Após reforma ministerial, antipetismo toma conta do PSB paulista
Ala paulista do PSB se irritou com troca de Márcio França do ministério de Portos e Aeroportos para o recém-criado Micro e Pequenas Empresas
atualizado
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São Paulo – A saída de Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos, somada ao apoio do PT à candidatura de Guilherme Boulos (PSol-SP) à Prefeitura de São Paulo no próximo ano, tem levantado forte sentimento antipetista na ala paulista do PSB.
O presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, criticou publicamente o embarque de quadros do Centrão para compor o governo Lula (PT) no lugar de aliados de primeira hora. Mas nos diretórios estadual e municipal do PSB, o sentimento, descrito ao Metrópoles por filiados, é de “profunda traição”.
Integrantes do PSB paulista não enxergam mais o PT como um partido aliado no estado e reclamam que os petistas descumprem, frequentemente, acordos firmados com outras legendas.
Em 2022, Márcio França desistiu da disputa ao Palácio dos Bandeirantes para apoiar a então candidatura de Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda, e compor o palanque petista no estado. Na costura já havia sido acertado que ele integraria o governo Lula caso não fosse eleito para o Senado.
Ex-governador paulista e ex-prefeito de São Vicente, França é o grande expoente do PSB paulista. Ele ironizou, nas redes sociais, a entrega do ministério dos Portos e Aeroportos para Silvio Costa Filho, correligionário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Embora Tarcísio tenha dito, inicialmente, que se desfiliaria caso o Republicanos embarcasse no governo Lula, o Metrópoles apurou que ele continuará no partido, já que é defensor de uma das bandeiras mais combatidas por França nos oito meses em que o pessebista esteve à frente da pasta: a privatização do Porto de Santos.
PSB x PT: Efeito Alckmin e candidatura de Tabata
Os pessebistas também enxergam falta de comprometimento do PT com o PSB após a sigla ter emplacado Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial. O bom desempenho de Lula em São Paulo é visto, internamente, como um trunfo de Alckmin – e portanto, na visão dos filiados, do próprio PSB.
Para eles, a cereja do bolo tem sido o isolamento do PSB na disputa à Prefeitura de São Paulo para 2024, com a pré-candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).
Embora o Metrópoles tenha mostrado que existe um acordo para que Tabata seja poupada de ataques durante a campanha, filiados disseram que o sentimento é de “menosprezo” à entrada dela na disputa e que faltou mais diálogo do PT com o partido para as eleições do próximo ano.