Após recordes de calor em SP em 2023, o que esperar do clima em 2024?
Prognóstico climático do Inmet aponta que, neste verão, temperaturas serão mais altas e chuvas, mais intensas na região Sudeste; entenda
atualizado
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São Paulo — Após ter registrado ondas de calor intenso e recordes de temperatura em diferentes regiões em 2023, o estado de São Paulo se prepara para um 2024 que tende a ser ligeiramente mais quente — ainda que com um verão com muita chuva.
Longe de ser uma realidade isolada, a crise climática teve impacto global ao longo de 2023. De acordo com o observatório europeu Copernicus Climate Change, o ano que terminou nesse domingo (31/12) foi o mais quente da história em todo o planeta. É por causa desse cenário que os prognósticos para 2024 causam tanta preocupação.
Motivos para alerta existem. No caso da região Sudeste e, mais especificamente, de São Paulo, a tendência é de que o verão siga extremamente quente, com episódios de chuvas acima da média, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A previsão de chuvas fortes é motivo especial de apreensão em razão dos estragos causados pelo mesmo fenômeno em 2023: em fevereiro, um temporal devastador causou deslizamentos de terra que mataram 64 pessoas em São Sebastião, deixando ainda milhares de desabrigados.
Ainda não é possível saber se haverá tempestades tão fortes quanto as de fevereiro, mas o Inmet projeta “eventos severos de chuvas intensas” nos primeiros meses deste ano. Segundo Franco Nadal Junqueira Villela, meteorologista do instituto, os temporais devem vir acompanhados de rajadas de vento, trovoadas e outros fenômenos adversos, “análogos aos ocorridos no verão passado”.
Temperaturas mais altas
Embora não seja possível afirmar que novos recordes de temperatura serão quebrados, há grande probabilidade de as marcas estarem acima da média do verão, de acordo com o especialista.
“O que é mais provável é que as temperaturas na média da estação fiquem, pelo menos, 1° C acima da climatologia”, diz Villela. Ele explica que não é possível prever exatamente qual região será mais atingida pelo fenômeno, mas há sinais de que isso vá ocorrer no litoral norte do estado e na porção norte da Baixada Santista.
Segundo o meteorologista, o calor acima da média é influenciado, em parte, pelo El Niño (fenômeno que consiste no aquecimento das águas do oceano Pacífico e pode provocar mudanças climáticas extremas), mas também por outras configurações meteorológicas, como a própria temperatura do Atlântico Sul nas imediações da costa brasileira, o predomínio de alta pressão atmosférica e o bloqueio do avanço de frentes frias.
Elevação das temperaturas
A análise climática do Inmet feita em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aponta que até março, quando termina o verão, haverá elevação das temperaturas em todo o país.
O forte calor, segundo o estudo, será influenciado pela posição da Terra em relação ao Sol mais ao sul, tornando os dias mais longos do que as noites e provocando rápidas mudanças nas condições do tempo.
Portanto, para os meses de janeiro, fevereiro e março, há condições favoráveis para chuvas fortes, quedas de granizo, ventos de intensidade
moderada a forte e descargas elétricas em todo o Brasil.
O mapa com os prognósticos climáticos (veja abaixo) indica que os maiores volumes de chuva, no primeiro trimestre, devem ocorrer nas
regiões Norte e Centro-Oeste. Já as temperaturas mais altas serão observadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
No Sudeste, todos os estados terão marcas de calor acima da média. As chuvas, por sua vez, serão mais intensas em Minas Gerais.