Aos gritos de “prefeito”, PT oficializa apoio à candidatura de Boulos em SP
Com o apoio a Boulos, PT não lançará uma candidatura própria à Prefeitura da capital paulista pela primeira vez desde 1988
atualizado
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São Paulo – O PT oficializou, neste sábado (5/8), o apoio à candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura de São Paulo em 2024. Será a primeira vez desde 1988 que os petistas não lançarão um candidato próprio na capital paulista.
“Quero dizer para vocês que eu não serei candidato, hoje pré-candidato, de um único partido. Eu serei, no ano que vem, candidato de uma frente em que todos nós estaremos juntos. E que nessa frente vocês podem contar com a minha dedicação de corpo e alma para a chapa de vereadores do PT e da federação Brasil da Esperança, da mesma forma que terei com os partidos que vão compor essa frente”, disse Boulos.
O anúncio foi feito após o fim do congresso municipal do partido, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, e teve a presença do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e da mulher dele, Ana Estela, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, do presidente do PSol, Juliano Medeiros, e da deputada federal Juliana Cardoso (PT). Ana Estela e Juliana estão cotadas para a vaga de vice da chapa de Boulos, que será do PT.
“Aliança não é traição. Quando é feita à luz do dia, programaticamente, com princípios e sem abrir mão de valores e sonhos, pode se fazer necessária para impedir novos retrocessos. E não foram poucos os retrocessos que nós vivemos”, disse Haddad.
Também participaram do evento os respectivos presidentes municipal e estadual do PT, Laércio Ribeiro e Kiko Celeguim, deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores do partido.
Celeguim afirmou que o apoio do PT a Boulos é “inédito” e foi legitimado pela militância do partido após o congresso deste sábado. “Mais importante do que eleger um companheiro filiado ao seu partido é ter alguém que defenda a democracia”, disse.
Acordo pró-Boulos
O apoio à candidatura de Boulos no próximo ano foi parte de um acordo firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral do ano passado. Na ocasião, o psolista abriu mão da disputa ao governo paulista para apoiar a então candidatura de Haddad.
Apesar dos acenos de Lula, parte do PT paulista, liderado pelo clã Tatto, resiste à ideia de apoiar Boulos. O grupo teme ser engolido pelo PSol na capital, com o encolhimento do PT na Câmara Municipal.
“Não tenho dúvidas de que o companheiro Jilmar Tatto estará aqui conosco na campanha”, disse Gleisi neste sábado.
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Gleisi também afirmou que Lula estará nos palanques ao lado de Boulos em 2024, ao contrário do que ventilavam aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca se reeleger: “Lula vai entrar nessa campanha, não vai ficar só nos bastidores, porque ele sabe da estratégia, que isso é importante para 2026”.
O PT, por outro lado, quer evitar o que considerou um vexame eleitoral em 2020. Na ocasião, o candidato petista à Prefeitura, Jilmar Tatto, ficou em sexto lugar com apenas 8,6% dos votos, enquanto Boulos avançou ao segundo turno, sendo derrotado pelo então prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB), morto em 2021.
Vice indefinido
Segundo Juliano Medeiros, o posto de vice-prefeito na chapa será definido “no momento certo”.
“O momento agora é de juntar forças e de fazer um diagnóstico da situação da cidade de São Paulo, entender os problemas, ouvir as pessoas para apresentar soluções consistentes”, disse Medeiros eneste sábado.
Nos bastidores, integrantes do PSol enxergam por trás da disposição de Haddad em apoiar Boulos o desejo de emplacar a sua mulher, Ana Estela Haddad, atual secretária nacional de Saúde Digital, como vice-prefeita na chapa.
O PSol já dá como certo que a vaga de vice será do PT e que, até o momento, nenhum nome petista foi vetado. No entanto, o desejo das campanhas é que a candidata seja uma mulher.
A deputada federal Juliana Cardoso, ex-vereadora da capital, tem sido um dos nomes mais citados nos bastidores para ocupar o posto, embora alguns petistas se preocupem com o fato de ela ser pouco conhecida pelo eleitorado.