Aluna da USP tentou enganar lotérica “tirando os zeros” de pagamento
Polícia Civil aponta que aluna da USP tentou pagar R$ 891 em vez de R$ 891 mil em lotérica com dinheiro supostamente desviado da formatura
atualizado
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São Paulo – A aluna da Faculdade de Medicina da USP suspeita de ter desviado quase R$ 1 milhão da comissão de formatura tentou transferir R$ 891, em vez de R$ 891 mil, para uma lotérica de São Paulo, com o objetivo de ludibriar o estabelecimento, segundo a Polícia Civil.
Alicia Dudy Muller, de 25 anos, virou alvo de um inquérito após contar aos colegas de turma que R$ 921 mil do fundo de formatura havia sumido. Ela, que é presidente da comissão, alegou ter levado um golpe de uma gestora de investimentos.
A estudante, no entanto, já era alvo de um outro inquérito que, desde julho do ano passado, apura suposta prática de estelionato e lavagem de dinheiro. Na ocasião, Muller teria tentado apostar R$ 891 mil em uma lotérica na zona sul de São Paulo.
De acordo com o delegado Miguel Ferreira da Silva, agora os indícios são de que, de fato, ela tenha usado o dinheiro desviado da formatura para fazer as apostas. Ele conta que, em abril de 2022, Alicia começou a fazer sucessivos jogos na Lotofácil de R$ 10 mil cada. Até julho, ela apostou R$ 461 mil.
Segundo a apuração, essas apostas anteriores tinham como objetivo conquistar a confiança da lotérica.
O proprietário, no entanto, desconfiou da cliente quando ela tentou transferir, de uma só vez, R$ 891 mil, por meio de um Pix agendado. Ao ser confrontada, Alicia fez uma transferência na hora de R$ 891,00, com o intuito de ludibriar o estabelecimento.
“Ela tirou os zeros, tentando iludir os funcionários. Eles perceberam, houve uma pequena discussão, mas ela já estava na posse de cinco jogos de 20 dezenas, cada jogo era de aproximadamente R$ 38 mil, então ela pegou esses jogos e se mandou. A lotérica teve um prejuízo de R$ 193 mil”, afirma o delegado.
Segundo o investigador, até então, antes de a história do suposto desvio do dinheiro da formatura vir à tona, a polícia tentava descobrir de onde vinha a quantia que ela tentava apostar.
“Foi autorizada a quebra de sigilo bancário. Havia inúmeros créditos, e a gente precisava saber quem eram as pessoas que creditavam esses valores. Hoje, a dedução, a probabilidade, é que esse dinheiro é originário dos colegas dela na USP, provavelmente. A gente acredita que o dinheiro saiu de lá”, assinala o delegado.
A tendência é que os dois inquéritos sejam juntados nos próximos dias. Alicia ainda não foi intimada para prestar depoimento, segundo a polícia.
Os alunos da 106ª turma da Faculdade de Medicina, que teriam sido lesados com a perda do dinheiro, já foram convocados para oitivas no âmbito do inquérito que apura o possível crime de apropriação indébita.
O Metrópoles tenta contato com Alicia desde o domingo (15/1), por meio de mensagens e telefonemas. O espaço segue aberto para manifestação.