Após mudar de lado, Marta calibra discurso e evita falar sobre Nunes
Marta Suplicy não deu entrevistas desde que aceitou deixar a gestão Nunes e retornar ao PT para ser a vice de Boulos contra o atual prefeito
atualizado
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São Paulo – De volta ao PT como a vice do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) na chapa que disputará a Prefeitura de São Paulo em outubro, Marta Suplicy tem evitado citar o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), de quem era aliada até o início deste ano, e fazer críticas diretas à gestão dele.
Em seu primeiro evento de rua ao lado de Boulos na pré-campanha, nessa quinta-feira (22/2), a ex-prefeita cumpriu uma série de agendas em Parelheiros, bairro no extremo sul da capital. A região é um de seus redutos eleitorais e onde ela obteve a maioria dos votos nas eleições de 2016, quando tentou retornar à Prefeitura.
Ao contrário de Boulos, que fez uma série de ataques a Nunes, chamando o prefeito de “tchutchuca do Bolsonaro”, inclusive, Marta evitou críticos ao ex-aliado e adotou um discurso mais genérico sobre a cidade, sem focar em uma gestão específica.
“Depois de muito tempo vamos ter um prefeito nessa cidade que sabe o que as pessoas precisam, que tem um olhar para os mais necessitados”, disse Marta nessa quinta-feira.
Ao fim do evento, Marta não falou com a imprensa, mesma postura adotada no evento de refiliação ao PT, no começo do mês. Desde que foi sondada pelo presidente Lula para retornar ao PT e se juntar à campanha de Boulos, em dezembro do ano passado, a ex-prefeita não deu entrevistas ou declarações públicas.
Nas redes sociais, as postagens feitas por Marta também se concentram na entrada dela na chapa de Boulos, sem qualquer menção ao atual prefeito ou a gestão da qual fez parte entre 2021 e janeiro deste ano.
A saída de Marta da Prefeitura
Até o mês passado, Marta era secretaria de Relações Internacionais da gestão Nunes e integrante do conselho político do prefeito, com quem mantinha amizade. A aproximação dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contudo, foi usada como principal argumento da ex-prefeita para justificar a mudança de lado na disputa paulistana.
O Metrópoles mostrou que durante as negociações entre Marta e Lula, o governo federal articulou a aprovação de um projeto de lei no Congresso que atendeu a interesses de uma entidade presidida pelo marido de Marta, o empresário Márcio Toledo.
Na conversa que antecedeu o anúncio da saída de Marta da Prefeitura, ela e Nunes trocaram afagos e concordaram, num primeiro momento, que evitariam ataques mútuos.
Nas agendas públicas que cumpriu após deixar a gestão Nunes, Marta tem elogiado a atuação social de Boulos, que foi líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e enfatizado a preocupação dele com camadas mais vulneráveis da sociedade.