Bateria de escola e rifa para ver jogos: torcedora morta vivia o Palmeiras
Torcedora palmeirense de 23 anos morreu após ser atingida por estilhaços de garrafa antes de jogo contra o Flamengo, sábado (8/7), em SP
atualizado
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São Paulo — A paixão pelo Palmeiras movia a jovem torcedora Gabriela Anelli Marchiano, 23 anos, morta após ser atingida por estilhaços de uma garrafa durante uma briga de torcidas no entorno do Allianz Parque, em São Paulo, no último sábado (8/7), horas antes da partida entre Palmeiras e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro.
“Tem meninas da idade dela que gostam de ir para baile funk, que gostam de ir para sertanejo, e ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa”, resumiu o pai, Ettore Marchiano. Ele contou que a filha “se encontrou” como torcedora e que viajava para acompanhar os jogos do time. “Ela foi para jogos fora do país, no Rio, em Brasília, e veio essa fatalidade aqui no nosso quintal”, completou.
Um amigo de Gabriela contou que ela fazia rifas a fim de levantar dinheiro e conseguir viajar ao exterior para assistir aos jogos do Palmeiras pela Copa Libertadores da América.
“Ela amava estar no estádio, era o que ela gostava. Ela adorava o espetáculo, admirava os jogadores. Gostava muito de estar ali”, contou o irmão Felipe Marchiano.
Escolinha de bateria
Integrantes da torcida Mancha Alvi Verde confirmaram que ela frequentava a sede de algumas organizadas do clube, como a própria Mancha e a TUP. Além disso, Gabriela chegou a fazer a escolinha de bateria da Mancha para poder participar do desfile da escola no Carnaval paulistano.
Ainda nos encontros da torcida, a mãe da jovem, Dilcilene Prado, disse que ela costumava participar de ações sociais com crianças em datas festivas, como a Páscoa e o Dia da Criança. “Ela sempre estava ali ajudando, amando o time dela”, disse. “Tiraram a nossa menininha da gente.”
Os pais também foram ao jogo do Palmeiras contra o Flamengo na noite de sábado, no Allianz Parque, zona oeste da capital paulista, e só souberam que a filha sequer havia entrado na arena porque foi atingida no pescoço por estilhaços de uma garrafa de vidro e levada para o hospital após o término da partida.
Segundo os pais da jovem, a família voltou a morar em São Paulo há dois anos, após uma temporada em Curitiba. Atualmente, eles moram em Campo Limpo, bairro da zona sul da capital.
De acordo com a família, Gabriela estava estudando para cursar Tecnologia da Informação. Os pais contaram, ainda, que ela era portadora de uma doença pulmonar autoimune. “Gabriela sempre foi a minha luz. Lutadora desde pequena com problema de saúde”, disse a mãe.
Prisão em flagrante
A Polícia Civil de São Paulo informou que, no próprio sábado, prendeu em flagrante Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, suspeito de atirar a garrafa que atingiu e matou Gabriela.
Segundo a polícia, ele é ex-integrante da torcida organizada do Flamengo Flamanguaça e não tinha passagem pela polícia. Ele vai responder por homicídio doloso.
Em entrevista, o delegado Cesar Saad, da Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte, afirmou que Leonardo admitiu ter arremessado a garrafa, mas diz que não teve a intenção de atingir a torcedora.
“Ele arremessou uma garrafa, ele sabia que podia atingir o resultado morte e foi o que aconteceu”, afirmou o delegado.
Uma gravação feita por um torcedor do Palmeiras registrou o momento em que Gabriela é socorrida após ser alvo dos estilhaços de uma garrafa (veja abaixo). No vídeo, a torcedora aparece caída no chão desacordada.
Nas redes sociais, o Palmeiras postou uma nota de pesar: “Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento”.
Também em nota nas redes, a Mancha Alvi Verde lamentou a morte de Gabriela e afirmou que ela foi atingida quase três horas antes do jogo, em local diferente de onde houve confusão com torcedores do time carioca.