metropoles.com

Apagão, ataques e palanque: como foi CPI na Alesp com o chefe da Enel

Max Xavier Lins, presidente da Enel, presta depoimento a CPI na Alesp nesta 3ª feira; sessão sofreu duas quedas de energia

atualizado

Compartilhar notícia

Letícia Teixeira/Alesp
Fotografia colorida mostra Max Xavier Lins, presidente da Enel, um homem branco de cabelos pretos e óculos de aros quadrados e pretos, gravada amarela, camisa branca e terno preto, falando ao microfone em uma bancada na Alesp - Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida mostra Max Xavier Lins, presidente da Enel, um homem branco de cabelos pretos e óculos de aros quadrados e pretos, gravada amarela, camisa branca e terno preto, falando ao microfone em uma bancada na Alesp - Metrópoles - Foto: Letícia Teixeira/Alesp

São Paulo – O depoimento do presidente da Enel, Max Xavier Lins, à CPI que investiga a empresa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nesta terça-feira (14/11), foi marcado por ataques de deputados e prefeitos da Grande São Paulo à concessionária, apagões e uso da comissão como palanque eleitoral. A oitiva durou oito horas.

Lins iniciou o seu depoimento pedindo desculpas à população pela falta de energia após o temporal de 3/11, que afetou mais de 2 milhões de pessoas na região metropolitana da capital, e, embora tenha conseguido um habeas corpus para permanecer em silêncio caso desejasse, ele respondeu todos os questionamentos feitos pelos deputados na CPI.

O presidente da Enel afirmou que a empresa pretende indenizar quem sofreu com a perda de alimentos e equipamentos eletrônicos durante o apagão que durou seis dias. Lins também acrescentou que a companhia investiu o equivalente a mais de 50% do valor obtido com os lucros, que está “sensível” à situação da população em situação de vulnerabilidade afetada pelo apagão e que pretende auxiliá-la de alguma forma.

Presidente da Enel cita árvores e prefeitos se exaltam

Lins fez uma apresentação com dados sobre a quantidade de municípios e domicílios atendidos pela Enel e afirmou que 95% das falhas na distribuição de energia foram fruto de interferências provocadas por galhos de árvores enganchados à fiação.

Em mais de uma ocasião, ele afirmou que o manejo e a poda de árvores é de responsabilidade dos municípios e disse que, atualmente, a área de concessão abrange cerca de 3 milhões de árvores.

A questão dos “elementos arbóreos”, nome técnico utilizado para se referir às árvores enganchadas em fios elétricos, tem promovido um cabo de guerra entre a Enel e as prefeituras, que dividem a responsabilidade pela remoção ou poda de árvores próximas às fiações.

Prefeitos de sete municípios da Grande São Paulo compareceram à sessão e fizeram perguntas a Lins, mas dois deles subiram o tom: Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo do Campo, e Danilo Joan (PSD), de Cajamar.

Morando chegou a interromper uma das vezes em que Lins falava sobre a poda de árvores: “Quem é o senhor para mandar e falar o que eu tenho que fazer?” Depois, ameaçou ir embora da CPI. “Meu ouvido não é penico”, disse.

Joan chamou a fala de Lins de “baboseira” e disse que todos os presentes estavam “fazendo papel de bobo”. Tanto ele quanto Morando defendem que o governo paulista não renove o contrato de concessão com a Enel, que se encerra em 2025.

“Eles [Enel] estão sentados em cima de um contrato frouxo. Está todo mundo cansado de ouvir a mesma merda, me desculpe”, disse Joan.

Lins admitiu que nunca havia realizado uma reunião com todos os prefeitos ao mesmo tempo para ouvir demandas. Ao deixar o auditório da CPI, Morando chegou a discutir com o diretor de relações institucionais da Enel, Marcos Mesquita, do lado de fora.

Palanque eleitoral

A sessão também apresentou uma prévia do embate eleitoral pela Prefeitura de São Bernardo do Campo em 2024. A relatora Carla Morando (PSDB) e o deputado Luiz Fernando Ferreira (PT), adversários políticos na cidade do ABC paulista, discursaram em sequência e utilizaram o espaço para projetarem discursos eleitorais.

Carla, assim como seu marido, o atual prefeito da cidade, subiu o tom ao criticar os serviços da Enel e mencionou a própria experiência com a queda de energia no município. Já o deputado petista atacou o fato de os serviços de distribuição de energia serem privatizados.

A Enel é concessionária de energia elétrica do Estado desde 2018, quando a distribuidora, que pertencia à americana AES, vendeu suas ações para o grupo italiano.

“É tão bom isso que o estado italiano veio aqui comprar. O que não serve para São Paulo, serve para a Itália vir explorar”, disse o petista.

Alesp sofre com falta de luz

Momentos antes do depoimento de Lins, a Alesp sofreu duas quedas de energia, já na presença do presidente da concessionária de energia elétrica (veja abaixo). Em nota, a Enel afirmou que oscilação “não tem relação com a rede de distribuição da companhia”. A informação foi endossada por Lins durante seu depoimento.

O presidente da CPI, deputado Thiago Auricchio (PL), afirmou que as quedas de energia danificaram uma televisão e um adaptador que liga a TV ao computador.

“A Enel foi vítima dela mesma agora, porque ele [Lins] queria fazer uma apresentação, mas não conseguiu pela queda de energia”, disse Auricchio.

A CPI foi instalada em abril deste ano, em meio a apagões frequentes na Alesp, para apurar também cobranças abusivas nas tarifas de energia.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?