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Atendimento psicológico em escola alvo de ataque durou só 90 dias

Professores da Escola Estadual Thomazia Montoro afirmam que se sentem desamparados; governo prometeu ampliar programa de psicólogos na rede

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1 de 1 imagem colorida mostra fachada da escola thomazia montoro; professores reclamam da falta de atendimento psicológico - metrópoles - Foto: Jessica Bernardo / Metrópoles

São PauloProfessores da Escola Estadual Thomazia Montoro, alvo de um atentado que deixou uma educadora morta e 4 pessoas feridas em março de 2023, afirmam o atendimento psicológico oferecido a eles dentro da unidade de ensino durou apenas três meses.

Um funcionário, que preferiu não se identificar por medo de represálias, relatou ao Metrópoles que o suporte psicológico foi interrompido após as férias de julho de 2023, quando os professores foram encaminhados para a Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Sônia para continuar o tratamento.

“Até as férias, recebemos todo o suporte necessário, mas depois disso fomos deixados de lado”, disse o funcionário. Segundo o professor, profissionais da Universidade de São Paulo (USP) faziam até quatro visitas semanais à escola nos primeiros meses após o atentado. A frequência foi sendo reduzida gradualmente até que a assistência foi encerrada em julho.

Em setembro, a Secretaria Estadual da Educação deu início do programa Psicólogos na Escola, que colocou 550 profissionais para atuar nas 5 mil escolas da rede – um para cada 10 unidades. O professor entrevistado afirma, no entanto, que a psicóloga responsável pela Thomazia Montoro atende apenas aos alunos e divide sua agenda entre outras quatro unidades.

“O suporte para os alunos acaba sendo mínimo. Eles ainda têm bastante trauma e evitam falar do assunto. Esses dias atrás, por exemplo, quando todos foram para a quadra, um professor fechou a porta para ninguém ficar saindo e um aluno disse: ‘Professor, não fecha não. E se acontecer algo? Para onde vamos correr?’”.

Em meio a falta de acolhimento, o docente afirma ainda que os professores eram pressionados para apresentar bons indicadores na unidade. Segundo ele, pelo menos 5 profissionais saíram da escola desde o ataque por causa da pressão pelo desempenho.

A professora Ana Célia Rosa, 59 anos, deu aulas na escola até dezembro do ano passado e também critica a falta de atendimento psicológico. Segundo ela, os professores não eram atendidos pelo programa Psicólogos na Escola e a quantidade de profissionais empenhados no projeto é insuficiente para o tamanho da rede estadual.

“Como pode um psicólogo atender 10 escolas?”, disse a educadora. “O psicólogo e o assistente social deveriam estar em todas as escolas”.

Ela afirma que chegou a passar na UBS Vila Sônia durante várias semanas, mas recebeu encaminhamento para seguir com o tratamento na unidade perto de sua casa. Segundo ela, no entanto, o horário de abertura das unidades próximas a sua casa impedem que ela faça as consultas onde mora quando está trabalhando.

Nesta quarta-feira, o secretário da Educação Renato Feder visitou a escola e prometeu ampliar o programa Psicólogos na Escola, incluindo 117 novos servidores.

O Metrópoles questionou a secretaria desde o início da tarde sobre o tema.

Às 18h04, a pasta enviou nota afirmando que a gestão “direcionou seus esforços para que a comunidade escolar da unidade pudesse retomar a normalidade da melhor forma possível”.

Segundo a pasta, um plano de acolhimento aos estudantes, responsáveis e equipe escolar foi implantado, junto a especializada rede de apoio com Centro de Referência e Apoio à Vítima (CRAVI), Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Núcleo de Intervenções Psicológicas em Emergências e Desastres (Niped). Casos mais graves foram encaminhados à rede de saúde local, de acordo com a nota.

A secretaria afirma ainda que um profissional do programa Psicólogos nas Escolas realiza acolhimentos individuais na escola desde agosto. Como mostrou o Metrópoles, no entanto, os psicólogos do programa só passaram a atuar a partir de setembro e se dividem entre várias unidades. 

A pasta disse que o atendimento realizado pelos 667 profissionais do programa, incluindo as novas contratações realizadas para este ano, são “encontros coletivos de caráter escolar institucional, podendo, conforme o acompanhamento, haver autorização para atendimento individualizado excepcional e posterior orientação e encaminhamento para a rede protetiva, como unidades de saúde e CAPS”.

Ainda de acordo com a nota, a Seduc garante, em caso de necessidade, acesso a acompanhamento psicológico nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência, durante o horário regular de trabalho, conforme Portaria CGRH nº 06 (15/4/2023).

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