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Agentes da Abin repudiam fala de diretor-geral da PF e agravam crise

Entidade de agentes da Abin nega arapongagem institucionalizada e diz que que suspeita sobre softwarr se deu em gestão de delegado da PF

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Ministério PF Andrei Rodrigues, comandante da Polícia FederalAndrei Rodrigues, comandante da Polícia Federal olhando para frente
1 de 1 Ministério PF Andrei Rodrigues, comandante da Polícia FederalAndrei Rodrigues, comandante da Polícia Federal olhando para frente - Foto: Vinicius Schimidt/Metrópoles

São Paulo — A entidade que reúne servidores e agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aprovou uma nota de repúdio contra declarações do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues (foto em destaque), sobre o monitoramento de adversários políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A nota da União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis) nega a existência de arapongagem institucionalizada, diz que a suspeita sobre o uso do software de espionagem FirstMile foi levantada em meio a uma gestão de delegados federais na Abin e aumenta a crise com a PF no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde o governo Bolsonaro, os ânimos têm aumentado entre a Abin e a PF. Os agentes não toleram ser comandados por uma cúpula de delegados federais e reivindicam que pessoas da carreira sejam nomeadas ao cargo.

A crise se ampliou na medida em que a gestão do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, delegado da PF que se elegeu deputado federal, era acusada de usar o órgão para favorecer Bolsonaro e até a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL), filho 01 do ex-presidente.

Com Lula, a crise só escalou. O atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, também é oriundo da PF, o que voltou a desagradar os servidores da agência de inteligência. A nota da Intelis reflete essa insatisfação. Os agentes voltam a pedir que sejam comandados por alguém da própria carreira e fazem pleitos salariais.

Em entrevista à GloboNews, há uma semana, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que a Abin monitorou ilegalmente 30 mil pessoas contrárias ao governo Bolsonaro e que dados dos monitorados estavam armazenados em Israel. Ele se referia ao uso do software FirstMile, que é capaz de monitorar a localização de aparelhos celulares.

Em nota, a Intelis afirmou que o software “não possuía qualquer capacidade de invadir celulares, tampouco de obter localizações precisas” e que “outros órgãos públicos o utilizam, e podem facilmente atestar sua forma de operação”.

Eles afirmam ainda que defendem a investigação sobre possíveis ilegalidades no uso do software, mas rechaçam a suspeita de que atuação ilegal é “institucionalizada”, como “sugeriu” Andrei, segundo eles.

Dizem ainda que nenhum órgão está livre de desvios de conduta e que recentes notícias mostram servidores da própria PF em esquemas de “exportação de ouro clandestino” e “desvio de verbas”.

A entidade também defende o uso de ferramentas como o FirstMile, dizendo que não se pode “demonizar ferramentas tecnológicas no exercício da atividade de inteligência” e que “a inteligência de estado não pode ser tão somente manual e analógica”.

Os agentes finalizam a nota com uma série de reclamações sobre a defasagem de salários na Abin. Afirmam que estão perdendo quadros pela desvalorização da carreira e que “80% dos cargos estão vagos, com sérios e crescentes impactos sobre a capacidade da agência de atender aos temas mais críticos à preservação dos interesses e segurança nacionais”.

“Essa valorização passa, ainda, pelo exercício da direção da Agência por servidores da carreira, de forma a blindar a Abin e a Inteligência de Estado de crises fabricadas por disputas de poder envolvendo grupos antagônicos de outro órgão”, conclui a nota.

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