Apagão e larva na comida: alunos fazem queixas e paralisam Unifesp
Estudantes do campus Diadema interrompem aulas para reivindicar melhorias na infraestrutura da unidade; grupo também pede mais permanência
atualizado
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São Paulo — Estudantes do campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciaram uma paralisação de uma semana a partir dessa quarta-feira (22/11). O grupo reivindica melhorias na infraestrutura da unidade e nas políticas de permanência estudantil.
Segundo os alunos, o campus sofre com uma série de problemas estruturais que têm atrapalhado as atividades dos cursos de graduação.
Uma das principais reclamações são as constantes quedas de energia nos prédios, que provocam o cancelamento de aulas.
“No ano inteiro já deve ter tido umas três semanas [somadas] que a gente perdeu aula por causa da falta de energia. É muito recorrente”, diz Mirella Koga, aluna do 2º ano de Ciências Ambientais.
Imagens feitas pelos estudantes mostram que a falta de energia impacta diferentes locais dos prédios. Em um vídeo gravado por uma aluna, é possível perceber as luzes acesas no pátio e apagadas nas escadas.
Outras fotos divulgadas pelo grupo mostram estudantes comendo no escuro.
Os alunos afirmam que a falta de energia também afeta o fornecimento de refeições no restaurante universitário, já que a comida não pode ser esquentada.
O “bandejão” da universidade, inclusive, também é alvo de reclamações do grupo.
Estudante do 1º ano de Ciências Ambientais, Caetano Falcão de Andrade diz que vários alunos já encontraram larvas e insetos nas refeições oferecidas na instituição.
“Virou meio que uma piada interna: ‘Essa semana você já encontrou alguma coisa na comida?’”, afirma o aluno.
Caetano encaminhou para a reportagem do Metrópoles uma série de fotos que mostram larvas e insetos nas saladas, legumes e até na bandeja oferecida aos estudantes.
Em um vídeo gravado pelos alunos também é possível ver uma larva se movendo em meio a um pedaço de rabanete.
Além da melhoria na qualidade da alimentação oferecida, os estudantes reivindicam que o restaurante aumente a quantidade de comida servida. Isso porque, segundo eles, é comum que os alimentos acabem antes de todos os estudantes se servirem.
“O intervalo começa 12h. Às vezes às 12h45 já não tem mais comida”, afirma Caetano.
Os alunos também reclamam da superlotação e da falta de manutenção dos ônibus que fazem o transporte entre os prédios da instituição.
Uma foto enviada ao Metrópoles mostra o acabamento interno de um dos veículos destruído (confira álbum acima).
Outras reivindicações envolvem a cobrança por mais ventiladores e sistemas de ar-condicionado nas salas, melhorias nas políticas de permanência e moradia estudantil para os alunos.
Nesta quarta-feira (22/11), alguns alunos fizeram barricadas para impedir o acesso em um dos prédios do campus.
Em nota, a Unifesp afirma que acompanha as questões apresentadas pela mobilização dos estudantes, em conjunto com a direção
acadêmica do campus, promovendo diálogo e uma série de ações de curto, médio e longo prazo.
Em relação às demandas referentes à alimentação oferecida no restaurante universitário, a direção do campus comunicou que já existe um processo para licitação e contratação de um novo fornecedor de restaurante e cantina. Além disso, eventuais falhas cometidas pela empresa são notificadas e, nos casos cabíveis, penalizadas, com base nos termos previstos em contrato.
No que diz respeito à falta de energia, a Pró-Reitoria de Planejamento informou que houve a queima de equipamentos da cabine primária do edifício de acesso, provavelmente ocasionada por oscilação na rede externa, muito comum na região. Enquanto as peças eram adquiridas, um gerador adicional foi contratado para manter o fornecimento de energia.
Sobre os conteúdos que seriam abordados nas aulas canceladas em razão da falta de energia, houve reunião entre a Pró-Reitoria de Graduação e a Câmara de Graduação do campus, que decidiu pela reposição pelos docentes responsáveis, de modo a garantir o cumprimento do planejamento previsto nas unidades curriculares.
Por fim, a Reitoria da Unifesp, as pró-reitorias e a direção do campus declaram que respeitam as decisões tomadas pelos estudantes e se mantêm abertas ao diálogo e comprometidas a realizar as ações encaminhadas nas reuniões e, em conjunto com as demais Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a recomposição do orçamento para 2024 junto ao Governo Federal e aos parlamentares, com o compromisso permanente de lutar pela universidade pública, gratuita, laica e de qualidade para todos.