Amigo de funkeiro baleado por GCM que tentou matar os 2 sai do coma
Consultor imobiliário foi ferido quatro vezes pelo GCM aposentado Jorge Joaquim do Nascimento, 63, quando conversava com funkeiro na rua
atualizado
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São Paulo – O consultor imobiliário Anderson Silva, de 25 anos, saiu, nessa quinta-feira (25/7), do estado de coma em que estava de forma induzida. Ele teve o intestino e fígado perfurados ao ser atingido por quatro tiros dados pelo guarda civil metropolitano aposentado Jorge Joaquim do Nascimento, de 63 anos.
O amigo dele, o funkeiro Jonas de Sousa, de 29 anos, o MC Joninhas, também foi ferido, no joelho esquerdo. O artista foi submetido a duas cirurgias. A mais recente ocorreu nessa quinta-feira, de acordo com familiares. Ele também segue internado, sem risco de morrer.
Um vídeo (assista abaixo) mostra que Jorge Joaquim atira, sem nenhum motivo aparente, contra Anderson, o MC e o irmão do artista, na noite de segunda-feira (22/7), no bairro cidade Dutra, zona sul paulistana.
O consultor imobiliário foi ferido duas vezes no abdômen, além de uma no pé e, outra, no ombro. O aposentado, segundo testemunhas, disparou ao menos sete vezes contra as vítimas.
Anderson foi encaminhado em estado grave para o Hospital Pedreira, no qual foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em coma induzido.
Ele segue no local, onde recobrou a consciência, nessa quinta-feira. O cunhado dele afirmou ao Metrópoles, na manhã desta sexta-feira (26/7), que o consultor lembrou de sua profissão, quando foi questionado sobre isso por profissionais do hospital, assim que saiu do estado de coma.
“Uma pessoa também falou que ele estava bonito e forte. Aí meu cunhado disse que isso é resultado dos exercícios que ele faz jogando futebol e na academia”, disse o cunhado.
Volta do futebol
Anderson e seu amigo, o MC Joninhas, haviam acabado de voltar de uma partida de futebol, em uma quadra do bairro, frequentada por eles toda semana.
Cada um estava em uma moto, que foram estacionadas em frente ao condomínio onde o funkeiro mora. O irmão do MC, Jonathan de Sousa, de 30 anos, estava esperando os dois, para pegar a moto e ir à academia.
“Fiquei esperando em frente ao prédio e vi o carro do guarda passando na esquina”, afirmou Jonathan ao Metrópoles, um dia após o crime.
Quando o trio batia um papo, o guarda desembarcou de seu veículo, ocupado também por sua esposa, e começou a atirar contra as vítimas, que tentaram fugir. Somente Jonathan não foi atingido.
O aposentado saiu do local logo em seguida.
Mentira à polícia
No mesmo dia, o GCM aposentado foi ao 48º DP (Cidade Dutra), onde registrou um boletim de ocorrência de tentativa de roubo contra os três amigos alvo dos tiros.
Em seu depoimento, Jorge Joaquim do Nascimento afirmou ter ouvido “assalto” e, por isso, resolveu intervir atirando. Sua versão foi endossada, também em depoimento, pela esposa. Ambos haviam acabado de fechar o comércio em que trabalham e retornavam para casa, no mesmo condomínio onde moram o MC e o irmão.
Um vídeo, feito por uma câmera de monitoramento, mostrou uma dinâmica diferente da relatada pelo GCM aposentado, que já era denunciado por familiares das vítimas.
Após a Polícia Civil ter acesso às imagens, Jorge passou a ser investigado por tentativa de homicídio e denunciação caluniosa. Amigos e parentes fizeram um protesto, na quarta-feira (24/7), cobrando a punição do atirador, que fugiu após a reviravolta do caso.
SSP
O Metrópoles questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre se o aposentado foi ouvido novamente pela Polícia Civil, se a eventual prisão dele foi solicitada e se o porte de arma dele seria suspenso, durante o andamento das investigações, para preservar a integridade de testemunhas, vítimas e seus familiares.
A pasta enviou nota, idêntica a outra encaminhada na quarta-feira (26/7), na qual informava somente sobre a mudança da investigação, após a constatação de que o aposentado havia mentido. “As diligências estão em andamento visando ao esclarecimento dos fatos”, afirmam ambas as notas.