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Aumento de Covid e dengue deve pressionar Saúde em SP no pós-Carnaval

Com mais de 10 mil casos de dengue confirmados, capital paulista vive também uma alta no número de infecções por Covid-19

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Imagem mostra mosquito aedes aegypti, que transmite várias doenças, como a dengue, em uma superfície marrom - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra mosquito aedes aegypti, que transmite várias doenças, como a dengue, em uma superfície marrom - Metrópoles - Foto: GettyImages

São Paulo — Os serviços de Saúde da capital paulista devem ter um pós-Carnaval conturbado, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles. Com mais de 10 mil casos de dengue confirmados, a cidade também vive uma alta no número de infecções por Covid, cenário que tende a piorar após as grandes aglomerações do Carnaval paulistano.

A expectativa, dizem os entrevistados, é de que São Paulo sofra uma pressão nos atendimentos hospitalares. “Vai ter uma demanda sobreposta das duas doenças”, explica Wallace Casaca, professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e coordenador da Plataforma Info Tracker, que monitora a evolução dos casos de coronavírus no estado.

Uma análise feita por Wallace mostrou que o número de casos de Covid confirmados na capital paulista mais que dobrou nas duas últimas semanas de janeiro.

Entre os dias 21 e 27 de janeiro, a cidade tinha registrado 1822 novos casos da doença. Na semana seguinte, entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro, os registros saltaram para 3678 infecções, um crescimento de 102%.

A média diária de casos na cidade teve um aumento ainda mais expressivo. Entre os dias 24 de janeiro e 7 de fevereiro, a média móvel de registros diários cresceu 219%, indo de 192 casos para 613.

Ele afirma que a cidade importou casos das subvariantes do grupo JD e JN.1, que têm alta transmissibilidade. No Carnaval, com as ruas lotadas de foliões, o vírus pode ter encontrado ainda mais facilidade para avançar entre os paulistanos.

“O Carnaval acaba corroborando para aumentar a velocidade de espalhamento dessas subvariantes”, afirma o professor.

Wallace diz que o poder público precisa estar atento aos dados para preparar os serviços de Saúde e defende o aumento de leitos para lidar com uma possível sobrecarga no sistema hospitalar.

“[A situação] vai acabar gerando uma pressão no sistema hospitalar do município”, diz ele.

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo afirma que mantém vigilância constante os casos de Covid e dengue na cidade, o que permite “uma adaptação ágil das medidas de controle”.

“Nesse momento, a pasta não registra aumento nas internações por Covid, mas havendo necessidade, leitos específicos podem ser ativados. Os fluxos de atendimento para pacientes com Covid e outras doenças respiratórias ocorrem separadamente”, disse a pasta, por meio de nota.

A Prefeitura afirma ainda que intensificou as ações de combate ao mosquito da dengue e aumentou em seis vezes do número de agentes nas ruas, além de abrir uma tenda na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 26 de Agosto, em Itaquera, para atender pacientes com sintomas de infecção pelo aedes aegypti.

Preocupação no resto do estado

A situação de outras cidades do estado, que enfrentam aumento das duas doenças, também preocupa.

Nesta quarta-feira (14/2), a cidade de Suzano, na Grande São Paulo, decretou emergência por causa do crescimento da Dengue. O Metrópoles já havia noticiado que outros seis municípios adotaram a medida.

Presidente do Conselho Municipal dos Secretários de Saúde (Cosems), Geraldo Reple diz que os municípios estão “atentos” para o crescimento simultâneo de registros de dengue e Covid, mas descarta a necessidade de pensar em um aumento de leitos no momento.

“Ainda é muito cedo para falar em ampliação de leitos”, disse ele, que é secretário de Saúde em São Bernardo do Campo.

O secretário diz que as cidades observam a subida de casos de Covid desde o fim do ano passado e já esperam um crescimento da doença pós-Carnaval. “Estamos todos nos preparando”, disse ele.

Segundo Reple, alguns municípios ampliaram seus horários de atendimento nos serviços de Saúde para receber a população e outros têm reforçado as ações de combate a dengue.

Para o infectologista Carlos Magno Fortaleza, diretor da Faculdade de Medicina da Unesp, é importante que os governos municipais preparem suas equipes de saúde para identificar casos graves das duas doenças.

“A extensão de horários [dos postos] também é extremamente necessária em alguns casos”, afirma o médico.

Ele afirma que os casos de Covid não devem gerar muitos casos graves graças à vacinação e diz que a preocupação principal no momento é a dengue.

“Estamos vivendo uma emergência epidemiológica de dengue”, diz o infectologista.

Ex-coordenador da Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo, Carlos alerta sobre a necessidade de que a população procure atendimento para tratar a doença: “Se você está com febre procure um médico”.

Sintomas da dengue

Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações clínicas incluem:

  • Febre alta: a temperatura corporal pode atingir valores significativamente elevados, geralmente acompanhada de calafrios e sudorese intensa;
  • Dor de cabeça intensa: a dor é geralmente localizada na região frontal, podendo se estender para os olhos;
  • Dores musculares e nas articulações: sensação de desconforto e dor, muitas vezes referida como “quebra ossos”;
  • Náuseas e vômitos: podem ocorrer, contribuindo para a desidratação;
  • Manchas vermelhas na pele: conhecidas como petéquias, essas manchas podem aparecer em diferentes partes do corpo;
  • Fadiga: uma sensação geral de fraqueza e cansaço persistente.
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes

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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos

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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte

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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada

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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas

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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas

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Tratamento

O tratamento da dengue visa aliviar os sintomas e garantir a recuperação do paciente. Algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde incluem:

  • Hidratação adequada: a ingestão de líquidos é fundamental para prevenir a desidratação, especialmente durante os períodos de febre e vômitos;
  • Uso de analgésicos e antitérmicos: medicamentos como paracetamol podem ser utilizados para reduzir a febre e aliviar as dores;
  • Repouso: descanso é essencial para permitir que o corpo combata o vírus de maneira mais eficaz;
  • Acompanhamento médico: em casos mais graves, é crucial procurar assistência médica para monitoramento e tratamento adequado;
  • Evitar automedicação: o uso indiscriminado de alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e aspirina, pode agravar o quadro clínico, sendo contraindicado na dengue.

Prevenção da dengue

Além do tratamento, a prevenção da dengue é crucial. Medidas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, uso de repelentes, telas em janelas e portas, além da conscientização da população sobre a importância dessas práticas, são enfatizadas pelo Ministério da Saúde.

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