Arquidiocese de SP questiona CPI para apurar ONGs e Padre Júlio
Em nota, Arquidiocese de São Paulo diz que articulação para instalar CPI causa “perplexidade”, principalmente por ocorrer em ano eleitoral
atualizado
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São Paulo – A Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota, nessa quarta-feira (3/1), em que questiona o motivo por trás do interesse de vereadores da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam com moradores de rua e dependentes químicos da Cracolândia. Um dos alvos seria o Padre Júlio Lancellotti, crítico da gestão municipal.
Segundo a Arquidiocese, a articulação dos vereadores pela CPI causa “perplexidade”, principalmente por ocorrer em ano eleitoral.
“Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população de rua. Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”, diz a nota.
A Arquidiocese afirma que Padre Júlio não é político e exerce um importante trabalho social.
“Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o Vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo ‘para o Povo de Rua’ e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade. Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade.”
24 assinaturas
A iniciativa da CPI é do vereador Rubinho Nunes (União), que já foi integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) e presidente da comissão que, no ano passado, propôs as mudanças no Plano Diretor e na Lei do Zoneamento da cidade.
Rubinho afirma que já conseguiu assinatura de 24 vereadores para requerer a instalação da CPI — número suficiente, de acordo com o regimento interno da Casa. Na capital, a Câmara precisa manter, obrigatoriamente, ao menos duas CPIs em andamento e haverá uma janela para a proposição de uma nova a partir de fevereiro.
Segundo o vereador, a proposta é apurar de que forma as ONGs que atuam na Cracolândia oferecem atendimento à população de rua e como interagem com o poder público. Há suspeitas, segundo Rubinho, de que algumas das entidades empregam auxiliares de políticos.
Amigo de Boulos
Padro Júlio Lancellotti é amigo do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), pré-candidato a prefeito que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano, e tem uma atuação criticada por aliados do prefeito Ricardo Nunes.
Em suas redes sociais, Boulos publicou uma foto estilizada do sacerdote católico com a frase: “Protejam o padre Júlio Lancellotti”.