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Atleta organiza primeiro “MMA trans” do mundo em São Paulo

Cris Macfer é o 1º atleta de artes marciais mistas a se identificar como homem trans na história do MMA; evento ocorre em novembro deste ano

atualizado

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Em foto colorida atleta de cabelo curto está de costas usando camiseta regata azul na qual está escrico Macfer em meio a um circulo do ying yang, branco e azul, com um fundo semelhante a chamas de fogo - Metrópoles
1 de 1 Em foto colorida atleta de cabelo curto está de costas usando camiseta regata azul na qual está escrico Macfer em meio a um circulo do ying yang, branco e azul, com um fundo semelhante a chamas de fogo - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo — Primeiro atleta na história a se assumir como homem trans no MMA, Cris Macfer, de 30 anos, está organizando o primeiro evento de artes marciais mistas, com lutadores transgêneros do Brasil. Batizada de Trans Fighter, a competição ocorre em novembro em São Paulo e já está com seis lutas confirmadas.

A realização do evento, segundo Cris, irá não apenas celebrar o respeito e a disciplina ensinados com as artes marciais, mas também ajudar a motivar a reflexão e propor debates sobre as questões de gênero.

Tricampeão mundial e bicampeão brasileiro de hapkidô (arte marcial coreana), além de bicampeão mundial de jiu-jitsu, Cris também encontrou na luta um caminho de autoconhecimento e de como lidar com o preconceito.

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Trans Fighter é o primeiro evento de MMA Transgênero do mundo
Cris decidiu entrar no MMA para levar beleza das artes marciais para octógono
Cris lutou na categoria feminina do MMA, onde se identificou como homem trans
Cris começou a praticar artes marciais aos 13 anos e não parou mais
Primeiro atleta trans da história do MMA pratica quatro artes marciais
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Cris lutou no MMA feminino, quando se identificou como homem trans

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Trans Fighter é o primeiro evento de MMA Transgênero do mundo

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Cris decidiu entrar no MMA para levar beleza das artes marciais para octógono

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Cris lutou na categoria feminina do MMA, onde se identificou como homem trans

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Cris começou a praticar artes marciais aos 13 anos e não parou mais

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Primeiro atleta trans da história do MMA pratica quatro artes marciais

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Cris saiu dos ringues para investir em projeto de conscientização, por meio das artes marciais

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Cris defende que as artes marciais estão além da preparação do corpo

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Cris e sua noiva

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Nascido no interior de Minas Gerais, em maio de 1993, o atleta se identificou como homem trans em 2015. Antes disso, sentia-se em uma crise existencial, por causa da atração por mulheres.

“Eu não sabia o que era uma pessoa trans. Cheguei a pensar que era lésbica, por me sentir atraído por mulheres. Mas com o tempo, e estudo, percebi que minha questão era outra.”

Quando se identificou como homem trans, Cris já competia no MMA feminino, onde ingressou em 2013.

“Bonito de ver”

No início, ele achava o esporte violento, uma briga de egos. “Por fim, decidi participar, para levar para o octógono a plasticidade das artes marciais que pratico, junto com o respeito ao adversário. Queria que as pessoas me vissem lutar e achassem bonito de ver.”

Após se identificar como homem trans, Cris decidiu estudar o tema, para poder entendê-lo e também para conseguir explicar às pessoas sobre as questões de gênero.

Isso durou cerca de três anos, até que, em 2018, foi a público e se assumiu como o primeiro atleta trans masculino do MMA. Mesmo assim, continuou sendo tratado como mulher, como se nada tivesse acontecido. “Há muito machismo”, afirma.

Mais de três anos se passaram e ele decidiu abandonar a categoria feminina do MMA, antes de iniciar os tratamentos e cirurgias para a transição de gênero. Em 2022, ele retirou os seios.

O MMA permite que atletas trans lutem com atletas dos gêneros com os quais se identificam. Mas Cris decidiu não ingressar na categoria masculina do torneio.

 

“Meu receio era o atleta masculino resolver lutar comigo, não para competirmos com respeito, mas para me bater e tentar provar ser mais homem do que eu”, explica.

Com base nisso, o lutador decidiu criar uma nova categoria de MMA, na qual somente pessoas trans iriam competir. Nascia ali o Trans Fighter. A competição chegou a ter 40 atletas confirmados, mas o número teve uma drástica queda.

“Pessoas dentro do próprio movimento LGBTQIA+ criticaram o evento, alegando que segregava. Foi uma má interpretação que acabou assustando alguns atletas. Com a realização dessa primeira edição, em São Paulo, vou mostrar que o Trans Fighter está além de um torneio de artes marciais.”

O evento ocorre no último fim de semana de novembro, na zona norte paulistana. Os endereços do local de pesagem, um ritual clássico antes das lutas, assim como a localização do octógono ainda serão divulgados.

As categorias propostas por Cris são dividias em T1, T2 e T3. Na primeira participam atletas que não iniciaram o tratamento hormonal ou não queiram realizá-lo. Nas demais, são divididos conforme o tempo em que estão fazendo o tratamento.

Briga de irmãos

Uma briga com seu irmão caçula foi o gatilho para Cris ingressar nas artes marciais.

Após a separação dos pais, Cris, o irmão e a mãe se mudaram de Viçosa para Ervália, cidade onde o atleta nasceu, na Zona da Mata Mineira. Foi quando o caçula começou a treinar hapkidô e taekwondo, por meio de um projeto social do município.

“Um dia meu irmão chegou em casa, falando que ia me bater, que daquele momento em diante eu teria que respeitar ele. Aí, decidi entrar nessa para mostrar para ele que arte marcial não era aquilo.”

Aos 13 anos, a então Crislayne foi para o tatame, onde começou a se sentir fora dos padrões ao perceber que gostava de meninas. Cris namorou uma aluna do projeto e foi expulso. Segundo relata, foi a primeira vez que sentiu na pele o preconceito.

Por morar em uma cidade pequena, a notícia correu rápido, atrapalhando os treinos de Cris. À época, treinava para tentar conquistar o quarto mundial de hapkidô.

Foi quando ele começou a treinar jiu-jitsu e muay thai, em 2011, incentivado pela mãe. Por praticar, ao todo, quatro artes marciais, dois anos depois ele migrou para o MMA.

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