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Atuação do PCC na eleição é “muito maior do que se imaginava”, diz PM

Coronel responsável pelo setor de inteligência da PM paulista diz que cidades menores estão mais vulneráveis à influência política do PCC

atualizado

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Foto colorida do Coronel Pedro Luis de Sousa Lopes, do setor de inteligência da Polícia Militar de SP
1 de 1 Foto colorida do Coronel Pedro Luis de Sousa Lopes, do setor de inteligência da Polícia Militar de SP - Foto: William Cardoso/Metrópoles

Recife — O coronel Pedro Luís de Sousa Lopes, responsável pelo setor de inteligência da Polícia Militar (PM) paulista, afirmou nesta quinta-feira (15/8), no encontro anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que há uma preocupação da corporação sobre a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições deste ano.

“Hoje, existe uma inclinação perigosa em relação à política”, disse o coronel. “É muito maior do que imaginava. Não dá para falar em 100, 200 municípios”, afirmou o coronel Lopes (foto em destaque), explicando que o envolvimento da facção criminosa na política ocorre de uma forma generalizada.

Segundo ele, há uma preocupação não só em relação ao dia da eleição, mas principalmente sobre o financiamento de campanha. “Quanto menor o município, mais vulnerável”, afirmou. “Tem vários municípios com indícios muito palpáveis de que já há alguma movimentação importante do crime para participar como financiador de campanha eleitoral”, disse.

Durante a apresentação, o coronel citou um caso ocorrido no Guarujá, no litoral paulista, envolvendo um suspeito de fornecer serviços à prefeitura local que foi assassinado recentemente. A vítima que sobreviveu ao ataque era um vereador do município.

Ao falar sobre a atuação do PCC nas comunidades, por exemplo, Lopes disse que o crime organizado não pode impedir a realização de campanhas eleitorais de opositores para beneficiar seus candidatos.

“Não posso permitir que em determinado território legenda A, B ou C não possa circular”, disse.

Segundo o coronel responsável pela inteligência da PM, já ocorreram reuniões com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para tratar do assunto, com todos os gestores regionais.

“O que está sendo tratado com o TRE e as legendas é que nos precisamos ser informados sobre qualquer tipo de ingerência ou manifestação que possa implicar em limitação do processo eleitoral em virtude de prática criminosa dessa natureza. Temos recebido bastante material por conta dessa interlocução”, afirmou.

Dinheiro

Ao longo de sua apresentação, o responsável pela inteligência da PM paulista disse que os lucros obtidos pela facção com o tráfico quadruplicaram. Ou seja, o PCC tem agora muito mais dinheiro na mão do que jamais teve. “O que mudou foi o tráfico internacional de drogas. De 2014 em diante, eles estão capitalizados e a dinâmica mudou. Tenho que reconhecer que mudou. Tem dinheiro para financiar [campanhas]”, disse.

“Ele está com dificuldade para ‘branquear’. Ponto. É muito dinheiro, muito dinheiro. Tanto é verdade que não é nem a estratégia mais inteligente, porque eles estão se expondo. Tem uma série de contratos públicos expondo integrantes da cúpula do PCC”, afirmou. “Talvez, seja excesso de confiança. O fato é que estão expostos.”

O coronel citou como exemplo a investigação sobre o transporte público na capital paulista.

Sobre o fato de contratos públicos se tornarem mais fonte de renda para o PCC, Lopes disse que “é o caminho das máfias italianas”. “Se não fizer nada, esse é o caminho. Em algum momento, a gente não vai saber mais o que é ou não é crime”, disse. “Por exemplo, já tenho integrantes importantes da cúpula que estão atuando em empreitada criminosa impotante que não tem antecedente criminal. Tenho que tomar cuidado.”

Sobre de que forma a PM pretende coibir a atuação do PCC, o coronel afirmou que o trabalho será mantida a maneira atual. “Não preciso mudar meu escopo. Monitorando liderança me coloca dentro do contexto. É uma prioridade da liderança se envolver nesse aspecto com ‘branqueamento’ de capital. O que preciso fazer? Continuar a fazer o que estou fazendo de forma mais eficiente, só isso.”

 

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