Aliados celebram presença “cirúrgica” de Nunes em ato pró-Bolsonaro
Participação discreta do prefeito Ricardo Nunes no ato de Jair Bolsonaro na Av. Paulista não deve alterar rumos da eleição, avaliam aliados
atualizado
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São Paulo — Aliados do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), avaliaram como bem-sucedida a ida do emedebista ao ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesse domingo (25/2), na Avenida Paulista. Para eles, a presença do prefeito, que vestiu amarelo, subiu no trio elétrico, mas não discursou, foi “cirúrgica”.
Com a aparição discreta, na visão dos aliados, Nunes conseguiu se manter na órbita do bolsonarismo, de quem espera apoio, e votos, na eleição deste ano, mas sem desagradar os eleitores de centro. Até políticos que haviam ficado contrariados com a decisão do prefeito de ir ao ato, concluíram que o saldo político foi positivo.
Nunes encontrou com Bolsonaro no começo da tarde, antes do ato, no Palácio dos Bandeirantes. Ele foi convidado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que hospeda o ex-presidente e de quem é aliado. No trio elétrico, o nome do prefeito foi citado brevemente por Bolsonaro, que parabenizou o trabalho da guarda municipal (GCM).
Ao longo do dia, o prefeito postou fotos com aliados do bolsonarismo, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o senador Marcos Pontes (PL), além de Tarcísio. Depois da manifestação, o prefeito encontrou Bolsonaro à noite, em uma pizzaria de Higienópolis, região central de São Paulo (foto em destaque).
A cúpula do MDB, seu partido, havia ficado contrariada com a participação do prefeito no evento, que poderia ser palco para novos ataques de Bolsonaro e seus apoiadores ao Supremo Tribuna Federal (STF). Desta vez, contudo, Bolsonaro não fez nenhum ataque ao Judiciário. Essa função coube ao pastor Silas Malafaia, organizador do ato.
A manifestação foi convocada por Bolsonaro após a operação da Polícia Federal (PF) que investiga ele e aliados por um suposto plano de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota na eleição de 2022. A pedido do ex-presidente, os apoiadores não levaram faixas e cartazes contra o STF.
Uma radicalização do ato poderia contaminar a campanha de Nunes, segundo aliados. Antes do ato, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), principal adversário do prefeito, já havia dito que o emedebista participaria de um “ataque à democracia”.
Contudo, Bolsonaro fez um pronunciamento em que pediu paz, após ter se encontrado com Michel Temer para preparar seu discurso. E Nunes celebrou o saldo final da manifestação. “Diferentemente do que alguns andaram falando por aí, esta manifestação fortalece a democracia do Brasil”, disse.
Como mostrou o Metrópoles nesta segunda-feira (26/2), Nunes buscou aliança com Bolsonaro para evitar uma candidatura genuinamente bolsonarista que ameaçasse a sua ida ao segundo turno. Pesquisas analisadas pela campanha do emedebista mostram que o ex-presidente tem potencial de transferência de votos de 20% na cidade de São Paulo.
Considerando que Nunes tem crescido nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura, a “missão” do prefeito era terminar o domingo sem uma derrapagem que pudesse alterar esse cenário. Desse modo, a participação discreta, ou “cirúrgica”, agradou ao núcleo político do prefeito e também o entorno de Bolsonaro.