Após pedido de moradores, edital da Nova Raposo terá 25km de ciclovia
Governo de SP adicionou ciclovias ao projeto Raposo Tavares. Moradores continuam insatisfeitos e pedem suspensão total do projeto
atualizado
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São Paulo — O governo do Estado de São Paulo fez diversas alterações no projeto da Nova Raposo, que prevê a concessão para iniciativa privada da rodovia Raposos Tavares, que liga a zona oeste da cidade de São Paulo à região metropolitana, passando por 14 municípios. Além da implementação de ciclovias, o projeto original sofrerá mudanças quanto a construção de novas vias e viadutos.
As implementações são uma tentativa de resposta da Secretaria de Parcerias em Investimentos aos pedidos feitos pelos moradores, que têm reivindicado a suspensão da concessão por meio do movimento “Nova Raposo Não”. Segundo a pasta, o governo atendeu mais de 60% das reivindicações feitas durante as audiência púbicas realizadas em abril de 2024.
As principais mudanças são:
- Construção de 25km de ciclovia: o edital irá prever a construção de uma ciclovia no trecho da Raposo Tavares que liga Cotia e São Paulo. Além do trajeto, serão feitas quatro novos dispositivos em Araçariguama, Cotia e Carapicuíba e quatro novas passarelas ou passagens inferiores para ciclistas em Itapevi, Araçariguama e Cotia.
- Acessos ligando a avenida Escola Politécnica com a Marginal Pinheiros e a chegada ao Butantã: o projeto inicial previa que construção de um viaduto entre a avenida Valentim Gentil e Alto de Pinheiros. Segundo o governo, a mudança do trajeto atendeu a demandas da população e irá contribuir para aliviar o tráfego na rodovia, já que cerca de 30% do fluxo da rodovia chega via Politécnica.
A criação do pedágio na altura do km 11 da Raposo será mantida.
“Não adianta”
A “Nova Raposo” se tornou um objeto de discussão entre a secretaria e os moradores da região. Apesar das mudanças no projeto original, parte da população diz não estar satisfeita e pede a total suspensão da concessão. “A reivindicação principal não foi ouvida, porque a essência do projeto é errada. É um projeto rodoviarista, é um projeto que prioriza o automóvel”, explica Ernesto Maeda, organizador do “Nova Raposo Não”.
Segundo Maeda, as mudanças também não sinalizam uma resposta a aspectos considerados críticos para o movimento, que são a quantidade de moradores que terão suas casas desapropriadas e a área verde que será desmatada. O governo ainda não publicou um estudo de impacto da área, mas tem uma previsão que 300 mil m² serão desapropriados para a construção das marginais.
Maeda ainda questiona a forma em que os moradores foram ouvidos para as mudanças. Para ele, as audiências públicas, realizadas dias 15 de março e 16 de abril, ocorreram sem a devida divulgação e participação dos afetados. Ao serem surpreendidos com a publicação do primeiro edital, os moradores teriam se unido para criar o “Nova Raposo Não”, com mais de dez movimentos sociais e dezenas de pessoas da região. O movimento criou um abaixo assinado para barrar as mudanças na rodovia.
“Não adianta atender a demanda só de alguns, como os moradores do Alto Pinheiros. Na nossa leitura, os carros vão usar os trechos marginais para escapar do pedágio e essas vias vão lotar, afogando o trânsito dos bairros. Nós já vimos isso em outras situações. Isso não é uma solução”, critica ele.
Para a publicação do novo projeto, a secretaria diz ter acatado totalmente ou parcialmente cerca de 60% das 1.879 contribuições feitas em audiência e consultas públicas.
Próximos passos
As mudanças anunciadas pela Secretaria de Parcerias em Investimentos devem ser incorporadas no edital, previsto para o terceiro trimestre de 2024. Ao todo, o projeto prevê a concessão de 93 km de rodovia por um prazo de 30 anos.
Neste período, a empresa que vencer o edital deverá investir em duplicações, implantação de faixas adicionais; vias marginais; novos dispositivos; adequação de obras de artes especiais; novas passarelas; e pontos de ônibus. O valor previsto em investimento é de R$ 7,12 bilhões.