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Agiotas do PCC: quem são os foragidos do bando que corrompia policiais

Operação Khalifa, do MPSP, mirou esquema de rede de agiotas do PCC, conseguiu prender 9 pessoas, mas dois alvos permanecem foragidos

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Montagem com duas fotos. À esquerda, Daniel. À direita, Márcio - Metrópoles
1 de 1 Montagem com duas fotos. À esquerda, Daniel. À direita, Márcio - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Alvos de uma operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra uma rede de agiotas ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), os investigados Daniel Carvalho Vasconcelos Santana e Márcio Pereira dos Santos continuavam foragidos até a manhã desta segunda-feira (13/5).

Ao todo, a Operação Khalifa, deflagrada na semana passada, cumpriu 9 dos 11 mandados de prisão. Segundo a investigação, os agiotas do PCC cobravam juros abusivos, de 10% a 300% ao mês, de quem decidia pegar dinheiro emprestado. Em caso de inadimplência, era imposta multa de R$ 1 mil por dia.

De acordo com a promotoria, o bando movimentou R$ 20 milhões só no ano passado. O esquema também envolvia ameaças contra os devedores, sequestro de bens das vítimas e até corrupção de policiais.

O MPSP afirma que o grupo era liderado por Edson Carlos do Nascimento, o Kaká, apontado como “membro relevante” da facção criminosa na região do Alto Tietê. Em liberdade, o investigado levava uma vida de luxo e foi um dos presos na operação.

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Jantar na Torre Eiffel
Kaká tinha hábito de publicar foto em carro de luxo
Líder do esquema de agiotagem na frente do Hotel Burj Khalifa
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Organograma da célula de agiotagem do PCC

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Jantar na Torre Eiffel

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Kaká tinha hábito de publicar foto em carro de luxo

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Líder do esquema de agiotagem na frente do Hotel Burj Khalifa

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Quem são os foragidos

Com paradeiro desconhecido, Daniel é considerado pela investigação como o braço direito de Kaká no “núcleo da agiotagem”. Segundo a promotoria, ele era responsável por administrar os empréstimos e fazer a contabilidade dos valores arrecadados.

Era papel do foragido passar as “diretrizes” para os “funcionários” do bando, que faziam o contato direto com os “clientes” – ou seja, arrecadar os pagamentos e cobrar as dívidas. Em uma mensagem atribuída a ele, o investigado pressiona um dos funcionários para ameaçar uma devedora: “Você não vai cancelar o CPF dela?”.

Já o ex-soldado da PM Márcio Pereira dos Santos é advogado e estaria ligado ao “núcleo do PCC” na agiotagem e faria parte da chamada Sintonia dos Gravatas. Condenado por prevaricação, e com passagens por constrangimento ilegal e extorsão, o investigado também teria relacionamento próximo com um criminoso conhecido por liderar esquema de desmanche de veículos.

Ainda segundo a promotoria, o investigado já teria confessado fazer parte da facção criminosa e atuou diretamente no “oferecimento e no pagamento de vantagem indevida a policiais, com a finalidade de favorecer comparsas”.

Ligação com PCC

Outro alvo apontado como membro do PCC é o também advogado Marco Antônio Pereira de Souza Bendo, o Paçoca, que foi preso na Operação Khalifa. De acordo com a promotoria, a casa dele teria sediado um suposto Tribunal do Crime em setembro de 2023.

O caso foi flagrado em um grampo do MPSP. “Nós está numas ideias aqui com o vagabundo. É o seguinte: ele vai morrer [sic]”, diz uma das mensagens, atribuída a Kaká na investigação.

Para a investigação, os outros integrantes da facção são Luiz Carlos Rodrigues, Jonathan Lemos da Cruz, o Jhow, Eduardo Nunes da Silva, o Eduardinho, e Sedemir Pelicari Fagundes, o Alemão, que foi preso enquanto levava ajuda para vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul.

O Metrópoles não localizou a defesa dos citados. O espaço segue aberto para manifestação.

Sequestro de bens

Consta na investigação um caso, registrado em março de 2023, em que dois dos investigados invadiram o apartamento de um homem que havia recolhido empréstimo de R$ 24 mil e ainda devia R$ 10 mil.

“Estou armado com uma 380 e já tenho passagem”, um deles teria ameaçado. Segundo a promotoria, a dupla saiu do local levando a chave do veículo da vítima.

Seis meses depois, o grupo cobrou um dono de mercado. “Ele tem 500 conto aqui e R$ 1.000 ele consegue na segunda-feira, mano. O cara tá enrolando, já vendeu o mercado aqui, não tem mais nada”, diz um cobrador. Ao que Daniel responde: “Manda ele se virar, ué”.

A conversa termina com o aviso de que um caminhão estava a caminho do estabelecimento para “recolher as coisas”.

Corrupção policial

Além de ameaças e extorsões, a investigação aponta envolvimento do grupo com práticas para corromper policiais. Um desses episódios é narrado em uma conversa entre Kaká e um interlocutor, identificado apenas como Léo, após a prisão de um amigo em comum em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, em outubro de 2023.

Na conversa, o interlocutor diz que precisa de R$ 20 mil para pagar propina aos policiais para soltar o sujeito que havia sido detido por porte ilegal de arma de fogo. “Kaká pergunta se tem gravata (advogado) lá”, registra o MPSP, na investigação. “Completa dizendo que não irá cobrar juros e pergunta se Léo pode devolver o valor na sexta-feira.”

O MPSP levanta a suspeita, ainda, de que informações sobre a Operação Khalifa, cuja investigação deveria ter corrido em completo sigilo, vazaram para os alvos antes da hora. De acordo com a promotoria, Kaká, Daniel e Eduardinho chegaram a se reunir em Arujá, no Alto Tietê, para discutir a situação no dia 23 de fevereiro de 2024.

“Nota-se também que, após tomarem conhecimento da existência da presente investigação, os investigados passaram a adotar providências com vista a dificultar a ação deste órgão de investigação e impedir a aplicação da lei penal, com o saque de elevadas quantias em dinheiro, a mudança de senhas de aparelhos celulares, e-mails, redes sociais e de seus escritórios, a alteração do objeto social de suas empresas, dentre outras ações”, diz a promotoria.

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