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Anvisa apura surto de mpox e isola imigrantes retidos em aeroporto

Pelo menos quatro estrangeiros que estavam na área restrita do aeroporto de Guarulhos foram levados a hospitais após apresentarem sintomas

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Imigrantes se alimentam em área restrita do aeroporto de Guarulhos, em SP - Metrópoles
1 de 1 Imigrantes se alimentam em área restrita do aeroporto de Guarulhos, em SP - Metrópoles - Foto: Reprodução/Metrópoles

São Paulo — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) isolou imigrantes retidos na área restrita do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, por suspeita de estarem contaminados com mpox. Pelo menos 10 estrangeiros estariam com sintomas — quatro deles já foram encaminhados a unidades de saúde, segundo apurou o Metrópoles.

O possível surto da doença, anteriormente conhecida como varíola dos macados, foi identificado nesse fim de semana (24 e 25/8). Após vistoria da Anvisa, o órgão emitiu um alerta e pediu à administração do aeroporto que instalasse “biombos” separando o grupo supostamente contaminado dos demais imigrantes.

O Metrópoles apurou, ainda, que a Anvisa orientou que os imigrantes doentes, além de separados, deveriam ser mantidos nas proximidades do embarque remoto, perto do portão 317.

Casos confirmados da doença devem ser encaminhados a hospitais de Guarulhos — até agora, quatro pessoas deixaram o aeroporto para receber atendimento médico.

Os imigrantes instalados na área restrita estão na condição de “inadmissíveis”, pelo fato de não terem documentação e nem visto para entrar ou sair do Brasil.

O Ministério da Saúde informou que foi notificado pela Anvisa, na tarde de domingo, sobre um caso suspeito de mpox no aeroporto de Guarulhos. O passageiro, segundo a pasta, foi atendido pelo posto médico do aeroporto durante a madrugada e encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento da cidade para fazer exames.

“O paciente está em bom estado e foi levado para isolamento em um hotel da região, onde ficará até os resultados dos exames estarem disponíveis, nesta segunda-feira (26/8)”, disse o ministério. “As autoridades de vigilância no aeroporto já tomaram todas as medidas de desinfecção e monitoramento das outras pessoas que se encontram na área de estrangeiros inadmitidos.”

Segundo a pasta, não há informações sobre histórico de viagem do paciente por áreas afetadas pela cepa 1b, motivo do alerta internacional emitido na última semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em nota enviada ao Metrópoles, a Anvisa disse que, no dia 25 de agosto, foi acionada após a identificação de um passageiro com sinais e sintomas compatíveis com mpox. “Em conformidade com o plano de contingência estabelecido, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo foi imediatamente notificado e o caso foi encaminhado para isolamento e realização de exames no serviço de saúde do município de Guarulhos”, diz o texto.

Segundo a Anvisa, o passageiro havia chegado ao aeroporto no dia 14 de agosto e estava em uma área restrita para pessoas que esperam para pedir refúgio. Foram aplicados 397 questionários entre outros viajantes no local. Além disso, houve medição de temperatura e verificação de sinais da doença na pele – nenhum novo caso foi encontrado.

Foram implementadas medidas ambientais de limpeza e desinfecção no local, completa a nota.

GRU Airport, concessionária do aeroporto, informou que “tem prestado apoio a todos os órgãos competentes. Mais informações sobre questões relacionadas à saúde podem ser obtidas com as autoridades sanitárias”.

Reunião convocada pelo MPF

Na semana passada, uma reunião convocada pelo Ministério Público Federal (MPF) já discutia a situação dos quase 500 imigrantes retidos na área restrita. Na ocasião, a Defensoria Pública da União (DPU) pediu a criação de uma sala de situação “para que se acompanhe o fluxo de entradas e saídas em tempo real”.

No encontro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública se comprometeu a encaminhar reforço de servidores para atendimento emergencial, tanto nos trabalhos de processamento dos protocolos de refúgio quanto para a segurança no local.

Já a GRU Airport se responsabilizou a buscar modos para assegurar condições, junto às companhias aéreas, de se garantir acesso à higiene básica e alimentação de todos os migrantes retidos, em medidas que serão acompanhadas pela DPU e pelo MPF.

Participaram ainda da reunião representantes da Polícia Federal (PF), Prefeitura de Guarulhosgoverno do estado de São Paulo, senadora Mara Gabrilli (PSD) e gabinete do deputado federal Túlio Gadelha (Rede).

Fome, frio e gripe

Em 15 de agosto, a DPU esteve presente na área restrita do terminal 3 do aeroporto, para “diagnóstico da situação e avaliação de medidas cabíveis”. De acordo com o relatório, “há reiteradas situações de violação de direitos humanos” na retenção dos imigrantes em uma área restrita do aeroporto.

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De janeiro a julho, a PF recebeu um total de 5.428 solicitações de refúgio, com média diária de 25 solicitações
São 466 imigrantes retidos em área restrita do Aeroporto Internacional de Guarulhos
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Cartaz com orientações da supervisão sobre o tratamento que deve ser destinado aos imigrantes retidos

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De janeiro a julho, a PF recebeu um total de 5.428 solicitações de refúgio, com média diária de 25 solicitações

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São 466 imigrantes retidos em área restrita do Aeroporto Internacional de Guarulhos

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A área restrita é uma região do terminal onde ficam os imigrantes ainda não admitidos, ou seja, que ainda não ingressaram no país oficialmente por estarem sem visto ou documentos.

“Foram encontradas crianças, adolescentes, pessoas dormindo no chão e uma crescente demanda por atendimento de saúde, com muitas pessoas apresentando sintomas gripais”, diz o documento.

A PF contabiliza 466 imigrantes nessa situação, enquanto a DPU indica cerca de 550 pessoas. Um deles, nacional de Gana, morreu em decorrência de um infarto na última terça-feira (13/8). O imigrante foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos para receber tratamento médico em 11 de agosto após se sentir mal na área restrita, mas não resistiu.

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