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Apagões em SP: por que é tão difícil religar energia da rede enterrada

Especialistas explicam complexidades na rede, mas alertam que demora da Enel em relação aos apagões nos últimos dias não é normal

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Arquivo Pessoal/ Arthur Bellini
Imagem colorida mostra rua sem luz na Vila Buarque, no centro de São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra rua sem luz na Vila Buarque, no centro de São Paulo - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal/ Arthur Bellini

São Paulo – Desde a última segunda-feira (18/3), milhares de paulistanos que vivem no centro de São Paulo têm enfrentado uma série de apagões. A falta de luz afetou comércios, hospitais, casas e endereços icônicos da cidade, como os edifícios Copan e Itália.

A Enel afirma que o desligamento foi causado por danos em diferentes pontos da rede subterrânea e que os reparos neste tipo de ocorrência são complexos. O Metrópoles conversou com dois especialistas no tema para entender por que é tão difícil religar a energia no centro da capital e o que pode ser feito para melhorar esse processo.

Segundo ambos os especialistas, a primeira dificuldade consiste em achar o local onde o problema começou. Diferentemente da rede aérea, em que os fios estão expostos e os trechos que precisam de reparos são notados com facilidade, na rede subterrânea é preciso investigar onde estão os cabos que passarão por manutenção.

Diretor do Instituto de Engenharia, Aléssio Bento Boretti diz que, no centro da capital, onde os circuitos foram enterrados ainda no século 20, é difícil saber a localização exata dos fios para fazer os reparos.

“Muitas vezes as pessoas vão fazer a manutenção em um lugar e afetam outro”, explica o professor.

O engenheiro José Aquiles Baesso Grimoni explica que diferentes técnicas são utilizadas para encontrar os pontos de manutenção. Uma delas envolve as próprias ligações dos consumidores, que avisam sobre a interrupção no fornecimento de energia.

“A partir das ligações, eles tentam localizar qual o circuito da rede que está associado àquelas chamadas telefônicas”, afirma Aquiles, que é professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

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Ruas da Vila Buarque ainda estão sem luz mesmo 24h depois do início do apagão
Cerca de 35 mil paulistanos ficaram  sem luz no centro da cidade em março de 2024
Após 24 horas, 1,5 milhão de pessoas seguiam sem energia em São Paulo. (4/11)
Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, sem energia novamente, depois de 72h sem
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Funcionários da Enel instalam geradores na rua General Jardim na noite de terça-feira (19/3)

Arthur Bellini/ Arquivo pessoal
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Ruas da Vila Buarque ainda estão sem luz mesmo 24h depois do início do apagão

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Cerca de 35 mil paulistanos ficaram sem luz no centro da cidade em março de 2024

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Após 24 horas, 1,5 milhão de pessoas seguiam sem energia em São Paulo. (4/11)

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Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, sem energia novamente, depois de 72h sem

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Homens da Enel trabalham no centro após queda de energia na região

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Funcionários da Enel esticam cabos em rede aérea de fios em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles
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Trabalhadores consertam rede de energia elétrica em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles

O engenheiro diz que a busca pelo local de reparo é refinada com base nas informações e nos mapas da concessionária. Quando um ponto provável de reparo é encontrado, começa a etapa de alcançar os cabos requerem manutenção. Para isso, é necessário abrir buracos nas ruas e visualizar as tubulações onde os fios ficam enterrados.

“Você precisa identificar qual a gravidade desse defeito e talvez você tenha que refazer a conexão do cabo. Isso também dá trabalho e demanda mão de obra especializada”, afirma o engenheiro. Aquiles destaca as demissões de funcionários feitas pela Enel e diz que os profissionais especializados fazem diferença nessas situações.

Aléssio também endossa que a operação de reparo é complexa e demanda especialistas no ramo. “Tem que usar equipamentos especiais, entrar embaixo da terra, realizar o isolamento dos cabos — alguns são mais modernos; outros, mais antigos”, diz o professor.

Para Aléssio, no entanto, mesmo com a complexidade do processo, o tempo gasto pela Enel para resolver os danos na última semana não é aceitável.

“A rede subterrânea também deveria ser rapidamente resolvida”, afirma ele. “Energia elétrica é muito importante, é segurança, saúde. Não pode ficar assim”, diz ele.

Os dois especialistas defendem a ampliação da rede subterrânea na cidade e dizem que o modelo sobrevive melhor às intempéries e a problemas como furtos e vandalismo.

Aléssio acredita que a concessionária precisa investir em melhorias para o sistema de cabos enterrados, com maior controle, proteção e mapeamento da rede para evitar novos problemas. “Falta modernização”, afirma.

Em nota, a Enel lamentou os transtornos causados aos clientes por causa das ocorrências envolvendo a rede de distribuição subterrânea da companhia no centro. Até as 16h dessa sexta-feira (22/3), a empresa diz que restabeleceu o serviço para 97% dos clientes impactados pelo desligamento na região de Santa Cecília e República ocorrido na quinta-feira (21/3).

“A Enel reitera que tem empenhado todos os esforços e recursos para restaurar os parâmetros originais e a configuração das redes afetadas. A companhia também tem disponibilizado geradores de médio e grande porte para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos até a plena normalização do serviço”, diz o texto.

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