Alesp votará suspensão de deputada que chamou secretária de “token”
Conselho de Ética da Alesp abriu o processo contra a deputada Monica Seixas (PSol) após uma discussão com a secretária Sonaira Fernandes
atualizado
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São Paulo – O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) votará, em sua próxima sessão, se a deputada estadual Monica Seixas (PSol) será afastada por 30 dias por quebra de decoro parlamentar.
Monica Seixas é alvo de um processo por ter chamado de “token” a secretária de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos). O termo era utilizado pelo ativista do movimento negro, Martin Luther King, para se referir à falsa inclusão racial e foi incorporado às pautas sobre minorias.
Em agosto, durante participação da secretária em reunião da Comissão de Defesa e dos Direitos das Mulheres, Monica citou o fato de a pasta comandada por Sonaira ter pouca verba e criticou a secretária bolsonarista por se dizer antifeminista – o que lhe rendeu o apelido de “Damares de São Paulo” (veja no vídeo abaixo).
Relator do processo no Conselho de Ética, o deputado Delegado Olim (PP) afirmou que houve “mal uso” da palavra “token” e que Monica “despiu-se de seu caráter de fiscalização, crescimento, crítica saudável e construtiva, para se enlamearem de gratuita ofensa que em nada engrandecem ou vão de encontro aos objetivos do parlamento de uma Casa Legislativa”.
Ao recomendar que Monica seja suspensa por 30 dias, o deputado afirmou que a parlamentar é protagonista de “inúmeras outras demandas” no conselho e que sua conduta carece de punição “pela forma com que pretende alcançar seus objetivos”.
Inicialmente, o relatório de Olim seria votado nesta quinta-feira (14/12). No entanto, a sessão foi adiada e o caso deve ser avaliado apenas em 2024, já que a Alesp sai em recesso no dia 20 de dezembro.
Deputada vê “chantagem”
Em posicionamento enviado ao Metrópoles, a deputada Monica Seixas afirmou estar sendo chantageada por ter denunciado “compra de votos” por parte do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e se disse alvo de “violência política”.
A parlamentar já se posicionou publicamente contra a liberação de emendas voluntárias, distribuídas de acordo com critérios políticos, antes de votações importantes como o caso da privatização da Sabesp. O Metrópoles divulgou que o governo liberou R$ 73,3 milhões em emendas “extras” nas semanas que antecederam a votação do projeto de desestatização.
Além disso, ela reiterou as críticas ao fato de a pasta de Sonaira ter pouco orçamento. “Uma secretaria que tem R$ 40 para execução de políticas públicas, repito, é fake. Uma figura imobilizada não promove a inclusão das pessoas e causa das mulheres movimento negro”, diz Monica.
A parlamentar também observou que, na legislatura passada, o ex-deputado Wellington Moura (Republicanos) disse que colocaria um “cabresto na boca” psolista e não foi punido pelo Conselho e Ética da Alesp.