Alunas de Franca criam luz antirruído para ajudar colega autista
Lâmpada alerta alunos quando turma está fazendo muito barulho; depois da instalação da luz antirruído, nota do colega autista aumentou
atualizado
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São Paulo — A turma do segundo ano de Ensino Médio da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca, no interior de São Paulo, tinha a reputação de ser a mais barulhenta da escola. O ruído excessivo vinha prejudicando as aulas e atrapalhando especialmente o aluno Wesley Gabriel Soares, que possui transtorno do espectro autista (TEA) e tinha dificuldades para se concentrar na sala de aula.
Foi então que três alunas decidiram agir para resolver esse problema.
Beatriz da Silva Lara, Beatriz Angélica Ferreira Barros e Maria Eduarda Silva Augusto criaram um dispositivo que alerta para a turma quando o volume do ambiente supera 85 decibéis.
O projeto, que está entre os finalistas da Feira Brasileira de Ciências e Tecnologia (Febrace), contribuiu para que Wesley melhorasse seu desempenho no Provão Paulista e deve ser expandido para outras salas de aula.
“Eu tenho parentes com TEA e um irmão que tem perda auditiva, então eu sei todo o sofrimento que isso causa. Me aproximei do Wesley no primeiro ano, quando a gente não era da mesma sala ainda, e ele comentava que o barulho incomodava muito. A coordenadora sempre falava que ele tinha crises dentro e fora da escola por conta disso”, contou Beatriz da Silva Lara, de 17 anos.
Beatriz explicou ao Metrópoles que depois da instalação de dispositivo, houve um projeto de conscientização dos alunos, em que psicólogos conversaram com a turma sobre o que é o transtorno do espectro autista e como ele causa o aumento da sensibilidade em relação ao ruído. A redução do barulho, também ajudou no desempenho acadêmico de toda a turma.
“Por mais que o professor chamava atenção para a gente ficar em silêncio, parecia que a aula não rendia. O dispositivo ajudou os outros alunos também, porque a aula começou a render mais, e a gente entendeu porque o professor reclamava”.
O projeto foi realizado sob a orientação do professor de biologia Henrique Pereira, durante uma disciplina eletiva de Iniciação Científica, na qual os alunos desenvolvem ideias voltadas para a resolução de problemas do cotidiano.
Henrique relatou que, depois da instalação do dispositivo, a nota de Wesley no Provão Paulista aumentou em 4,4% e, a da turma, em 8,1%.
Para construir o dispositivo, as meninas precisaram aprender noções de robótica e programação. Agora, Beatriz Angélica Ferreira Barros, de 16 anos, conta que o projeto deve ser ampliado para outras salas:
“Tem um aluno do 6° Ano que está com o mesmo problema. Ele é novato, e está sofrendo muito. Então a coordenadora chamou a gente e falou ‘vocês vão ter que dar um jeito nessa turma também”, contou a aluna.