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Antes de morte, vendedor de capinhas pagou R$ 150 mil à máfia chinesa

Zhenhui Lin foi morto pelo Grupo Bitong, ramificação da Máfia Chinesa. Líder foi preso pela Polícia Federal (PF) em Roraima

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Captura de tela de câmera de segurança que mostrou assassinato de lojista da 25 de Março por máfia chinesa. - Metrópoles
1 de 1 Captura de tela de câmera de segurança que mostrou assassinato de lojista da 25 de Março por máfia chinesa. - Metrópoles - Foto: Secretaria da Segurança Pública

São Paulo — O comerciante chinês Zhenhui Lin, morto em janeiro de 2015 na região da Sé, no centro de São Paulo, foi executado porque se recusou a continuar pagando propina para o Grupo Bitong, ramificação da Máfia Chinesa que extorque e ameaça lojistas na 25 de Março.

A investigação da morte de Zhenhui revelou à polícia a existência do grupo criminoso, que tem como foco a venda de capinhas de celular no centro da capital paulista. Os criminosos praticam extorsão contra outros chineses que comercializam o produto na mesma região, especialmente na 25 de Março.

O Metrópoles teve acesso aos documentos da investigação que apura a conduta dos envolvidos. De acordo com depoimentos prestados à Polícia Civil e posteriormente à Justiça, todos os criminosos são naturais da Província de Fujian, na China – bem como parte de suas vítimas. A maior parte dos envolvidos se conhecia desde a infância.

“A máfia chinesa é responsável pela venda de capas de celulares. Diante disso, quem quer também vender capas deve pagar uma quantia para a máfia; caso contrário, é morto”, disse uma testemunha protegida à Polícia Civil em 9 de janeiro de 2016.

De acordo com as investigações, Zhenghui passou a ser ameaçado pelo Grupo Bitonga a partir de 2014. Testemunhas apontam que o comerciante pagou de cinco a seis parcelas de R$ 30 mil aos criminosos entre a primeira ameaça até ser morto, totalizando entre R$ 150 e R$ 180 mil. Ele teria sido executado, pois se recusou a continuar pagando a propina.

Modus operandi

De acordo com o relatório de investigação policial, agentes da Polícia Civil iniciaram a apuração da morte de Zhenhui se dirigindo ao local dos fatos, na Sé. A diligência revelou mais detalhes sobre o modus operandi do grupo criminoso.

“Perguntamos a alguns comerciantes locais sobre o crime em tela, se sabiam algo a respeito da autoria delitiva, se poderiam cooperar, porém era visível o medo das pessoas, muitos assustados, sem citar que a maioria deles são de etnia oriental (chineses). A lei do silêncio e a difícil comunicação eram alguns obstáculos que nos deparamos, porém era quase que palpável a sensação de terror desses comerciantes”, diz o documento da polícia.

Líder preso

Liu Bitong, apontado como líder do Grupo Bitong, foi preso nessa segunda-feira (16/12) em Pacaraima, cidade de Roraima na fronteira com a Venezuela.

Ele estava foragido desde fevereiro de 2017, quando teve o pedido de prisão temporária expedido pela Polícia Civil de São Paulo.

Ainda naquele ano, Liu chegou a escapar de uma grande operação policial que resultou no cumprimento de 20 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão.

O criminoso chegou a ter o nome incluído na lista da Difusão Vermelha da Interpol em março de 2019. Informações indicavam que o homem estaria escondido na Venezuela há pelo menos três anos.

Liu era procurado pelos crimes de homicídio, roubo qualificado, extorsão, extorsão mediante sequestro e organização criminosa.

“Preso, mostrava-se abalado pela prisão, tornando imprevisível qualquer possibilidade de reação no trajeto até à unidade de destino, de forma que o uso das algemas também se impôs como medida necessária para prevenir, coibir e desestimular qualquer reação por parte do preso contra a equipe de policiais, o patrimônio público ou sua própria integridade física”, diz documento da PF.

O criminoso foi recolhido para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, capital de Roraima, conforme informou a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejuc).

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