ressacas de inverno.
A Fundação Florestal utiliza drones para a captura de imagens (veja abaixo) aéreas detalhadas da área afetada pelo avanço do mar desde 2020. As fotos coletadas fornecem dados fundamentais para compreender o processo de erosão, que auxiliam no planejamento de ações efetivas.
Os moradores tradicionais apoiam o monitoramento visual da situação enquanto compartilham com a gestão informações sobre alterações observadas, especialmente durante ressacas fortes.
O monitoramento considera o processo sedimentar, a dinâmica estuarina da área e os prováveis efeitos da erosão. Com base nas análises atuais, foi recomendada a recuperação e proteção das dunas frontais como medida para a mitigação.
Erosão costeira
A Fundação Florestal define a erosão costeira como um fenômeno natural que ocorre nas áreas costeiro-marinhas e no litoral sul do estado de São Paulo.
O avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, impacta a vegetação de restinga e ameaça casas e edificações próximas. O fenômeno, intensificado por fatores humanos, afeta diretamente a biodiversidade e as comunidades locais.
Segundo o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Turra, cerca de 40% da região costeira brasileira está vivenciando um severo processo de erosão. Os dados estão em um documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018.
“A erosão costeira tem várias causas”, explica o professor, “desde a retirada de areia rio acima, a construção de barragens, o aumento ou a diminuição de chuva, as mudanças climáticas, o padrão de ocupação local”.
Na Barra do Una, em Peruíbe, um dos processos erosivos é o de ocupação da bacia hidrográfica da região, que vem fazendo com que haja alteração na desembocadura do rio. “Esse é um movimento natural que ocorre no passado geológico ou em momentos que não ocorria ocupação humana”, confirma o professor.