Ao depor, delator do PCC afirmou ter visto relógio dele com Rogerinho
Gritzbach contou que relógios de luxo foram confiscados por policiais durante uma prisão. Quatro deles foram vistos com Rogerinho
atualizado
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São Paulo — Em depoimento dado à Polícia Civil no dia 31 de outubro passado, o delator do PCC Vinícius Grtizbach contou que viu Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, com quatro dos sete relógios dele que foram levados por policiais civis durante a própria prisão.
Rogerinho está foragido da Justiça e sendo procurado pela Polícia Federal na operação realizada em conjunto com o Ministério Público (MPSP) na última terça-feira (17/12), em São Paulo. A ação investiga policiais suspeitos de terem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Antes de ser executado a tiros no Aeroporto Internacional de Garulhos, no dia 8 de novembro, Gritzbach havia contado à polícia que tinha uma coleção de relógios — com aproximadamente 20 exemplares — guardada em um armário, e que quando foi preso pelo DHPP não percebeu que os agentes envolvidos na ação apreenderam tal recipiente.
Ao ser libertado, Gritzbach afirmou que recebeu apenas 15 dos relógios confiscados e que ainda faltavam “cinco ou seis” itens. Depois, o delator disse que, na verdade, faltavam sete relógios na coleção.
Posteriormente, o depoente foi informado que Rogerinho aparecia nas redes sociais em dois perfis, com quatros dos objetos subtraídos, sendo eles um Rolex Yacht Master de ouro, no valor de R$ 200 mil (relógio de maior valor financeiro da coleção), um Rolex e dois modelos da marca Hublot. Além dos relógios de valor, ele contou à corregedoria que sumiram mais R$ 20 mil em dinheiro no dia da própria prisão.
Para provar a sua afirmação, Gritzbach apresentou uma arquivo com fotos do policial civil com os objetos subtraídos.
Rogério de Almeida Felício
Com salário de R$ 7 mil mensais, o agente da Polícia Civil de São Paulo Rogerio de Almeida Felício é sócio de uma clínica de estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora que ergueu cinco condomínios de 37 casas no litoral sul paulista.
Conhecido como Rogerinho, o policial civil também foi citado pelo delator Vinícius Gritzbach como um dos agentes que cometeram “ilicitudes e arbitrariedades” na investigação sobre a morte de Cara Preta.
A delação sobre os policiais está sob sigilo e o Metrópoles não obteve acesso aos documentos. Em peças apresentadas pela defesa de Gritzbach à Justiça, menciona-se, em resumo, que são implicados agentes de quatro delegacias da Polícia Civil paulista por crimes como corrupção, concussão e associação criminosa.
Rogerinho é um policial popular nas redes sociais. Tem mais de 100 mil seguidores em sua página no Instagram. Lá, publica fotos e vídeos, por exemplo, ao lado do cantor sertanejo Gusttavo Lima, de fez a segurança. Também faz marcações de sua construtora, a Magnata Construção e Incorporação. A empresa tem outros dois sócios.
Apesar do capital de R$ 30 mil, trata-se de um negócio milionário. Em sua página, a construtora anuncia cinco empreendimentos em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo. Ao todo, esses complexos reúnem 37 casas. Elas estão à venda por até R$ 350 mil cada.
O Metrópoles obteve parte das 47 matrículas de cartório em nome da construtora. Uma delas se refere ao condomínio Magnata 1. O terreno, na Vila Caiçara, fica a três quarteirões da orla de Praia Grande. Somente esse terreno custou R$ 319 mil à construtora. No local, foram construídas 10 casas, segundo o registro do imóvel.
Nesse condomínio, por exemplo, uma das casas foi comprada por um policial militar. A construtora move uma ação de cobrança contra ele por inadimplência do pagamento pela aquisição do imóvel.
Além da Magnata, Rogerinho é sócio de uma empresa de administração de bens pessoais. O Metrópoles não localizou imóveis em nome dela. O policial também aparece nos quadros de uma clínica de estética na capital paulista e de sua empresa de segurança privada, a Punisher.
Presos
Entre os presos, estão o investigador-chefe Eduardo Lopes Monteiro e o delegado Fábio Baena Martin. Todos, assim como Rogerinho, atuavam no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e estavam afastados das funções por causa das denúncias.