“Ardilosa e vil”, diz MPSP sobre dupla de carro que bateu na contramão
MPSP, que pediu a prisão de Felipe Malheiro e Gustavo Cardozo, descreveu o caso que matou motorista de app como “bárbaro”
atualizado
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São Paulo — A denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que pediu a prisão de Felipe Gambeta Malheiro e Gustavo Moreira Cardozo, ambos de 21 anos, que estavam no carro que seguia em alta velocidade na contramão e colidiu de frente contra um veículo e matou o motorista de aplicativo Ednaldo de Souza Mendes, de 41 anos, em Guarulhos, na Grande São Paulo, caracterizou a personalidade da dupla como “ardilosa e vil”, afirmando que o delito foi praticado “de forma bárbara”.
O promotor de justiça Rodrigo Merli Antunes escreveu que “os crimes imputados aos denunciados são extremamente graves, sendo o homicídio caracterizado por sua hediondez, atingindo o bem maior do ser humano, qual seja, a vida”. A denúncia, obtida pelo Metrópoles, foi assinada na última terça-feira (30/7).
Felipe e Gustavo se entregaram à polícia após a Justiça expedir mandado de prisão preventiva. A dupla virou ré por homicídio doloso com dolo eventual, além de fraude processual. Nessa quinta-feira (1°/8) , eles foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória da cidade.
O MP afirmou a necessidade da condenação “como garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, ante a evidente periculosidade dos hábitos dos denunciados que, caso mantidos em liberdade, fatalmente voltarão a colocar em risco a segurança do trânsito, além de gerarem embaraços à instrução criminal”.
O promotor afirmou ainda que é “inquestionável” a autoria do crime por parte de Felipe e Gustavo ao descrever o momento da colisão. “Embora não fosse habilitado, Gustavo assumiu a direção de veículo automotor, após ingestão de bebida alcoólica e, trafegando em velocidade acima da máxima permitida, invadindo a contramão da via em área com sinalização de faixa dupla contínua, colidiu frontal e violentamente contra o veículo da vítima, que trafegava no sentido oposto, causando-lhe a morte”, relatou no texto.
Testemunhas que estavam no carro no dia da colisão afirmaram em depoimento à polícia que Gustavo “tinha o costume de conduzir veículos de terceiras pessoas”. Para o Ministério Público, isso “evidencia sua absoluta indiferença às normas estabelecidas para o convívio e segurança do trânsito”.
“Igualmente”, o MPSP denuncia, “Felipe concorreu de qualquer modo ao desfecho fatal e com ele foi indiferente, haja vista que entregou a condução do veículo automotor a Gustavo”.
Indução ao erro
Inicialmente, Felipe se identificou aos policiais militares como o condutor do veículo que provocou o acidente. Ele depois foi indiciado por fraude processual e por entregar carro a pessoa não habilitada, já que imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que ele sai pelo banco do passageiro do carro (assista abaixo). No vídeo, é possível ver Gustavo Cardozo saindo do carro pela porta do motorista.
Para o promotor de justiça, a dupla induziu “as autoridades públicas a erro, pois Gustavo entregou as chaves do veículo que conduzia a Felipe, deixando que ele se apresentasse como o condutor do automóvel”.
“Tudo a demonstrar que pretenderam e pretendem atrapalhar a correta elucidação dos fatos e a respectiva instrução criminal”, relatou o promotor Rodrigo Merli Antunes.
No dia da colisão, nenhum deles foi submetido ao teste do bafômetro. Os PMs que compareceram ao local entenderam que o rapaz que se apresentou como condutor não apresentava sinais de embriaguez, segundo disseram em depoimento.
Os policiais ainda relataram que não tinham, no local do acidente, o aparelho de etilômetro necessário para realizar o teste.