Antena captou sinal de celular de passageiro de helicóptero que sumiu
A mesma antena já havia captado sinal emitido pelo smartphone de Luciana Rodzewics, que também estava no helicóptero que sumiu no dia 31
atualizado
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São Paulo – O Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), da Polícia Civil, confirmou, no começo da tarde desta quarta-feira (10/1), que uma antena de Paraibuna identificou sinais do aparelho celular de Raphael Torres, outro passageiro do helicóptero que desapareceu no Vale do Paraíba no último dia 31.
A mesma antena já havia captado sinal emitido pelo smartphone de Luciana Rodzewics, que também estava no aparelho. Segundo o Dope, sinais do celular de Raphael foram registrados até as 23h54 do dia 31 de dezembro. No caso de Luciana, o aparelho emitiu sinais que foram identificados pela antena até às 22h14 do dia 1° de janeiro, cerca de 33 horas após a decolagem em São Paulo.
“Uma antena repetidora recebeu sinal do celular da Luciana e do Raphael. Essa antena fica no quilômetro 54 da Rodovia dos Tamoios e nos informa uma direção específica. Não é um ponto cravado, é uma direção geral, que se abre como se fosse um cone, então ainda é uma área bastante grande”, disse André Mansur, delegado do Departamento de Operações Policiais Estratégicas.
Com a identificação do novo sinal, equipes da Polícia Civil direcionaram as buscas por terra na região. A operação conta com apoio de drones, que sobrevoam áreas que estão dentro da região indicada pela antena repetidora.
“Nós focamos nesse local, em especial nas áreas de mato muito denso e de vegetação muito cerrada. Se (o helicóptero) estivesse nas clareiras, nós já teríamos encontrado por conta das operações da FAB. Então estamos apostando que ela esteja na região de mata cerrada e vegetação densa”, explicou Mansur.
Helicóptero teve pouso forçado
O helicóptero decolou do Campo de Marte, na capital paulista, e seguia para Ilhabela, litoral norte do estado, quando sumiu dos radares ao sobrevoar a região da Serra do Mar, na altura de São José dos Campos.
Pouco antes de o helicóptero sumir do radar, Letícia enviou uma mensagem e um vídeo ao namorado mostrando as más condições do tempo, relatou que o piloto decidiu abortar a viagem e retornar para São Paulo e contou também, que o grupo precisou fazer um pouso forçado.
“Tá perigoso. Muita neblina. Estou voltando”, escreveu Letícia. No vídeo enviado por ela ao namorado, o helicóptero aparece encoberto por neblina.
Local de pouso
Por volta das 15h, Letícia mandou uma mensagem de WhatsApp ao namorado dizendo que a aeronave havia pousado “no meio do mato”.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a equipe de inteligência do Departamento de Operações Especiais (Dope) conseguiu identificar o local onde o helicóptero pousou, a partir de antenas telefônicas. Na semana passada, a polícia obteve autorização da Justiça para quebrar o sigilo e ter acesso à localização do aparelho, conforme registrado pelas torres de telefonia.
Com isso, foi possível identificar onde o celular de uma das pessoas que estava na aeronave emitiu sinal pela última vez, próximo à Represa de Paraibuna. Os aparelhos dos demais tripulantes não foram detectados pelas antenas.
Piloto teve licença cassada
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cassiano já recebeu mais de 17 autos de infração e chegou a ter a licença de piloto cassada, em setembro de 2021, por “conduta grave de fraude”.
Em 2022, o MPF também recomendou o fim da prestação de serviço das empresas responsáveis pelo helicóptero que sumiu. Para os procuradores, elas atuavam de forma clandestina.
Cassiano é um dos sócios da CBA Investimentos, que compartilha da propriedade do helicóptero desaparecido com outra empresa, a RGI Locações.
“[…] Comprovada insurgência do investigado Cassiano e das empresas por ele operadas contra a fiscalização da ANAC, com a prestação de informações inexatas, propaganda de serviços aéreos não autorizados, adulteração de planos de voo, dentre outros fatos hábeis a demonstrar possível falta de comprometimento do sócio de tais empresas, e das empresas em si, no atendimento às regras de aviação civil, em especial àquelas relacionadas à segurança operacional”, diz a recomendação do MPF.
A aeronave não possui licença para o serviço de táxi aéreo. Ainda assim, segundo o MPF, Cassiano e as empresas faziam “propaganda de serviços aéreos não autorizados” nas redes sociais.