Ato em favor da Livraria Cultura tem leitura de textos e protesto
Poucos atores marcam presença em movimento pró-Livraria Cultura e ex-funcionária aproveitou o ato para protestar
atualizado
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Na última sexta-feira (10/2), o juiz Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, decretou a falência da Livraria Cultura. A fim de evitar que o estabelecimento feche as portas, nesta terça-feira (14/2), atores, atrizes, diretores, produtores e diretores participaram de um ato de ocupação do espaço. Uma ex-funcionária aproveitou para protestar.
O movimento partiu da gestão do Teatro Eva Herz, que funciona na livraria. Em publicação compartilhada nas redes sociais, pediam para que os participantes levassem um livro para fazer uma leitura de um minuto.
“Resolvemos reunir toda essa turma de que fez a história da livraria e também do Teatro Eva Herz para estar junto nem que seja o último suspiro”, explica André Acioli, gestor do teatro.
“Sabemos da decisão da Justiça e que ela tem de ser tomada. Mas não podemos negar que aqui também é um lugar muito potente de cultura.”
Uma voz contra
Em meio à leitura de poemas, textos e performances teatrais, a ex-funcionária Jéssica Ribeiro Santos, de 32 anos, fez o seu protesto. Pedro Herz, que fundou a livraria ao lado de sua mãe, Eva, que dá nome ao teatro, acompanhou os atos em silêncio. A ex-funcionária, demitida em 2020 e em posse do contrato de sua rescisão, protestou:
“Eu acho isso vergonhoso”, disse protestando sobre seis parcelas de R$ 600 de sua restituição que a livraria estaria devendo. “Vim aqui pedir o que é meu, eu trabalhei, eu prestei serviço. Antes de vocês se lamentarem, lembrem-se que a Cultura faliu devido à má administração do senhor Sérgio Herz (CEO da Cultura).”
Para contemporizar, a atriz Clarice Niskier, que está em cartaz no teatro com a peça “Alma Imoral”, desde 2008, disse que se a livraria fechar mais difícil será para pagar os funcionários e fez um apelo:
“Justiça brasileira, existem muitos direitos pendentes que não foram honrados, infelizmente. Por favor, aceitem o recurso, mantenham essa livraria aberta. Um dos principais motivos é para que as pessoas, que deram o sangue por essa livraria, possam receber pelo seu trabalho.”
Procurado pela reportagem, Pedro Herz se limitou a dizer que o ocorrido não foi em sua gestão.
Em favor do teatro
A adesão ao ato foi pequena. Passaram por lá o diretor Elias Andreato, as atrizes Rosi Campos, Tuna Duek, Martha Nowill, Clarice Niskier, Leona Cavalli e outros produtores de teatro. Os presentes marcaram sua presença principalmente em favor da sala de teatro, que já recebeu cerca de 160 montagens.
Atualmente, há três peças em cartaz: “#Parisileiro”, de Paul Cabannes, com ingressos quase esgotados para todas as sessões; “Eu sempre soube”, com Rosane Gofman; e “Alma Imoral”, com Clarice Niskier. Em março, está prevista a reestreia de “Pagu, até onde chega a sonda”, de Martha Nowill, que já está com boa parte dos ingressos vendidos.
O palco do teatro Eva Herz já recebeu atores como Jô Soares, Domingos Montagner, Denise Fraga e o primeiro show da dupla Anavitória.
“A Cultura foi a primeira livraria no mundo a ter um teatro dentro”, diz André Acioli, gestor do Eva Herz. “Esse ato é para preservar a memória. O livro é algo que fica. Agora, o teatro, não. O teatro é a memória. Quando você assiste a uma peça, o que fica é o que você viu. Não tem registro.”