metropoles.com

Após 85 anos, legado do conde Matarazzo ainda compõe cenários de SP

Francesco Matarazzo morreu há exatamente 85 anos, como o homem mais rico do Brasil e dono da quinta maior fortuna do mundo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Arquivo Museu Histórico Municipal Conde Francisco Matarazzo de Jaguariaíva | Dornicke/Wikimedia
Francesco Matarazzo morreu em 10 de dezembro de 1937
1 de 1 Francesco Matarazzo morreu em 10 de dezembro de 1937 - Foto: Arquivo Museu Histórico Municipal Conde Francisco Matarazzo de Jaguariaíva | Dornicke/Wikimedia

São Paulo – Primeiro integrante da família Matarazzo a se estabelecer no Brasil, no fim do século XIX, o empresário ítalo-brasileiro Francesco Matarazzo morreu há exatos 85 anos, deixando um legado que até hoje compõe os cenários arquitetônico, empresarial, político e cultural de São Paulo.

O conde Matarazzo, como também ficou conhecido, morreu como o homem mais rico do Brasil e dono da quinta maior fortuna do mundo. No início do século XX, ele ergueu na capital paulista o maior complexo industrial da América Latina, que ostentava seu sobrenome e impulsionou a economia nacional.

A data de morte do pioneiro da industrialização brasileira tem uma controvérsia. Everton Calício, que já organizou três exposições sobre a família Matarazzo, aponta que o empresário italiano morreu aos 83 anos, de uremia, em 10/2/1937.

“O seu espírito empreendedor é o legado mais importante da sua história. Ele foi o pai da indústria do Brasil”, afirma Andrea Matarazzo, sobre o tio-bisavô Francesco.

11 imagens
Francesco Matarazzo morreu como homem mais rico do Brasil, italiano mais rico e dono da quinta maior riqueza do mundo
Edifício Matarazzo
Sede da prefeitura de São Paulo, no Edifício Matarazzo
Moinho Matarazzo antigamente
Moinho Matarazzo
1 de 11

Complexo Cidade Matarazzo foi construído onde era um hospital e maternidade

Reprodução/ Redes Sociais Cidade Matarazzo
2 de 11

Francesco Matarazzo morreu como homem mais rico do Brasil, italiano mais rico e dono da quinta maior riqueza do mundo

Arquivo Museu Histórico Municipal Conde Francisco Matarazzo de Jaguariaíva
3 de 11

Edifício Matarazzo

http://www.fotosedm.hpg.ig.com.br/ Wikimedia
4 de 11

Sede da prefeitura de São Paulo, no Edifício Matarazzo

Dornicke/ Wikimedia
5 de 11

Moinho Matarazzo antigamente

Condephaat
6 de 11

Moinho Matarazzo

Reprodução/ Google Street View
7 de 11

Parque Trianon e túneis da Avenida Nove de Julho

Foto Postal Colombo S.
8 de 11

Vista aérea do Parque Trianon e do Masp

Wikimedia
9 de 11

Capela de Santa Luzia reformada

Reprodução/ Redes Sociais Cidade Matarazzo
10 de 11

Igreja Nossa Senhora do Brasil

Reprodução/ Facebook
11 de 11

O político e administrador Andrea Matarazzo é o favorito para ser candidato do PSDB à prefeitura

Wikimedia Commons

Legado empresarial

Além do parque industrial construído no bairro da Água Branca, na zona oeste paulistana, com imensas chaminés de tijolos que podiam ser vistas a quilômetros de distância e foram preservadas até hoje, o conde Matarazzo foi um dos fundadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

A sua atuação empresarial era abrangente. Ia de itens de serraria a frigorífico, armazéns e banco, passando pela produção de sabão, perfumes e inseticidas e até pela criação de uma distribuidora pioneira de filmes.

Inaugurado em 1900, para moer trigo para o mercado paulista, que estava em plena expansão à época, o imponente Moinho Matarazzo foi tombado como patrimônio histórico da cidade e domina a Rua Monsenhor de Andrade, no Brás, na região central.

Urbanismo

A própria sede da Prefeitura de São Paulo está no icônico Edifício Matarazzo, também chamado de Palácio do Anhangabaú, no centro da capital. O prédio abrigava a sede das indústrias de Francesco, que faleceu no dia 10 de dezembro de 1937.

“O Edifício Matarazzo é uma das maiores construção de travertino do mundo, com o mármore todo vindo da Itália e projeto do italiano Marcello Piacentini”, diz o ex-vereador Andrea, que concorreu ao cargo de prefeito em 2016 e 2020.

Ele menciona ainda o Parque Trianon, localizado na Avenida Paulista, como legado do conde. “O Trianon foi uma doação de Andrea Matarazzo [irmão do conde] e de Francesco para a cidade. Puseram o nome de Siqueira Campos, mas foram eles que fizeram.”

Segundo Andrea, que também  já foi ministro da Comunicação Social, secretário de Cultura e das Subprefeituras da capital e embaixador do Brasil em Roma, os Matarazzo fizeram  grandes doações a paróquias da Igreja Católica, como a da Nossa Senhora da Paz, no Glicério, e a da Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América.

Cidade Matarazzo

Na mesma região da Paulista, a história da família está presente no Cidade Matarazzo, o complexo que reúne 10 prédios centenários tombados, no local onde funcionava o Hospital e Maternidade Matarazzo e que ainda abriga a Capela Santa Luzia.

“Está escrito lá até hoje uma frase do Francesco: ‘Que o dinheiro dos ricos reverta para a saúde dos pobres’. O Hospital Matarazzo tinha esse objetivo e foi o maior hospital de queimados da América Latina. Para se ter ideia, tinha 800 leitos quando foi estatizado”, conta Andrea.

Com hotel 6 estrelas, centro cultural e lojas de luxo, o complexo mantém o nome do clã, mas o empreendimento não pertence aos descendentes do conde. “Ele volta, obviamente, com outra finalidade, mas é um marco de um período importante. O primeiro pavilhão é de 1904, tem arquitetura florentina e foi todo restaurado”, diz ele.

“A capela foi criada pela minha bisavó Virgínia, porque ela tinha um filho, Paulo, que sofria de um problema grave nos olhos, e Santa Luzia é a protetora da visão. Ela fez a promessa de que ergueria a capela se o filho sarasse — e Paulo sarou”, lembra Andrea.

Cultura

O legado cultural da família Matarazzo ganhou maior dimensão pelas mãos dos sucessores do conde. Ciccillo Matarazzo, filho de Andrea Matarazzo, irmão de Francisco, foi fundador e patrocinador da Fundação Bienal de São Paulo.

“Ciccillo achava que a forma de inserir São Paulo no mundo era por meio da cultura. Ele criou o Museu de Arte Moderna com o seu próprio acervo  e o Museu de Arte Contemporânea, que conta com a maior e melhor coleção de arte moderna da América Latina”, diz Andrea.

Ele vê as realizações de Francesco e os demais Matarazzo também como homenagem a São Paulo e ao Brasil: “É uma vasta herança cultural de uma família europeia que queria agradecer por tudo o que a cidade, o estado e o Brasil proporcionaram a ela”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?