Após bloqueio de quase 4h, afegãos são autorizados a entrar em Praia Grande
Reunião entre prefeita e ministro Flávio Dino selou acordo que resultou na permissão de entrada; grupo ficará em colônia de férias
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Após um bloqueio de quase quatro horas na Praia Grande, na Baixada Santista, o grupo de refugiados afegãos que estava acampado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, conseguiu entrar na colônia de férias do Sindicato dos Químicos por volta de 23h50 desta sexta-feira (30/6).
No início da noite de sexta-feira (30/6), a Prefeitura de Praia Grande havia tentado impedir a entrada dos refugiados na cidade, posicionando viaturas da Guarda Municipal em seus principais acessos. Em alguns pontos, guardas fortemente armados estavam orientados a não permitir o acesso dos ônibus (veja abaixo).
No final da noite, contudo, reunião entre a prefeita Raquel Chini e o ministro da Justiça, Flavio Dino, selou um acordo que permitiu que os 170 refugiados pudessem desembarcar na cidade.
Em nota, a prefeitura informou que o acordo prevê que policiais federais ou estaduais fiquem na porta da colônia com viaturas para o controle de acesso, montagem de um ambulatório médico, roupas de cama e banho para trocas diárias, intérprete e convênio para o pagamento de exames laboratoriais. Os custos ficarão por conta do governo federal.
Mais cedo, a prefeitura havia dito que não concordava com a entrada dos refugiados na cidade porque muitos deles estão doentes e precisam ficar isolados. Alegou, ainda, que o município não teria estrutura para recebê-los.
Ao tomar conhecimento da tentativa da prefeitura, o ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou no Twitter que os refugiados seriam levados para “estabelecimento hoteleiro devidamente contratado”. “O Brasil tem leis e nós estamos cumprindo. Esperamos das demais autoridades públicas idêntico comportamento”, escreveu. A reunião com a prefeita aconteceu logo depois.
Os imigrantes deixaram o Aeroporto Internacional de São Paulo às 18h desta sexta-feira (30/6). Membros da Acnur, a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados, acompanharam o grupo no trajeto. Com a saída dos refugiados, os corredores do aeroporto onde eles estavam alojados ficaram vazios.
A transferência foi decidida depois de reuniões entre representantes do governo federal, estadual e municipal de Guarulhos nesta quinta-feira (29/6). As autoridades estiveram no aeroporto e conversaram com voluntários que auxiliam os afegãos.
A ideia inicial era levar o grupo para hotéis, mas, segundo a deputada federal Juliana Cardoso (PT), os estabelecimentos se recusaram a receber os imigrantes por causa do surto de sarna. Mais de 20 afegãos foram diagnosticados com a doença na última semana e precisaram ser medicados.