Assassino de fotógrafo faz confissão em vídeo: “Eu matei o moleque”
O artista Vinícius Santos Saavedra, de 23 anos, confessou em vídeo ter esfaqueado em seu apartamento o fotógrafo Felipe Ary de Souza
atualizado
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São Paulo – “Vocês querem falar que eu matei o moleque. Eu tô aqui pra falar que eu matei, sim. Eu matei, sim, o moleque”. Essa confissão foi gravada em vídeo pelo artista Vinícius Santos Saavedra, de 23 anos (veja abaixo).
Ele foi preso neste domingo (12/3), quatro dias depois de esfaquear em seu apartamento, no centro da capital paulista, o fotógrafo Felipe Ary de Souza, de 25 anos, conhecido como “Terremoto”, do coletivo Jornalistas Livres. Felipe morreu na Santa Casa de Misericórdia, no centro, mesmo local onde o autor do crime também procurou socorro.
O endereço da prisão de Vinícius não foi divulgado pela polícia. Ele foi para o local no dia 10, após ter alta hospitalar e se mudar às pressas do apartamento onde ocorreu o crime, na República.
“Sou uma pessoa que literalmente só se defendeu. O cara tentou me matar na minha própria casa. Eu só defendi a minha casa e a minha mulher”, afirmou o artista, durante o registro em vídeo, compartilhado em uma rede social e depois tirado do ar.
De acordo com um áudio encaminhado por Vinícius a uma pessoa identificada como Vick, quando ainda estava internado, Terremoto foi até a casa do artista para beber, ouvir música e supostamente cheirar cocaína. A namorada de Vinícius, Ivis Scarlet, de 23 anos, e um amigo do casal também estavam presentes.
Desentendimento
Durante uma conversa, Vinícius e Felipe se desentenderam, depois que o fotógrafo ter supostamente afirmado não se importar em se relacionar com pessoas comprometidas.
“Aí, ele me falou o seguinte. Ele me falou que ele é solteiro. Entendeu. Ele falou que é solteiro. E que se alguém quiser trair seu ‘cônjugue’ (sic) ficando com ele, isso é problema do casal e não dele. O Terremoto falou isso pra mim embaixo do meu teto. Entendeu? Na minha casa”, diz Vinícius, em trecho do áudio.
Felipe teria intimado Vinícius, para que ambos fossem até a rua para brigar. Mas as agressões principiaram dentro do apartamento.
“Só que o Terremoto, por ele ser mais forte, mais grandão, ele conseguiu levar a melhor. Ele conseguiu me derrubar no chão. Ele conseguiu me enforcar. Só que no meio da confusão tinha uma faca, que caiu no chão, entendeu? Eu furei ele com a faca e ele me soltou. Ele pegou a faca e me furou também. Eu tô no hospital aqui agora, entendeu. Eu não sei, mas acho que ele morreu”, diz ele, em outro trecho do áudio (ouça abaixo).
Internação
Vinícius permaneceu internado por dois dias na Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, centro de São Paulo. Ele foi ferido na região do tórax e na mão esquerda.
O artista afirmou ter sido procurado por policiais, ainda no hospital, para os quais confessou ter esfaqueado o fotógrafo. Felipe foi levado para a mesma unidade de saúde.
“Eu vi, parceiro, eu vi o corpo dele [Terremoto] na minha frente lá [no hospital]. Os policiais perguntaram se era ele e eu respondi que era. Eu tô livre e não me prenderam.”
Vinícius alega ter agido em legítima defesa, reforçando a todo tempo que a vítima estava sob efeito de drogas.
“Parceiro, ele tava cheirando pó [cocaína] na minha casa, parceiro. Ninguém fala disso. Ele é o santo que morreu doidão e eu sou o louco que matou o cara doidão. Mas eu sou o louco que foi furado também, caralho, dentro da minha própria casa.”
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo corrobora que a vítima e o autor se armaram com facas, após uma discussão.
Vinícius saiu do local, acompanhado da namorada, por volta das 4h30, para irem até o hospital. Uma câmera de monitoramento registrou que a camiseta dele estava manchada com sangue. Ele a retirou antes de seguir para a Santa Casa.
As investigações estão a cargo do 3º DP (Campos Elíseos). Segundo a delegacia, um inquérito já foi instaurado para apurar “todas as circunstâncias do caso.”
Vinícius acabou sendo preso e permanecia na cadeia até a publicação desta reportagem. Um terceiro envolvido na briga seria ouvido nesta segunda-feira (13/3). “As investigações prosseguem”, informou a secretaria, por nota.
O corpo do fotógrafo foi sepultado nesse sábado (11/3) no cemitério Nova Cachoeirinha.